Cinema

Ator francês Jean-Paul Belmondo morre aos 88 anos

Ator ficou conhecido por meio de Jean-Luc Godard, renomado diretor da Nouvelle Vague, cujas ordens dariam vida a um cativante criminoso no icônico "À bout de souffle" ("Acossado", 1960)

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AFP

Publicado em 06/09/2021 às 15:12 | Atualizado em 06/09/2021 às 20:51
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O ator francês Jean-Paul Belmondo, um dos intérpretes mais consagrados do cinema francês, faleceu nesta segunda-feira (6) em sua residência de Paris aos 88 anos, anunciou seu advogado à AFP.

"Estava muito cansado há bastante tempo. Ele morreu tranquilamente", disse o advogado Michel Godest. "Bébel" morreu em sua casa em Paris.

"Tesouro nacional", "um rosto e uma insolência inimitáveis", "uma lenda francesa"(...). As reações foram hiperbólicas para se despedir de uma das últimas referências, junto a Alain Delon e Brigitte Bardot, de uma geração memorável.

"Era um tesouro nacional", "um herói sublime e figura familiar, um temerário incansável e mago da palavra", tuitou o presidente francês, Emmanuel Macron, que destacou seu papel em "O Magnífico" (1973).

Sua fama chegou, no entanto, por meio de Jean-Luc Godard, renomado diretor da Nouvelle Vague, cujas ordens dariam vida a um cativante criminoso no icônico "À bout de souffle" ("Acossado", 1960).

"Venha a minha casa, faremos um filme e eu lhe darei 50 mil francos", disse Godard a Belmondo, por quem havia cruzado na rua. Belmondo não tinha nem 30 anos.

Depois do sucesso do filme, os diretores "vinham até mim", contou Belmondo em 2016 em um livro de memórias, "Mille vies valent mieux qu'une".

Belmondo atuou às ordens dos mais reconhecidos diretores da época, como Vittorio de Sica, François Truffaut, Claude Chabrol, Alain Resnais e Claude Lelouch.

Mas "Bébel" não ocuparia apenas um papel central na Nouvelle Vague. Ele também deixou a marca de um ator físico, amante de lutas, cultivando uma grande dose de humor, como fez em "Le Cerveau" ("O Cérebro").

Seu físico de boxeador lhe rendeu sucessos populares em "O Homem do Rio" de Philippe De Broca, "O Profissional" (1981) de Georges Lautner ou "L'as des as", por Gérard Oury.

Sua carreira foi recheada de sucessos, aos quais se somam "Pierrot le fou" (O Demônio das Onze Horas, 1965) de Godard, "Itinéraire d'un enfant gâté (1988) de Lelouch, pelo qual levou um César de melhor ator.

Em 2001, desapareceu completamente das telas de cinema após sofrer um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Mas continuou sendo uma das referências da sétima arte, "um dos últimos heróis do cinema francês", para o ator Jean Dujardin.

O Festival de Cannes premiou toda a sua carreira com uma Palma de Honra em 2011 e o Festival de Veneza com um Leão de Ouro cinco anos depois.

 

 

Nascido em 9 de abril de 1933 em Neuilly-sur-Seine, um subúrbio nobre de Paris, Belmondo foi criado em uma família de artistas. Seu pai, de origem italiana, foi um escultor renomado.

A vida amorosa deste sedutor eternamente bronzeado continuou chamando a atenção da imprensa. Após o divórcio de sua segunda esposa, a estrela Natty, teve uma relação com uma ex-modelo belga, de quem se separou em 2012.

Belmondo foi pai de quatro filhos: Patricia (falecida tragicamente), Florence, Paul e Stella, quem teve aos 70 anos.

Jean-Paul Belmondo "foi se reunir com seus velhos amigos do Conservatório", escreveu sua família em nota sobre a morte deste "pilar", cujo "sorriso franco sempre estará aqui".

Alain Delon reagiu na CNews dizendo estar "completamente arrasado" pela morte de Jean-Paul Belmondo.

"Estou completamente arrasado. Agora vou tentar aguentar firme para não fazer a mesma coisa em cinco horas... Veja bem, não seria ruim se nós dois partíssemos juntos. É uma parte de minha vida, nós debutamos juntos há 60 anos", declarou o ator, de 85 anos, com a voz trêmula de emoção.

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