BATE-PAPO

No Recife, Karol Conká fala sobre infância, carreira e negritude

Rapper participou, nesta quarta-feira (13), do podcast 'SuperPapo', apresentado por Sílvio Souza

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Nathália Pereira

Publicado em 13/10/2021 às 21:37 | Atualizado em 14/10/2021 às 17:37
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Karol Conká fez uma visita especial ao Recife, no início da noite desta quarta-feira (13). Não foi exatamente a música o motivo da vinda da rapper curitibana à cidade - pela primeira vez desde a participação na edição 21 do Big Brother Brasil -, mas um bate-papo, com direito a revelações sobre o começo da carreira e detalhes dos planos que tem perseguido e colocado em prática após a eliminação do reality show da TV Globo. Karol foi a convidada do podcast SuperPapo, apresentado por Sílvio Souza, que contou com transmissão ao vivo pelo YouTube.

A conversa teve início com a cantora, compositora e ex-BBB falando sobre infância. Neta de uma avó baiana, Karol contou que só conheceu a terra da ancestral após o início de sua carreira artística, mas que a identificação com o lugar foi grande. "Queria ter nascido na Bahia", brincou. "Me sinto um pouco baiana por ser neta dela e ter convivido com essa cultura de perto. Para mim, hoje, é um prazer enorme ter o RDD [codinome artístico de Rafa Dias] como produtor do meu novo álbum porque ele é baiano também, então é como se eu estivesse homenageando a minha avó", disse.

Autoestima negra

A rapper ainda detalhou que deu uma "pirada" ao visitar a Bahia pela primeira vez, por se sentir mais incluída e representada do que na capital do Paraná, onde nasceu. "Cortei o cabelo, mudei o cabelo, me senti bem mais negra quando fui para a Bahia, porque a gente que é de Curitiba, do Sul... existe uma 'nuvenzinha' bem ruim em cima da gente, da nossa autoestima. Somos minoria, as pessoas acham que não existe preto em Curitiba, mas existe. Inclusive eu, curitibana e morando lá, as pessoas achavam que eu não era de lá", desabafou. "[Na Bahia] eu olhava tudo preto, preto, preto, só gente linda".

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Interesse artístico 

Karol relembrou que a paixão por música começou a se desenvolver ainda na primeira parte da infância, quando chegou a tocar flauta, fazer 'shows' para a família e brincar de estar sendo entrevistada. "Minha mãe conta que com três anos eu já imitava Daniela Mercury, minha vida inteira fui artista". Mais adiante, ela contou que teve certa de dificuldade em defender a arte como profissão, e não mais como brincadeira de criança, para as pessoas mais próximas. 

"Com 18 anos, eu continuava com aquilo do 'quero ser artista'. Aí engravidei com 19 [do filho Jorge, hoje adolescente] e ela [a mãe] falou: 'ó, vai fazer um concurso  público'. Eu dizia que ia dar um jeito, mas ou eu era mandada embora dos empregos, ou eu mesma me demitia, porque eu não me sentia completa. Um dia, falei para ela: 'se eu não nasci para ser artista, não sei o que é. Acho que eu nunca vou viver, porque não me vejo fazendo outra coisa'. Aí ela entendeu, respeitou e me incentivou".

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Violência doméstica

Retomando a referência à avó nascida na Bahia, Karol Conká recordou um conselho que recebeu da matriarca, que foi vítima de violência doméstica, ao perceber uma constante reprodução de condutas machistas em ambientes musicais, nos primeiros contatos com o hip hop. 

"Minha avó apanhava muito do meu vô. Ela me ensinou: 'se o cara ergueu a voz para você, já se prepara para erguer a mão, porque homem não respeita mulher quando [ela] fala baixo'. Eu cresci ouvindo isso. Então, eu entrei no rap com um estilo mais combativo. Sou assim, essa experiência da minha avó me trouxe essa noção de 'preciso ser mais forte do que o cara que está na minha frente, se não eu vou ser sempre vista como uma florzinha' e florzinha você joga, amassa, quebra e já era", pontuou a artista.

"As mulheres pretas são as mais brabas, realmente, porque a gente vem dessa camada de ver as pretas da nossa família sempre resistindo, sendo trocada ou xingada, com renda menor. Não tem como não se revoltar. Peguei minha potência, minha arte e transformei para um público que possa se identificar com minhas feridas, minhas camadas".

Fora do Brasil

A cantora relatou ainda as experiências vividas durante viagens ao Japão, com destaque para o que aprendeu sobre as diferenças culturais e comportamentais entre brasileiros e japoneses. Outros temas abordados foram a rivalidade feminina - competitividade que, segundo ela, vem do machismo dos homens -; os tempos durante o confinamento no Big Brother Brasil, e consequentemente, as críticas negativas e também o apoio vindo dos fãs após a eliminação com alto índice de rejeição; além, claro, dos lançamentos musicais mais recentes, como o single Dilúvio.

No ar há dois meses no ar, o SuperPapo PodCast também já entrevistou nomes como Bruna Hazin, a pequena Andrielly, da turma do Carlinhos Maia, Priscilla Fontinelle, Moacyr Walter, Dadá Boladão, Michelle Melo e Italo Sena.

Assista a conversa na íntegra abaixo:

 

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