Por que Rolling Stones cortaram do show um sucesso de 50 anos?
Fãs e banda divergem sobre o real motivo
No repertório da turnê que Rolling Stones vem fazendo pelos Estados Unidos, fãs da banda deram por falta de uma música que era constante nas apresentações da banda. Trata-se de "Brown Sugar", canção que, de acordo com o portal Setlist FM, é a segunda mais tocada pelo grupo, atrás apenas de "Jumpin' Jack Flash".
O fato é curioso: esta é a primeira vez em que, se nota, Mick Jagger e companhia deixaram a música, lançada há cerca de 50 anos, fora do roteiro de uma turnê.
Especula-se que o corte de "Brown Sugar" é explicado pelas controvérsias que sua letra suscita. Há alusões a sexo, drogas e, de forma ainda mais problemática, à escravidão. A tradução literal do título da música para português é "açúcar mascavo", lido como uma referência às mulheres negras que foram escravizadas nos Estados Unidos. Embora, naquele país, a expressão também signifique a droga heroína.
A associação à escravidão é feita porque, num dos trechos da música, um traficante de pessoas escravizadas é condenado por chicotear uma mulher que é sua propriedade. A palavra whip (chicotear, em português), a propósito, já não era mais cantada pelo grupo há alguns anos.
No refrão da música, os versos "Brown sugar, how come you taste so good?" (em português: açúcar mascavo, por que você tem um gosto tão bom?) são problematizados por se tratar de um homem, que é o agente ativo da canção, tratando uma mulher como objeto sexual.
A banda não confirma que o corte da música foi por esses motivos, mas, em entrevista ao jornal Los Angeles Times, o guitarrista Keith Richards demonstrou incômodo com as críticas à "Brown Sugar". "Não entendem que a música é sobre os horrores da escravidão? Estão tentando enterrá-la", disse. "Mas, espero que sejamos capazes de ressuscitar a glória da nossa 'Brown sugar'."
Já Mick Jagger, também ao Los Angeles Times, negou que tenha relação. Falou que tocam a música desde 1970 e a sua retirada foi um teste. "Às vezes, simplesmente pensamos: 'Vamos tirar essa música do repertório e ver como acontece o show'. Podemos voltar a incluí-la [nas apresentações]."