"BROWN SUGAR"

Por que Rolling Stones cortaram do show um sucesso de 50 anos?

Fãs e banda divergem sobre o real motivo

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Romero Rafael

Publicado em 13/10/2021 às 21:29 | Atualizado em 13/10/2021 às 21:30
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No repertório da turnê que Rolling Stones vem fazendo pelos Estados Unidos, fãs da banda deram por falta de uma música que era constante nas apresentações da banda. Trata-se de "Brown Sugar", canção que, de acordo com o portal Setlist FM, é a segunda mais tocada pelo grupo, atrás apenas de "Jumpin' Jack Flash".

O fato é curioso: esta é a primeira vez em que, se nota, Mick Jagger e companhia deixaram a música, lançada há cerca de 50 anos, fora do roteiro de uma turnê.

Especula-se que o corte de "Brown Sugar" é explicado pelas controvérsias que sua letra suscita. Há alusões a sexo, drogas e, de forma ainda mais problemática, à escravidão. A tradução literal do título da música para português é "açúcar mascavo", lido como uma referência às mulheres negras que foram escravizadas nos Estados Unidos. Embora, naquele país, a expressão também signifique a droga heroína.

A associação à escravidão é feita porque, num dos trechos da música, um traficante de pessoas escravizadas é condenado por chicotear uma mulher que é sua propriedade. A palavra whip (chicotear, em português), a propósito, já não era mais cantada pelo grupo há alguns anos.

No refrão da música, os versos "Brown sugar, how come you taste so good?" (em português: açúcar mascavo, por que você tem um gosto tão bom?) são problematizados por se tratar de um homem, que é o agente ativo da canção, tratando uma mulher como objeto sexual.

A banda não confirma que o corte da música foi por esses motivos, mas, em entrevista ao jornal Los Angeles Times, o guitarrista Keith Richards demonstrou incômodo com as críticas à "Brown Sugar". "Não entendem que a música é sobre os horrores da escravidão? Estão tentando enterrá-la", disse. "Mas, espero que sejamos capazes de ressuscitar a glória da nossa 'Brown sugar'."

Já Mick Jagger, também ao Los Angeles Times, negou que tenha relação. Falou que tocam a música desde 1970 e a sua retirada foi um teste. "Às vezes, simplesmente pensamos: 'Vamos tirar essa música do repertório e ver como acontece o show'. Podemos voltar a incluí-la [nas apresentações]."

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