MÚSICA

Após adiamento por problema de saúde, Ney Matogrosso apresenta a turnê 'Bloco na Rua' no Recife

Cantor conversou com o JC dias antes de precisar remarcar a apresentação; confira a entrevista

Imagem do autor
Cadastrado por

Nathália Pereira

Publicado em 01/12/2021 às 8:00
Notícia
X

Recém-chegado de um aeroporto, Ney Matogrosso permaneceu leve e simpático durante a coletiva de imprensa realizada na última quarta-feira (24/11), com jornalistas do Recife, entre eles o JC. O assunto central foi o show que cantor faria dias depois, sábado (27), no Classic Hall, mais um da turnê Bloco na Rua. Esta deveria ter chegado aqui muito antes, não fosse a enxurrada de imprevistos trazidos pela covid-19. Ney, contudo, sofreu de uma crise aguda de alergia, e a apresentação precisou ser realocada para o próximo domingo, dia 5 de dezembro.

Nada, no entanto, capaz de comprometer a expectativa de emocionante encontro com a plateia. Aos 80 anos, o incomparável intérprete deu inícios à conversa coletiva daquela quarta reforçando que todo o repertório do show, pensado enquanto ele ainda circulava com Atento aos Sinais (do disco homônimo, lançado em 2013), foi meticulosamente escolhido por ele. Incluindo, claro, Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua (1972), de Sergio Sampaio, da qual foi retirado o título do espetáculo.

Além dela, figuram na lista de selecionadas outras clássicas como A Maçã (Raul Seixas), O Beco (Herbert Vianna/Bi Ribeiro), Yolanda (Chico Buarque/Pablo Milanés) e Mulher Barriguda (Solano Trindade/João Ricardo), gravada no álbum de estreia dos Secos e Molhados, de 1973. Há lugar também para Álcool (Bolero Filosófico), criação do sergipano, quase pernambucano, DJ Dolores para a trilha sonora de Tatuagem (2013), longa de Hilton Lacerda.

O critério de escolha, ele diz, parte sempre da letra, que está diretamente ligado ao que ele deseja falar no momento. Aí entram escritos de pernambucanos, como Lenine, parceiro de Arnaldo Antunes em Rua da Passagem (Trânsito), gravada por Ney em 2013, no já citado Atento aos Sinais. "Já gravei Lenine, já gravei Alceu [Valença], depende da intenção", conta.

Junto à satisfação de voltar aos palcos, Ney Matogrosso comentou sobre a boa surpresa que teve ao se perceber tranquilo para este momento. "Fiz um show [até o dia da entrevista] e foi muito bom. Achei que estranharia, mas não, está tudo certo", confidencia. "Esqueci a marcação do palco, mas como não sou dirigido, invento na hora e fico solto. Qualquer coisa que eu faça está valendo. Eu estou lá, no palco".

PRESO NO CORPO

A respeito do período em isolamento, por causa da pandemia, Ney Matogrosso relembra que usou mantras como companhia complementar às muitas plantas e animais com quem divide a casa. "Colocava mantras para dormir, para dançar. Me ajudaram muito porque nem fazer exercícios eu podia, e era algo que eu fazia todos os dias".

Como nem só de angústias pode viver um artista, o tempo de jejum dos palcos trouxe vontade e inspiração para um novo álbum de estúdio, Nu Com a Minha Música, lançado em 28 de outubro. "E era algo que há muito eu não fazia. Só que estávamos presos não dentro de casa, mas dentro do corpo. A realidade que vivemos é pervertida, perversa", arremata.

Para a noite de domingo, Ney Matrogrosso será ladeado pela mesma banda que o acompanha durante os últimos cinco anos: Sacha Amback (direção musical e teclado), Marcos Suzano e Felipe Roseno (percussão), Dunga (baixo), Mauricio Negão (guitarra), Aquiles Moraes (trompete) e Everson Moraes (trombone).

O figurino foi criado sob medida pelo estilista Lino Villaventura, a partir de uma ideia de Ney, que entra em cena com cabeça e rosto cobertos. O cenário é de Luiz Stein e a luz de Juarez Farinon. A supervisão geral é de Ney Matogrosso.

SAÚDE

Pouco antes de se despedir, Ney Matogrosso foi perguntado sobre o segredo para manter tamanhas vitalidade e energia - dentro e fora de palco - pelas quais é conhecido. Ele recorda que em determinado instante da juventude, no qual, ele diz, "não comia, não dormia e não vivia" direito, decidiu mudar de hábitos. Hoje, faz refeições leves e em pouca quantidade, além de praticar atividades físicas diariamente: "minha mãe completou 99 anos há pouco e está ótima, lúcida. Conheci o avô dela quando ele tinha 105 anos. Tem genética aí também", arremata.

NOVA DATA

A organização do evento informou, em nota enviada à imprensa, que todos os ingressos, mesas e camarotes já adquiridos para a data anterior permanecem válidos para o show deste domingo, 5 (confira o serviço abaixo). Mais informações podem ser adquiridas através do telefone (81) 3427.7501.

Serviço:

Ney Matogrosso apresenta a turnê Bloco Na Rua - Domingo (5/12), às 20h, no Classic Hall (Av. Governador Agamenon Magalhães, S/N, Salgadinho, Olinda). Ingressos: a partir de R$ 280 (1º lote), à venda na bilheteria do local e através do site Bilhete Certo. Abertura da casa: 20h. Classificação: 16 anos.

Tags

Autor