Morre, aos 62 anos, mestre Bio Caboclo, precursor da cultura popular na Zona da Mata de Pernambuco
Velório acontece nesta segunda-feira, 14, às 10h, no Ginásio de Esportes João Vieira Bezerra, no mesmo município
Conhecido como mestre Biu Caboclo, Severino José de Souza, um dos artistas mais populares e admirados da Zona da Mata de Pernambuco, morreu na tarde deste domingo (13), aos 62 anos, em decorrência de complicações de um câncer no estômago. Pioneiro na participação das brincadeiras de cultura popular da região, como mestre de maracatu rural, coco de roda, ciranda e viola, ele estava internado desde o dia 13 de janeiro no Hospital Barão de Lucena, no bairro da Iputinga, Zona Oeste do Recife.
O artista, que estava no primeiro mandato como vereador da cidade de Lagoa de Itaenga, pelo (MDB), será velado, nesta segunda-feira (14) às 12h, no Ginásio de Esportes João Vieira Bezerra, no mesmo município. Já o sepultamento será realizado terça-feira, (15), às 10h, no Cemitério São Francisco de Assis. Ele deixa esposa, cinco filhos e netos.
Natural de Glória do Goitá, município da Zona da Mata do Estado, ele consolidou a carreira em Lagoa de Itaenga, onde residia, na mesma região. A relação do mestre Bio Caboclo com a cultura popular vem desde a infância, quando morava na zona rural. Dentro do universo da arte, a maior paixão dele era a criação de versos de improviso - um talento que nasceu autodidata, sem necessidade de ir à escola ou à faculdade.
Há mais de 50 anos, ele dedicava a vida ao talento de cantar, criar, improvisar e se reinventare. Ele iniciou a vida nos palcos, como cantador de viola. Logo depois, tomou graça por outras artes, como cantador de coco de roda, ciranda e mestre de maracatu rural. Ao longo dessa caminhada, ele gravou vários CDs e produziu mais de 150 músicas autorais. Foi um trabalho feito exclusivamente de improviso, com jeito peculiar de falar e se expressar.
A vocação para repentista surgiu na infância, quando acompanhava o pai, Zé Caboclo, nos eventos culturais promovidos nas casas dos amigos. O pai cantava folhetos e versos de coco-de-roda tradicional nas festividades juninas. Aos 18 anos, ele iniciou a carreira artística como violeiro, tradição que herdou do seu pai o dom e o apelido "Caboclo", passando a ser conhecido popularmente como Bio Caboclo. Aos 20 anos, foi convidado a ser mestre de maracatu, mesmo período em que começou a cantar o coco-de-roda.
Ao longo de cinco décadas, passou a ser chamado por seus admiradores de "Lenda viva da cultura". Formou o Grupo Cultural Caboclo, que tem sua composição formado por filhos e netos, englobando o coco de roda, o maracatu rural, a cantoria de viola e a ciranda.
Iniciou a carreira artística como violeiro aos 18 anos, acreditando na arte do repente, como possibilidade de fugir da triste realidade de trocar sua terra pelo sudeste. Com o dinheiro da passagem que o levaria para São Paulo, comprou a uma viola. A primeira cantoria foi na casa de amigos de seus pais. Anos depois, passou a realizar apresentações em um programa de viola ao vivo, na extinta rádio Planalto, da cidade do Carpina, na Zona da Mata do Estado. Entre a década de 1990 e 2000, ele chegou a promover mais de oito festivais de cultura popular.