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Arnaldo Jabor, jornalista e cineasta, morre aos 81 anos

Ele estava internado desde dezembro em São Paulo

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Estadão Conteúdo

Publicado em 15/02/2022 às 9:10 | Atualizado em 15/02/2022 às 21:30
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O jornalista e cineasta Arnaldo Jabor morreu na madrugada desta terça-feira (15), aos 81 anos. Ele estava internado desde 16 de dezembro no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Jabor faleceu em decorrência de complicações de um acidente vascular cerebral (AVC).

Em 29 de dezembro, um boletim médico informava que o jornalista tinha apresentado melhora progressiva do quadro neurológio e estava consciente.

Nesta terça, em uma rede social, a produtora de cinema Susana Villas Boas, ex-mulher de Arnaldo Jabor e mãe de João Pedro, comentou que seu filho havia perdido o pai e o Brasil, "um grande brasileiro". Jabor deixou os filhos João Pedro, Carolina e Juliana e os quatro netos João, Joaquim, Antonia e Alice. 

Cineasta que alcançou reconhecimento de público e crítica no final dos anos 1960, ainda sob os ecos do Cinema Novo, Jabor nasceu no Rio de Janeiro, em 1940, filho de um oficial da Aeronáutica e de uma dona de casa. Apesar de conhecido como diretor de filmes fundamentais, como Toda Nudez Será Castigada, ele também trabalhou como técnico de som, crítico teatral, roteirista e colunista de jornais e televisão.

Seu primeiro longa foi um documentário inovador, Opinião Pública (1967), em que realiza uma prospecção da mentalidade da classe média brasileira. Já nos anos 1970, com o aperto da censura política e social promovida pelo regime militar, envereda por caminhos metafóricos, como em Pindorama (1970), cujo excesso de barroquismo foi admitido por ele mesmo, anos depois.

Em 1973, dirige um de seus grandes filmes, Toda Nudez Será Castigada, a partir da peça de Nelson Rodrigues, ácida crítica à hipocrisia da moral burguesa e seus costumes. Dois anos depois, lança O Casamento, também adaptação da obra de Nelson, em que flertou com o grotesco e o histérico, sem, contudo, atingir a maestria do longa anterior. Com Tudo Bem (1978), inicia a chamada Trilogia do Apartamento, em que investiga novamente as contradições da sociedade brasileira, agora com forte ironia, especialmente as famílias vitimadas pelo fracasso do milagre econômico.

Já em 1980 lançou Eu Te Amo, análise intimista e sexual de um casal, interpretado por Sonia Braga e Paulo Cesar Pereio. Finalmente, em Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), repete de alguma forma o tom de psicodrama do trabalho anterior, agora com um casal mais jovem, Fernanda Torres e Thales Pan Chacon.

No início da década de 1990, com o fim do fomento estatal para a produção cinematográfica patrocinado pelo governo Collor, Jabor iniciou um longo período sem filmar, momento em que alcançou grande sucesso popular como comentarista de jornais como Estadão, Folha e O Globo, além de aparições constantes nos noticiários da TV Globo e participação no programa Manhattan Connection, da GloboNews.

O estilo irônico e libertário com que comentava as notícias lhe rendeu admiradores, mas também detratores, especialmente na política. Retomou a carreira de cineasta em 2010 com A Suprema Felicidade, filme em tom de memória, mas não pessoal: uma trajetória inventada com o que Jabor fez um retrato do Rio de Janeiro da sua infância.

TV Globo

Após a morte de Arnaldo, a TV Globo enviou um comunicado à imprensa. No texto, a emissora destaca um trecho de um dos seus posicionamentos. "A história caminha como uma velha bêbada, para frente e para trás. Acho que a verdadeira posição política no Brasil é a defesa da democracia e da complexidade. A posição ideal não é de esquerda nem de direita, mas uma mistura das coisas boas do conservadorismo e do progressismo, me considero um liberal com respeito às coisas boas do passado."

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