Documentário mostra trajetória de Geraldo Freire, o comunicador da maioria

Há mais de 100 anos, o rádio é um dos meios mais populares do Brasil. Em um País em que apenas 81% da população tem acesso à internet, as ondas de rádio chegam em lugares que nem mesmo o poder público pode alcançar. E a história desse meio é entrelaçada à de grandes radialistas. É nesse sentido que o documentário "O Comunicador da Maioria - a trajetória do comunicador Geraldo Freire" estreia nesta segunda-feira (28), no Cinema do Porto, contando a história de um dos comunicadores mais populares do Estado. Geraldo Freire, que é líder de audiência pela Rádio Jornal há 30 anos, terá seu cotidiano profissional a partir do olhar do produtor, roteirista e diretor do longa-metragem, Amaro Filho.

"Primeiro eu queria agradecer aos amigos de todos os lados que se interessaram pelo filme. Mais ou menos 5 anos esse pessoal vem filmando os programas na rádio, nossas viagens à Pesqueira, coisas de casa e eu achava que isso nunca terminava. E isso terminou", disse Geraldo Freire, que apresenta o novo filme restrito a 20 pessoas no novo Cinema do Porto, no Bairro do Recife, na noite desta segunda-feira (28).

Com o pioneirismo de Pernambuco no rádio - o Estado detém a primeira transmissão de uma emissora no País, em 1919 -, Amaro Filho acredita que a história dessa comunicação ainda não foi contada como merece no Estado. "A radiofonia pernambucana, além de pioneira, resiste até hoje e, se destaca dentro do ramo das comunicações, mesmo com o advento da televisão, da internet, do cinema se aprimorando cada vez mais, o rádio vive e é essencial. A linguagem do rádio é impar e vem se adaptando completamente aos novos tempos", conta o cineasta.

Essa relação tão próxima com o rádio se deu também a partir das escutas do comunicador da maioria, entre as décadas de 1980 e 1990. "Meu primeiro contato com Geraldo Freire foi entre as décadas de 80/90, como ouvinte de programas de rádio que sempre fui, o acompanhava. Naquela época, já curtia a forma dele se expressar, a forma de se comunicar diferenciada, usando a linguagem do rádio, porém, se destacando dos demais radialistas me chamava atenção. Geraldo, já tinha uma boa audiência, era popular, cultivava uma relação direta com o povão", disse Amaro, que chegou a cursar radialismo anos depois no CEFET.

Contato com Geraldo

O contato com Geraldo partiu quando Amaro começou a trabalhar com o radialista Wagner Gomes, hoje também na Rádio Jornal. Ele explica que Freire chegou a se assustar com a ideia do documentário. "Lembro que quando falei com Geraldo, ele ficou meio assustado... dizia que essa história de fazer homenagem em documentário é para quem vai morrer ou já morreu, porém, acabou topando a empreitada, que foi incentivada por vários amigos dele . Entre os maiores incentivadores, o jornalista Evaldo Costa, comprou a ideia e, nos apoiou em tudo, vestiu literalmente a camisa", aponta o diretor.

 

As gravações começaram em 2015, mas houve muitos atrasos por causa pandemia. "Tivemos que parar no momento mais forte da pandemia. Um dia antes daquela paralização geral onde todos tiveram que ficar em suas casas (lockdown), nós estávamos gravando com Geraldo, quando a diretoria do SJCC ligou para ele, dizendo que ele não iria mais para o estúdio da rádio no dia seguinte e, que os técnicos do Sistema iam montar um estúdio em sua casa. Daí paramos tudo e ficamos esse tempo todo nessa loucura que vem ainda sendo a pandemia. Só que a essa altura já tínhamos gravado cerca de 90% do filme, só faltavam algumas imagens áreas do Recife e alguns detalhes de povo na rua. Não necessitei mais de gravar com Geraldo", pontua.

 

O documentário sobre o comunicador da maioria relata a trajetória profissional do radialista. Em alguns dos pontos, todavia, o público poderá conhecer um pouco da sua personalidade fora dos estúdios da rádio. "Os espectadores vão conhecer um pouco mais sobre o Geraldo Freire que eles já conhecem do rádio, mas agora com mais detalhes. A linha que guia o trabalho é a sua trajetória profissional, eu não me aprofundo no mundo familiar e nas questões pessoais. O fundamento do documentário o título já diz: o comunicador da maioria. Me interessa o Geraldo locutor, produtor, que chega às 3h da manhã na rádio. É claro que esse jeito irreverente dele está no documentário, a forma dele se comunicar está lá no filme. A linguagem é o que me fascina na comunicação", relata o idealizador.

O filme "O Comunicador da Maioria - a trajetória do comunicador Geraldo Freire" teve produção da Página 21 e incentivo de Evaldo Costa e Bruno Lisboa. A Copergás é a patrocinadora oficial do longa-metragem.