Morre Marcelo Varella, jornalista, compositor, carnavalesco e trabalhador da cultura do Recife
Ele foi um dos fundadores do Bloco da Saudade
Morreu nesta quinta-feira (3) o jornalista, compositor e carnavalesco Marcelo Varella. Ele foi um dos fundadores do Bloco da Saudade e atuou na Fundação de Cultura Cidade do Recife, vinculada à Secretaria de Cultura do Recife.
Marcelo Varella, que completou 70 anos em janeiro, estava internado num hospital do Recife, em tratamento contra câncer. Passou pela Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e não resistiu. O velório está marcado no Cemitério de Santo Amaro, na tarde desta sexta-feira (4), até às 15h. Já a cremação ocorrerá no Cemitério Jardim Metropolitano, em Águas Compridas, Olinda, às 16h.
No Dicionário Cravo Alvin da Música Popular Brasileira consta que Marcelo Varella atuou como jornalista na extinta TV Tupi, na antiga TV Jornal do Commercio e também na Globo Nordeste, além da Rádio Globo.
Na Fundação de Cultura Cidade do Recife, foi assessor técnico, dirigiu a Casa do Carnaval e integrou a Comissão de Ciclos Culturais, tendo concebido o espetáculo "Brincadeiras de Natal" e coordenado a cerimônia da Queima da Lapinha na capital pernambucana.
Fundou junto com o violonista e maestro Antônio José Madureira, o Zoca Madureira, o Bloco da Saudade idealizado anos antes por Edgard Moraes. E com os compositores Maurício Cavalcanti e Romero Amorim foi fundador do Bloco Aurora do Amor. Ainda na cena carnavalesca do Recife, foi diretor de Comunicação do Bloco Banhistas do Pina e sócio benemérito dos maracatus Nação Elefante e Nação Leão de Judá; dos clubes Pão Duro, Prato Misterioso e Amante das Flores; da Troça Abanadores do Arruda.
Compôs, em 1979, junto com João Santiago, a marcha-bloco "Brincando com Dona Moça", uma homenagem à fundadora do Bloco Rebeldes Imperial. Em 1982, com Antônio Madureira, compôs "Maracatu Misterioso", gravado por Antônio Nóbrega no LP "Frevança – III Encontro do Frevo e do Maracatu". Já em 1985, seu frevo "Lá Vem o Galo”, com Nelson Luis e Carlinhos Almeida, foi gravado por Jadir Camargo, no LP "O Galo da Madrugada", da Som Livre. Também venceu importantes concursos, como o Frevança e o Recifrevo.
"Acabo de ter a triste notícia de que nosso irmão Marcelo Varella, um guerreiro da cultura popular da nossa região partiu para a eternidade!! Muito triste isso, meu Deus!!", escreveu, no Facebook, Walmir Chagas, ator conhecido como Véio Mangaba, que gravou músicas letradas por Varella.
“O amor de Marcelo pela Cultura não tinha limites, não havia impedimentos capazes de tolher sua criatividade, sua vibração, sua entrega ao fazer cultural. Em composições, projetos, ideias, ele ia muito além do cuidado apaixonado com as nossas tradições, ajudando com seu talento a mantê-las vivas, atuantes, atravessando gerações. Foi assim, por muitas décadas, desde que a Fundação de Cultura surgiu. Tínhamos aqui um guerreiro que soube escrever história em músicas, renovando símbolos e patrimônios, honrando agremiações, mestres e mestras, tornando-se, assim, um deles. Que a gente saiba seguir exemplos como o desse amor genuíno e perene à Cultura e ao seu poder de fazer o mundo melhor”, declarou o secretário de Cultura do Recife, Ricardo Mello.
A Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife emitiram nota lamentando o falecimento de Marcelo Varella. Leia trechos:
"Nós, que fazemos a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife, lamentamos profundamente o falecimento do querido Marcelo Varella. Um carnavalesco por vocação, jornalista e servidor público com várias décadas de atuação incansável a serviço da cultura do Recife, desde 1979, Marcelo nos deixou hoje. Nascido na Boa Vista e criado no Bairro de São José, cresceu embalado pelo frevo, na barra da calça do pai, João Rodrigues Varella, que esteve por muitos anos à frente de clubes e blocos famosos, como Pão Duro, Vassourinhas e Batutas de São José."
"Durante boa parte da vida, foi também servidor público, estando na Fundação de Cultura desde o início. Varella transformou a cultura em ofício e missão, a que se dedicou diariamente. Mesmo quando a saúde passou a exigir restrições, ele seguiu na luta de sempre, deixando uma obra presente, mas uma grande lacuna na Cultura recifense."