MÚSICA

Alessandra Leão retorna ao Recife com o show 'Acesa', no Teatro do Parque

Com direção musical de Alessandra Leão e Guilherme Kastrup, além da direção de arte de Juliana Godoy, "ACESA" teve estreia no Sesc Pompéia, em São Paulo, no fim de 2021

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Bruno Vinicius

Publicado em 31/03/2022 às 17:26 | Atualizado em 31/03/2022 às 18:20
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De volta ao público recifense, a cantora, compositora e produtora Alessandra Leão trará luz ao palco. Fruto do seu disco Acesa, lançado no final do ano passado, o show homônimo da pernambucana radicada em São Paulo trará a energia do material em estúdio para o palco do Teatro do Parque, hoje, a partir das 19h30. Com direção musical dela com Guilherme Kastrup, além da direção de arte de Juliana Godoy, a turnê teve estreia no Sesc Pompéia, em São Paulo, no fim de 2021. Após uma pequena pausa, devido à ômicron, foi reiniciada na capital paulista, em março, e agora chega ao Nordeste.

O disco foi contemplado pelo Rumos/Itaú Cultural, dentro de um projeto que inclui uma série de vídeos para a internet e que parte de uma caminhada de Alessandra Leão entre Pernambuco e a Paraíba. "Eu fiz uma residência artística, uma imersão, entre Pernambuco e Paraíba, que deu origem a uma websérie que já está toda no YouTube. Essa série tem 14 episódios, e em cada um eu faço uma caminhada com mestres e mestras, líderes religiosos e artistas. Nessa série, esses encontros vêm com uma inquietação minha de passar por alguns lugares não-geograficamente, e a caminhada em deriva tem a ver com isso. Ela convoca o estado de presença, uma disponibilidade para se perder. Eu não tinha um roteiro estabelecido, mas tinha alguns temas que eu queria passar", explica, em entrevista ao JC.

Os registros audiovisuais, como Alessandra Leão pontua, foram realizados para criar possibilidades filosóficas e mostrar visões de mundo de artistas e pessoas religiosas nessa imersão não-roteirizada feita pela artista durante o percurso. "São conversas que vão partindo do ponto da arte em transcendência. E a caminhada em deriva tem isso da ideia de ser perder e se perguntar 'para onde a gente vai?. Não sei'."


"Eu lembro que abri um tarô com uma amiga, que participou dessa primeira etapa e é de Recife também. Abri um tarô com ela e falei 'mulher, como vou fazer esse disco se eu estou me sentindo tão assim sem chama e apagadinha? E ainda mais com um disco que se chama Acesa'. E ela disse 'pega a luz que tem, porque acesa não é sempre a labareda, às vezes é só a brasa, uma luz de vela'. Isso foi muito importante para mim naquele momento — e como foi importante para abrir outras camadas de fazer esse disco inesperadamente durante a pandemia! O disco não foi pensado durante a pandemia, mas ele foi feito nesse período, nesse desafio de fazer algo sobre encontro em um momento em que eu não podia encontrar nem mesmo meu parceiro de disco, o Caê Rolfsen", conta Alessandra Leão, que esteve com o parceiro de produção depois de quatro meses sem contato físico.

Produção

 


O próprio processo foi se transformando em luz. Sem possibilidade de shows, Alessandra também relata que durante a pandemia tinha dúvidas de como lançaria o álbum. "É uma dúvida minha, quanto para todo mundo nesse período: 'como é que se lança um disco agora? (na pandemia) Como é que circula com o disco? Como faz o disco girar se não tem show?'. A gente ficou muito debatendo essas questões, mas, coincidentemente ou não, o processo de produção do disco foi se alargando e a gente chegou ao ponto de conseguir lançá-lo. Tinha um prazo para lançar, entre outubro e novembro, por causa do edital Rumos/Itaú Cultural. Num momento em que tinha um respiro, lançamos o disco e, em seguida, pudemos fazer o show no Sesc Pompéia, em São Paulo. Demos uma segurada por causa da ômicron, no começo do ano, e nesse momento sentimos que dá para circular."

O resultado pode ser escutado em imersões sonoras, a partir dos ritmos tradicionais do coco e da ciranda, que se misturam com bases eletrônicas. O álbum é composto por 10 canções inéditas e três vinhetas. "Essa parte (da turnê) que contempla o Nordeste é para mim um presente divino. Esse disco tem muito de Pernambuco e da Paraíba, foi criado aqui nesse trânsito. Eu sou filha de cearense, minha mãe é de Fortaleza. Então, passar por essas três capitais — primeiro pensamos no show no Recife, fechamos o de João Pessoa e o de Fortaleza — acho que é uma simbologia importante", fala Alessandra sobre a rota pelas três cidades.

Duda Portella/Divulgação
Alessandra Leão volta ao Recife com o show 'ACESA' - Duda Portella/Divulgação

No Teatro do Parque, Alessandra cantará e tocará acompanhada por Kastrup, Tamiris Silveira e Sofia Freire. Fará uma homenagem a Guitinho de Xambá, com a participação especial do Grupo Bongar. "Estou num misto de euforia, ansiedade e aperreio. Mas o aperreio menor do que eu achava. Voltar ao Recife com uma homenagem a Guitinho, que tem uma música que eu fiz para ele, 'Pé de Baobá', e voltar com Bongar no palco... No meu último show no Recife estava com Guitinho e Bongar, por isso uma sensação de voltar para casa. E também lidar com as ausências. Mas é uma situação também de 'que bom estar no mundo'", enfatiza.

O espaço cultural também é importante para Leão. Foi ali seu palco de estreia na carreira. "O meu primeiro show solo no Recife foi em 2006, no Teatro do Parque, com meu primeiro disco, 'Brinquedo Tambor'. Foi um show que fiz de abertura para Chico César. E agora, retornar, depois desses anos, com um novo show e um novo momento, vai ser muito massa."

 

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