OPINIÃO

Reformas de equipamentos culturais do Estado chegam em hora necessária

Apesar de abranger Triunfo e Olinda, o Plano de Retomada Cultural suscita uma nova vida para o Centro do Recife

Imagem do autor
Cadastrado por

Bruno Vinicius

Publicado em 13/04/2022 às 17:00 | Atualizado em 14/04/2022 às 0:48
Análise
X

O anúncio da reforma dos equipamentos culturais gerados pelo Governo de Pernambuco é um alívio. Não apenas para a cultura do Estado, mas também para o cotidiano das cidades. Apesar de abranger Triunfo e Olinda, o Plano de Retomada Cultural suscita uma nova vida para o Centro do Recife. Metade dos espaços culturais contemplados ficam entre os bairros da Boa Vista, São José e Recife Antigo. Uma região em que as desigualdades sociais, o abandono dos espaços públicos e a falta de segurança ficam evidentes para quem mora, visita, vive e trabalha nas redondezas.

Em novembro do ano passado, a Prefeitura do Recife já havia anunciado o Recentro - um programa que visa solucionar problemas históricos a partir da revitalização e ocupação habitacional e comercial dos bairros de São José, Santo Antônio e Recife Antigo. Mas, antes mesmo do projeto ser anunciado, a reabertura do Teatro do Parque, na Rua do Hospício, já sinalizava que o povo queria ocupar novamente a área central da cidade.

Conforme mostrado pela reportagem "Teatro do Parque se torna queridinho da retomada cultural do Recife e já tem programador de cinema", do repórter Emannuel Bento, deste JC, o espaço se tornou um dos mais disputados na agenda recifense. Com shows, peças e festivais de cinema, o cine teatro deu uma sobrevida às redondezas, principalmente à noite, quando o comércio das ruas do Hospício e Imperatriz fecham. Um cotidiano que a cidade sentiu falta por mais de uma década - período em que ele esteve fechado.

Basta cruzar a rua e se deparar como a ausência de um equipamento cultural faz falta, por exemplo, à Praça Maciel Pinheiro. Em frente ao local fica a casa em que Clarice Lispector viveu durante a sua infância e também a estátua em homenagem à escritora ucraniana. Abandonado, o sobrado é coberto por tapumes, sem qualquer identificação de que ali é um ponto histórico. Na Praça, ficam apenas as pessoas em situação de rua, revelando as desigualdades que permeiam a região. Nada lembra os relatos de Lispector em relação à vivência e o convívio com o Recife.

Sobrevida à cidade

Com a cultura tão impactada durante a pandemia, essas ações de incentivo à produção cultural e à manutenção de espaços públicos se tornam cada vez mais importantes. E não deveriam demorar tanto para serem realizadas. A Casa da Cultura, por exemplo, que vai exigir uma reforma de R$ 3,1 milhões, recebe reclamações de moradores, visitantes e expositores há anos sobre as condições físicas do local - que passa por problemas de iluminação e segurança.

Com o conjunto de equipamentos reformados, com previsão de entrega até o fim do ano, espera-se que eles ganhem uma sobrevida. E deem uma sobrevida também à cidade. Pernambuco tem uma das culturas mais plurais e preservadas do País. Nada mais justo que a população usufrua dela de forma acessível, plural e conservada.

 

Tags

Autor