Grupo Magiluth faz espetáculo a R$ 1 no Teatro do Parque pelo Dia do Trabalhador
Renomado grupo teatral pernambucano chama a atenção para a ocupação histórica do espaço pela classe trabalhadora
Após passagens por São Paulo, Maringá (PR), pelo Festival de Teatro de Curitiba e três sessões lotadas no Recife, o grupo pernambucano Magiluth celebra o Dia do Trabalhador com apresentação da peça "Estudo Nº 1: Morte e Vida" no Teatro do Parque, nesta sexta-feira (29), às 20h. Os ingressos terão valor popular de R$ 1.
Com a noite, os integrantes querem movimentar o palco reinaugurado recentemente e recordar projetos importantes criados para possibilitar o consumo de cultura pelos transeuntes, por quem trabalha nas redondezas e pessoas com poder aquisitivo mais baixo.
"Nós achamos de extrema importância trazer esse debate do valor do ingresso por R$ 1, neste momento em que a classe trabalhadora se encontra muito sufocada pela situação do país. O direito à cultura está na Constituição Federal e nós não podemos deixar que o poder público esqueça disso", explica o ator Mário Sergio Cabral sobre a iniciativa, custeada pelo próprio grupo, criado há 18 anos.
A pesquisa "Públicos de Cultura", do Sesc, indica que aproximadamente seis a cada dez brasileiros nunca assistiram a um espetáculo teatral e metade deles jamais entrou em um teatro.
Sobre o espetáculo
No palco, os atores Bruno Parmera, Erivaldo Oliveira, Giordano Castro, Lucas Torres e Mário Sergio Cabral encenam uma reflexão sobre condições precárias de trabalho e subsistência, desigualdade, fome e exploração. A direção é de Luiz Fernando Marques.
"Estudo Nº 1: Morte e Vida" mergulha no clássico "Morte e Vida Severina", de João Cabral de Melo Neto, para extrair a essência, misturar com dilemas contemporâneos e expurgar em forma de arte o sofrimento das vidas severinas já retratadas pelos versos rigorosos do poeta e diplomata pernambucano.
A partir do poema dramático, eles propõem um estudo cênico sobre a trajetória de imigrantes que deixam o sertão nordestino e seguem o caminho do rio, em busca de melhores condições de vida e trabalho. O olhar híbrido e inquieto do coletivo pernambucano se volta para os movimentos migratórios gerados por adversidades climáticas, políticas e sociais, buscando observá-los tanto em suas analogias quanto na heterogeneidade de seu conjunto.
A obra atual, quase uma "peça-palestra", usa o livro "Morte e Vida Severina" (1955) como disparador para discussões e, como ele se relaciona com questões sociais. A trilha sonora reforça a ideia de ciclos da peça, com elementos originais e uso de músicas de artistas do punk e do hardcore de Pernambuco. A direção musical é de Rodrigo Mercadante.
"Pensando nesses fluxos migratórios, trazemos a linguagem do teatro. Assim, todos os recursos tão característicos - como as portas de entrada, de saída, a cortina, o terceiro sinal etc - e que têm a ver com a ideia de percurso serão destacados. E esses aspectos dão a ideia de um jogo, uma partida nossa com o público. É a nossa terceira parceria e a gente gosta muito disso - de jogar e jogar junto", diz o diretor Luiz Fernando Marques.
SERVIÇO
Espetáculo "Estudo Nº 1: Morte e Vida", do grupo Magiluth
Quando: Sexta-feira (29 de abril), às 20h
Onde: Teatro do Parque (Rua do Hospício, 81, Boa Vista)
Quanto: R$ 1 (à venda na bilheteria, a partir das 14h do dia 29)