NOVO MOMENTO

Karol Conká retoma a carreira após sessões de terapia e horas em estúdio: "Pude me curar das feridas e parar de ferir"

Rapper lançou disco novo, "Urucum", e está em turne, que chega ao Recife nesta sexta-feira (29)

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Romero Rafael

Publicado em 28/04/2022 às 10:45 | Atualizado em 28/04/2022 às 11:02
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Talvez (e que assim seja) ninguém mais terá a experiência indócil por que passou Karol Conká no "Big Brother Brasil 21", quando eliminada do reality show com rejeição recorde (99,17%). Passado mais de um ano, com outra edição já encerrada [o 'BBB 22', que acabou terça-feira, 26], ela diz que não se incomoda em ter de continuar falando da sua experiência no programa:

"Tudo bem as pessoas comentarem. Foi uma coisa muito forte, intensa, e todo mundo viveu aquilo junto, de certa forma. Sempre falo de maneira bem transparente, porque acho importante dissolver os assuntos — se falam é porque há dúvida, e eu estou com disposição para dividir o meu aprendizado."

Em entrevista por telefone, Karol Conká, que está de volta aos palcos e ao público com o show de seu novo álbum, "Urucum", que chega ao Recife nesta sexta-feira (29), fala mais de uma vez que a experiência dura de muita exposição e muito cancelamento acabou se transformando num aprendizado. Sua voz é tranquila e sua fala, bem articulada, rápida e segura.

Também (ainda bem) já não sente qualquer animosidade de quem a cancelou. "Acho que já passou, estou bem tranquila e não sinto nenhum fragmento negativo quanto a essa experiência. Hoje, me sinto muito grata. Acho que foi um privilégio poder ter tido meus erros expostos, com tanta gente me ajudando a percebê-los e incentivando a procurar terapia, para seguir com saúde mental e fazendo a minha arte. Essa experiência me trouxe esse tipo de percepção."

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Karol Conká - DIVULGAÇÃO

Terapia e composição

As sessões de terapia e as horas em estúdio ajudaram Karol Conká na retomada da carreira artística. No álbum "Urucum", lançado há um mês, reflete nas letras sensações vividas durante e pós-'BBB', mas sem tristeza. Permitiu-se, graças à terapia, a compor de acordo com sua personalidade "fragmentada". Há letra que quem canta é Karol Conká, ou Karoline [seu nome de nascimento], ou Mamacita [a mulher poderosa que entrou no 'BBB'] ou Jaque Patombá [o apelido jocoso ganhado que ganhou quando estava no caos do confinamento].

"Através da terapia, eu entendi que é natural do ser humano ter temperamentos em situações diferentes. No meu processo terapêutico, fiz as pazes com a vulnerabilidade e trouxe isso para a produção do álbum."

A terapia a ajudou a se entender e a lidar com a própria variação climática, e a música foi que a curou de fato. "Conforme fui compondo, me senti curada, perdoada, em constante aprendizado e autoconhecimento", fala Karol Conká.

"A música me cura desde pequena. Meu refúgio é cantar, musicalizar as dores e descobertas. Quando eu estava passando por esse momento de mergulho na vulnerabilidade, musicalizar era o que me trazia alívio. Quando eu vi que tinha um álbum pronto, percebi o quanto eu estava viva ainda, o quanto eu consegui dar meu melhor estando na pior."

"Público sempre esteve do meu lado"

Karol Conká ressalta, porém, que nunca esteve sozinha: "Fui tocada pelo acolhimento das pessoas que tiveram empatia comigo, e assim pude me curar das feridas e parar de ferir", conta. "Tem um público que conversa com a minha arte, e esse público sempre esteve do meu lado".

A rapper, aliás, diz que, nessa volta aos palcos e ao público, tem se vitaminado:

"Estou me sentindo nutrida, bem recebida e muito grata por ter a chance de poder me renovar e me reconectar com a galera segurando a minha mão, me apoiando e me reconhecendo como artista e ser humano. É muito legal receber esse tipo de apoio e acolhimento. Contribui muito para a melhora da pessoa que eu sou e traz muito carinho ao meu coração. Eu fico muito emocionada toda vez que subo ao palco e eles estão gritando, cantando. Recebo eles no camarim e ouço cada palavra olhando no olho. A arte salva, mas o amor é que cura mesmo."

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