MORTE

Morre Marianne Peretti, artista franco-pernambucana que trabalhou na construção de Brasília, os 94 anos

Filha de francesa com pernambucano, artista deixou seus traços em espaços como Memorial JK, Câmara dos Deputados, Senado Federal e Catedral de Brasília

Imagem do autor
Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 29/04/2022 às 13:47
Notícia
X

A artista plástica franco-pernambucana Marianne Peretti, única mulher a integrar a equipe de artistas que acompanharam Oscar Niemeyer na construção de Brasília, morreu nesta segunda-feira (25), aos 94 anos. A causa da morte não foi informada. O velório está marcado para este sábado (30), às 13h, no Cemitério Campo da Esperança.

Marianne faleceu em Brasília, mas viveu boa parte da vida em Pernambuco. Foi moradora de Olinda desde 1985, onde manteve ateliê. Nascida em Paris, filha de mãe francesa e pai pernambucano, Marie Anne Antoinette Hélène Peretti cresceu e estudou na França.

Como registrado no livro "A Ousadia da Invenção" (vários autores), sobre sua obra e trajetória, a artista passou fome e frio durante a Segunda Guerra; iniciou a sua formação artística aos 15 anos, na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs.

Ainda em Paris, fez a sua primeira exposição individual, onde ouviu de ninguém menos do que Salvador Dalí: "Você não é uma artista burguesa". Recebeu prêmio pela capa do livro As palavras, de Jean-Paul Sartre.

Marianne em Brasília

Ela chegou ao Brasil em 1956, aos 29 anos. Em 1959, ganhou um prêmio pelo desenho da capa do livro na 5ª Bienal Internacional de Arte de São Paulo. Pouco depois, conheceu Oscar Niemeyer, com quem trabalhou na construção de Brasília.

Dezenas das criações estão espalhadas por pontos importantes da Capital Federal: Memorial JK, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Superior Tribunal de Justiça, Palácio do Jaburu e Panteão da Liberdade.

Berno Laprovítera e Jarbas Jr./Divulgação
Autora de obras importantes como os vitrais da Catedral de Brasília, artista vive em Olinda há 30 anos - Berno Laprovítera e Jarbas Jr./Divulgação
Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
- Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
- Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação
- Breno Laprovítera e Jarbas Júnior/Divulgação

A sua principal marca em Brasília foi na Catedral, sendo responsável pelos vitrais. Foi da França trouxe a base artística e um pouco da técnica dos vitrais, que a consagrou em terras brasileiras.

"Os vitrais maravilhosos que criou para a Catedral de Brasília são comparáveis, pelo seu valor e esforço físico, às monumentais obras da Renascença", declarou Niemeyer.

Era conhecida por um traço expressionista, orgânico e fluido, com obras inconfundíveis, apesar da falta de divulgação da sua importância para as novas gerações.

O livro "A Ousadia da Invenção", sobre sua trajetória, conta com textos de Jacob Klintowitz, Joaquim Falcão, Veronique David, Sonia Marques e Yves Lo-Pinto Serra.

Tags

Autor