EM OLINDA

Casa Estação da Luz estreia espetáculo de dança elaborado num projeto social com jovens de Peixinhos

"Sagrada Estação" é um trabalho dirigido pelo coreógrafo Dielson Pessoa junto com o antropólogo Nilo Cabral

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Romero Rafael

Publicado em 05/05/2022 às 16:15 | Atualizado em 05/05/2022 às 16:16
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A Casa Estação da Luz, fincada no Sítio Histórico de Olinda, lança nesta quinta-feira (5) um projeto sobre o poder da dança como instrumento de transformação pessoal e social. Com curadoria geral de Natália Reis e Bruno Albertim, o projeto Dança É Transformação estreia sob a direção do consagrado bailarino e coreógrafo pernambucano Dielson Pessoa.

Nestas quinta e sexta-feira (6), a partir das 19h30, com ingresso a preço popular (R$ 20), a casa apresentará o espetáculo "Sagrada Estação", fruto do trabalho que vem sendo desenvolvido, desde outubro, por Dielson Pessoa com jovens do bairro de Peixinhos, na periferia de Olinda. O trabalho conta com a assistência do também diretor e antropólogo Nilo Cabral.

Dezesseis jovens estão no elenco de "Sagrada Estação". Eles passaram por vivências com ritmos populares, como o brega-funk, a suingueira, o passinho e danças africanas. Não têm relação profissional com a dança, mas, a partir desse trabalho, se veem instigados a refletir sobre ancestralidade, pertencimento e religiosidade em suas comunidades e famílias através do movimento de seus corpos.

"Nosso espetáculo 'Sagrada Estação' aborda os sagrados que atravessam Olinda em suas relações com o profano, apresentados a partir dos pontos de vista da religiosidade afro-brasileira inscritos nos corpos dos dançarinos", diz Dielson Pessoa. "Com vivências sociais complexas, esses jovens têm no trabalho e no espetáculo a oportunidade de se encontrarem para debater questões da própria identidade, através das religiosidades que atravessam Olinda."

"Sagrada Estação" conta com som ao vivo do Charque Trio, de Pedro Vivant (guitarra/voz), Gilberto Bala (percussão/voz) e o DJ Pauliño Nunes (bases eletrônicas e efeitos sonoros). Com duração de cerca de uma hora, o espetáculo se divide em dois momentos. No primeiro ato, aborda as forças dos diferentes orixás no espaço do terreiro; já no segundo ato, as danças sagradas e profanas que compartilham o espaço da rua.

Dielson Pessoa

Bailarino, o pernambucano Dielson Pessoa foi convidado para a Companhia de Dança Deborah Colker, aos 18 anos, tendo ficado de 2002 até 2013. Apresentou-se em palcos do Uruguai, Chile, Argentina, EUA, Itália, Áustria, França, Inglaterra, Alemanha e Singapura. Também teve uma passagem de dois anos pelo Balé da Cidade de São Paulo, pelo qual foi agraciado, em 2007, com o prêmio de melhor bailarino pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).

Com 37 anos e vivendo no Recife, o bailarino tem uma atenção especial para desenvolver projetos com jovens periféricos que, como ele, criado no bairro de Água Fria, teve a vida transformada pela dança. "Gosto muito de trabalhar com pessoas complexas, até mesmo sem disciplina, para que o processo artístico seja realmente renovador, quando ele reflete a própria indisciplina com a vida, a arte. Dança pode ser de fato transformação."

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