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Espetáculo sobre uruguaia morta pela ditadura brasileira ganha circulação na Espanha

A peça é encenada por Hilda Torres, atriz pernambucana e idealizadora do projeto

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Emannuel Bento

Publicado em 21/10/2022 às 13:00
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A peça "Soledad – A terra é fogo sob nossos pés", encenada e idealizada pela atriz pernambucana Hilda Torres, está realizando uma circulação internacional pela Espanha em outubro. Oito apresentações do espetáculo estão sendo realizadas em cidades espanholas como Madrid, Santander, Bilbao, Oruña de Piélagos, Cabezón de la Sal e Torrelavega, cidade que, de algumas formas, faz parte da história da personagem.

No início de 2023, o projeto irá também para a Argentina. "A terra é fogo sob nossos pés" acompanha a história da paraguaia Soledad Barrett Viedma, assassinada pelo regime militar brasileiro, em 1973, na Região Metropolitana do Recife.

Henrique Kardozo/Divulgação
TEATRO Peça "Soledad – A terra é fogo sob nossos pés" é encenada e idealizada pela atriz pernambucana Hilda Torres - Henrique Kardozo/Divulgação

A peça é encenada pela atriz pernambucana e idealizadora do projeto, Hilda Torres. A direção também conta com Malú Bazán. As duas são responsáveis pela construção da dramaturgia, que toma fôlego a partir de uma costura entre diversos instrumentos de pesquisa e obras poéticas, que datam de 1904 até a contemporaneidade.

A dramaturgia do espetáculo surge a partir da cronologia da personagem, alcançada através de pesquisas de campo, músicas da época, poesias (muitas de ex-presos políticos), cartas, entrevistas sistemáticas, acesso a documentos e o contato com familiares – especialmente as parceiras do projeto, Ñasaindy e Ivich Barrett (filha e neta de Soledad, respectivamente).

Quem foi Soledad Barrett

Henrique Kardozo/Divulgação
TEATRO Peça "Soledad – A terra é fogo sob nossos pés" é encenada e idealizada pela atriz pernambucana Hilda Torres - Henrique Kardozo/Divulgação

"Sol", como era conhecida entre os mais próximos, teve sua trajetória desenhada em meio à luta sociopolítica de sua família. Seu Avô, o renomado jornalista e escritor espanhol, natural de Torrelavega, Rafael Barrett, foi uma grande inspiração ideológica para ela.

Quando nasceu, seus pais e irmãos mais velhos já eram militantes e dedicaram suas vidas quase integralmente à luta contra ditaduras em toda a América Latina. Os exílios políticos fizeram parte da sua vida desde muito nova, com menos de um ano de idade enfrentou o seu primeiro, na Argentina. Aos 17 anos, em mais um exílio, dessa vez no Uruguai, Soledad foi sequestrada por um grupo neonazista e teve suas duas pernas marcadas com a suástica, através de uma navalha. Ela negou-se a gritar palavras em saudação a Hitler e por isso sofreu essa brutal violência.

AGENDA DE "SOLEDAD" NA ESPANHA
13 de outubro: apresentação no Teatro Concha Espina (Torrelavega), às 20h30;
14 de outubro: apresentação e debate na sala Mauro Muriedas (Torrelavega), às 18h00;
15 de outubro: oficina de teatro para mulheres na Asociación Eureka (Santander), das 17h às 21h;
16 de outubro: apresentação no Teatrería de Abrego (Oruña de Piélagos), às 20h;
17 de outubro: debate “arte y militancia” em la vorágine (Santander), às 19h30;
18 de outubro: encuentro con estudio de actores (Santander), horário a definir;
20 de outubro: apresentação do espetáculo no café de las artes (Santander), às 20h;
21 de outubro: apresentação na sala Arimaktore (Bilbao), às 20h;
22 de outubro: debate “arte y militancia” em louise michel | Arroka - Bilbao às 19h;
24 de outubro: apresentação em Madri no Espaço Lá Parceria, às 20h

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