LITERATURA

Silviano Santiago vence o Prêmio Camões, o maior da literatura em língua portuguesa

Autor mineiro possui mais de 30 livros publicados, inclusive pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), e foi reconhecido pelo conjunto da obra

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JC

Publicado em 24/10/2022 às 17:40 | Atualizado em 24/10/2022 às 19:04
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Ensaísta, contista, poeta, romancista e crítico literário, Silviano Santiago, 86 anos, ganhou ontem o Prêmio Camões, considerado o mais prestigiado da literatura em língua portuguesa. O escritor, que possui mais de 30 livros publicados, é colaborador assíduo do jornal literário Pernambuco, da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe). Pelo Selo Suplemento Pernambuco, da Cepe, Silviano já publicou três títulos: "Genealogia da Ferocidade" (2017), "Uma Literatura nos Trópicos" (2019) e "Fisiologia da Composição: Gênese da Obra Literária e Criação em Graciliano Ramos e Machado de Assis" (2020).

Recentemente, em comemoração aos 80 anos de Caetano Veloso, foi lançado o e-book gratuito Caetano Enquanto Superastro, mesmo título do ensaio que integra a coletânea Uma Literatura nos Trópicos. Seu último título, "Menino sem Passado: 1936-1948" (2021), saiu pela Companhia das Letras e trata da morte da mãe dele, quando tinha 1 ano e meio. A editora ainda reeditou este ano "Em Liberdade", obra publicada pela primeira vez em 1981, vencedora do Jabuti e protagonizada por Graciliano Ramos.

Silviano Santiago recebeu a notícia do prêmio com satisfação, por sua dedicação à literatura, porém com ressalvas ao momento difícil pelo qual passamos. "Apesar de o Brasil estar atravessando um período triste da nossa história, não deixa de ser uma satisfação, do ponto de vista individual, receber essa notícia como um clarão que dá sentido a uma vida dedicada à literatura", disse.

"É forte, muito forte, a emoção que sinto por ser reconhecido através de um prêmio com a grandeza do Camões pelas várias atividades a que me entreguei na dedicação, no exercício e no amor à literatura. A sala de aula, as páginas de jornal ou revista e os livros eram todos, são todos, a melhor maneira que encontrei para dialogar com o tempo presente sobre os percalços de vidas que sobressaem no redemoinho infernal do cotidiano. Literatura é vida para mim."

Com essa premiação, Silviano se torna o mais premiado autor de língua portuguesa. Natural de Formiga, no interior de Minas Gerais, ele já detinha os prêmios Machado de Assis, Oceanos, Casa de Las Américas, além de diversos Jabutis. Em 2015, venceu o Oceanos, com "Mil Rosas Roubadas". Já no ano seguinte, o romance "Machado" ficou em 2º lugar no mesmo prêmio, tendo vencido duas categorias — Romance e Livro do Ano — no Jabuti.

O Camões celebra o conjunto da obra do autor, contemplado com 100 mil euros.

"É uma alegria para uma editora pública ter em seu catálogo alguns dos títulos mais importantes do Prêmio Camões 2022, o maior de língua portuguesa. Silviano Santiago é tanto um dos grandes ficcionistas contemporâneos do Brasil quanto um dos nossos ensaístas mais originais", considera o coordenador do Selo Pernambuco, Schneider Carpeggiani, que adianta novo projeto com o escritor mineiro. "Estamos preparando um projeto inédito, ainda para este ano, em que Silviano se debruça sobre Machado de Assis e Marcel Proust, pelos 100 anos da morte do escritor francês", revela.

Criado por Portugal e Brasil em 1989, o Prêmio Camões realiza um revezamento anual para a nacionalidade dos vencedores, entre brasileiros, portugueses e autores africanos de países lusófonos. Ano passado, a premiação foi para a moçambicana Paulina Chiziane. O brasileiro que havia vencido pela última vez era Chico Buarque, em 2019.

Biografia

Nascido em 1936, Silviano Santiago é doutor em letras pela Sorbonne e já foi professor de conceituadas universidades norte-americanas e europeias. No Brasil, lecionou na PUC-RJ, e é professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF). Eleito membro da Academia Mineira de Letras em 2021, Silviano chegou a ser favorito para ocupar o lugar de Lygia Fagundes Telles na cadeira 16 da Academia Brasileira de Letras, mas retirou a candidatura por se sentir "desestimulado e triste", como declarou em junho deste ano.

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