Cantora Mayra Clara, da Mostra Reverbo, debuta com disco de releituras
Primeiro álbum da artista, "MVB – Música Vingativa Brasileira", tem como fio condutor a volta por cima após uma desilusão amorosa

Mais um nome da Reverbo - Mostra de Música Autoral Pernambucana, formado por cantores e compositores de todo o Estado, estreou com disco solo na última semana. A cantora Mayra Clara apostou em releituras de obras clássicas e contemporâneas de canções brasileiras para "MVB – Música Vingativa Brasileira". Como sugere o título, o projeto tem em seu mote e fio condutor a vingança após uma desilusão amorosa.
Além da figura feminina da própria Mayra, o que pode ser considerado um diferencial do projeto é que a produção musical também é assinada por uma mulher: a guitarrista, violonista e professora Lígia Fernandes.
Cantora desde os 12 anos de idade, Mayra Clara transita no gênero da MPB e decidiu o tema do álbum depois de ter vivenciado um relacionamento tóxico. Ela encontrou na música a força e a potência para se reerguer.


A artista conseguiu transformar suas dores em beleza artística através da criação do seu projeto, batizado de MVB, que dá título ao álbum. Ela traz releituras de obras de Lupicínio Rodrigues, Chico Buarque, Marcelino Freire, Revoredo, Igor de Carvalho, Juliano Holanda, Verônica Ferriani, entre outros.
O álbum nasce com o propósito de espalhar a onda da MVB e ajudar mais pessoas no processo de cura e fortalecimento através da arte. Em 2021, ela fez uma campanha de financiamento coletivo e leilão de artes para a gravação do seu primeiro álbum, que resultou neste lançamento.
No mesmo ano, após a campanha, ela lançou o single e clipe da canção “Vingança”, de autoria do escritor Marcelino Freire e do músico Revoredo. Neste ano de 2022 ela lançou o single e clipe da canção “Vingança”, do autor Lupicínio Rodrigues, propondo uma releitura singular que transformou o samba canção em tango moderno.

Para o repertório, Mayra Clara selecionou algumas canções mais clássicas para além do primeiro single, como “Olhos nos olhos” (Chico Buarque), e mesclou com outras canções mais contemporâneas, inclusive, da música autoral pernambucana, a exemplo de “Eu não quero mais” (Igor de Carvalho / Juliano Holanda) e “Vingança” (Marcelino Freire e Revoredo).
É importante destacar, contudo, que o conceito da palavra ‘vingança’ nesse projeto tem também outro significado. A cantora utiliza como referência o filósofo Friedrich Nietzsche - “Sem música a vida seria um erro” - e o escritor Ferreira Gullar - “A arte existe porque a vida não basta" - para ressaltar que a arte em si é a própria vingança de toda pessoa artista da insuficiência da vida.
Conheça a trajetória de Mayra Clara
A artista é natural de Rio Branco (AC), mas foi criada desde a infância no Recife. Ela iniciou seus caminhos pela música por volta dos 10 anos de idade quando participou do grupo de música integrada Boca de Forno, do Conservatório Pernambucano de Música, na capital pernambucana.
Anos depois, com o fim do grupo, conheceu Antônio Madureira (Zoca Madureira) e foi convidada para participar de musicais infantis com ele e seus músicos em apresentações na Praça do Arsenal, Teatro de Santa Isabel e nos SESC’s de Caruaru, Arcoverde, Garanhuns e Petrolina.
Dos 12 aos 16 anos, Mayra fez participações especiais nos shows do sanfoneiro Arlindo dos 8 Baixos e foi quando teve suas primeiras experiências como cantora para grandes públicos.
Em 2014 ela realizou seu primeiro projeto solo, intitulado “O Tango na Voz de Mayra”, na cidade de Caruaru, agreste pernambucano. Em 2016, ela lançou seu primeiro EP (Ímã) com 5 faixas, e em 2020, o seu segundo EP (Vingança é prato que se come em forma de canção), com 3 faixas, sendo uma de sua autoria.