CHICO BUARQUE RODA VIVA: entenda a polêmica envolvendo Eduardo Bolsonaro
O advogado de Chico Buarque pede indenização de R$ 48 mil e uma publicação da sentença condenatória na mesma rede social usada para divulgar o post na internet
Da Estadão Conteúdo
O advogado de Chico Buarque, João Tancredo, vai entrar com uma nova ação contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL).
Depois de acionar judicialmente o filho de Jair Bolsonaro (PL), por uso indevido da canção "Roda Viva" em um post na internet e de ter como resposta da juíza Monica Ribeiro Teixeira um pedido de provas de que "Roda Viva" se trata mesmo de uma canção feita por Chico, João Tancredo, que representa o artista, decidiu usar uma estratégia para agilizar o processo.
"Prefiro encerrar essa ação e abrir outra com tutela antecipada de urgência, em que um novo magistrado terá que analisar essa tutela imediatamente", explicou ao Estadão.
Ele pretende ingressar com a nova peça na próxima segunda-feira, 5, colocando todas as provas de que, sim, Chico Buarque é o autor de Roda Viva.
Insistir em um recurso relacionado à primeira ação poderia atrasar o processo em até um ano, segundo Tancredo.
"O fato de Eduardo Bolsonaro estar no Catar deixaria tudo mais demorado", diz.
A nova ação será analisada por outro juiz, o que pode trazer também um outro entendimento sobre a questão mais polêmica levantada na decisão da juíza Mônica Ribeiro: a necessidade de comprovação de autoria de Chico Buarque sobre Roda Viva.
"Eu tenho 300 ações nesse meio artístico e nunca vi nada parecido", diz João Tancredo, que trabalha com artistas como Gil, Caetano, Djavan e os herdeiros de Mário Lago. Ainda assim, diz que irá anexar na nova ação todas as provas, incluindo manuscritos originais, de que Roda Viva foi feita por Chico em 1967 e apresentada ao público no III Festival da Música Popular Brasileira.
Outro fato chama atenção no entendimento da magistrada. Ainda que não pertencesse a Chico Buarque, a música traz a voz de Chico, o que já valeria como um pedido de retirada do post feito por Eduardo Bolsonaro por configurar desrespeito e falta de licença do direito de intérprete.
Mas a música, de fato, é de Chico. "Por ser de notoriedade pública, não precisava de comprovação. Eu tentei explicar isso à juíza e dei a ela uma chance de repensar o que estava fazendo, mas ela não quis."
Ele se refere a um embargo de declaração, uma espécie de pedido de esclarecimento feito pelo advogado quando percebe alguma falha ou contradição em uma decisão judicial.
Chico, segundo João Tancredo, recebeu a notícia de que deveria comprovar sua autoria com incredulidade. "Mas o que aconteceu, Tancredo? Não entendi nada", perguntou.
Enquanto João Tancredo segue na Justiça contra Eduardo Bolsonaro, pedindo uma indenização de R$ 48 mil e a publicação da sentença condenatória na mesma rede social usada para divulgar o post usando a música Roda Viva, Chico Buarque segue com sua nova turnê.
Ao passar por Brasília nas noites de terça e quarta, 29 e 30, ouviu pessoas pedindo para ele cantar a canção, algo que não faz há um tempo.
As únicas alterações que fez no repertório recente foram a inclusão de Mil Perdões, para homenagear sua intérprete, Gal Costa, que tem sua imagem exibida em um telão, e de Bastidores.
Os últimos shows do ano serão dias 8, 9 e 10 de dezembro, em Recife. Em 2023, ele retoma a estrada com uma temporada de quatro semanas no Rio, a partir de 5 de janeiro, e chega a São Paulo para outras quatro semanas a partir de 2 de março, na Tokio Marine Hall.