MINISTROS DE LULA: Quem é Margareth Menezes e quais os seus desafios na CULTURA
Ícone da música baiana, Margareth Menezes tem experiência em produção cultural e em projetos sociais ligados à cultura; conheça trajetória e desafios da nova ministra
A cantora Margareth Menezes foi oficialmente anunciada como responsável pelo Ministério da Cultura do governo de Luiz Inácio Lula de Silva (PT) nesta quinta-feira (22).
A artista baiana já estava na equipe de transição. O anúncio foi celebrado por parte considerável da esquerda. Além da experiência com projetos sociais e produção cultural, Menezes traz a representatividade de uma mulher negra.
A escolha também relembra o passe do primeiro governo Lula, em 2002, quando Gilberto Gil - também negro e baiano - foi empossado como ministro da cultura.
Ministros de Lula: os desafios de Margareth Menezes no Ministério da Cultura
Margareth Menezes terá grandes obstáculos no cargo, visto que a área foi rebaixada a secretaria especial, sofreu cortes e constantes trocas de comando no governo de Jair Bolsonaro - passaram por lá nomes como Mário Frias, Regina Duarte e Roberto Alvim.
O primeiro desafio do governo eleito será justamente a reestruturação complexa de um Ministério.
Desde a campanha de 2018, o governo Bolsonaro colocou a maior parte da classe artística dentro de um campo de batalha ideológico.
A Lei de Incentivo à Cultura (Lei Rounaet), que trabalha com verbas de renúncia fiscal de empresa, virou uma "verba de comprar artistas" nas redes sociais.
Assim, outro desafio será conseguir diálogo com a sociedade civil para que o uso das verbas da cultura seja melhor compreendido.
O novo Ministério da Cultura também terá de ter orçamento para bancar os programas de fomento. O primeiro embate sobre esse tema começou ainda neste ano, com o adiamento do pagamento das leis Aldir Blac 2 e Paulo Gustavo.
A medida provisória de Bolsonaro deixou a lei Paulo Gustavo ficará para 2023, enquanto a Aldir Blanc será em 2024.
A Lei Paulo Gustavo prevê a liberação de R$ 3,8 bilhões para estados e municípios a fim de reparar os danos causados pela pandemia da covid-19 no setor de cultura. Já a Lei Aldir Blanc 2 estima o repasses de R$ 3 bilhões da União aos estados e municípios por cinco anos.
Ambas as leis usariam as verbas do Fundo Nacional de Cultura. O recurso parte da União e segue direto para o projeto cultural, normalmente escolhido por meio de editais, chamadas e prêmios. É necessário garantir esse orçamento.
Outra área em que a verba é um desafio é o cinema. A proposta de orçamento de 2023 enviada por Bolsonaro excluiu a Condecine, que sustenta o Fundo Setorial do Audiovisual.
Quem é Margareth Menezes, Ministra da Cultura de Lula
Margareth Menezes da Purificação nasceu em 1962, na Boa Viagem, região da Península de Itapagipe, Salvador.
Em 1983, ela participou da fundação do Gran Circo Troca de Segredos, espaço cultural que revolucionou a cena cultural de Salvador.
A artista deu início a sua carreira musical em 1986, fazendo uma turnê pela Bahia. No ano seguinte, passa a realizar participações em gravações e em festivais. É dessa época o sucesso "Faraó - Divindade do Egito", que lançou junto com Djalma Oliveira.
Seu primeiro disco, auto-intitulado, chega em 1988. Logo a cantora despontou como um dos principais nomes como axé e samba reggae, fazendo shows em todo o mundo.
Margareth Menezes na Cultura: Conheça os projetos da cantora
Em 2005, Menezes lançou o Movimento Afropop Brasileiro, bloco sem cordas que festeja a cultura negra no Brasil.
O Afropop recebe apoio de grandes blocos afro (Ilê Aiyê, Muzenza, Cortejo Afro, Filhos de Gandhy e MalêdeBalê), além de reunir nomes como Gilberto Gil, Daniela Mercury, Lazzo, Roberto Mendes, Virgínia Rodrigues, Mariene de Castro, entre outros.
Em 2008, ela deu início às atividades da Fábrica Cultura, seu projeto social. A ONG começou atuando na Ribeira (bairro onde morou na infância), oferecendo cursos profissionalizantes para jovens e oficinas de arte e educação para crianças.
Atualmente, através do apoio de instituições parceiras, a Fábrica Cultural conta com quatro sedes na Península de Itapagipe, uma no Bonfim e um novo espaço no bairro do Jardim Cruzeiro. O projeto desenvolve importantes projetos, como o Na Trilha da Cidadania, o Circulando Arte e o Conversa na Varanda.
Ela também idealizou o Mercado Iaô, evento realizado numa antiga fábrica e que reune música, moda, gastronomia, artesenato e economia criativa.