LIVRO DO PRÍNCIPE HARRY: confira as polêmicas revelações de Harry sobre a família real britânica em autobiografia
O livro do príncipe Harry, intitulado "Spare" ("O Que Sobra", em português), está fazendo sucesso
Com AFP
Ninguém da família real britânica saiu ileso do livro escrito pelo príncipe Harry. Nem seu pai, o rei Charles III, nem seu irmão, William, alvo das piores críticas, nem a rainha consorte Camilla ou mesmo sua cunhada, Kate. Nem mesmo ele próprio, que expôs sem o menor pudor, relatos de sua juventude marcada pelo uso de drogas e álcool.
Harry disse que decidiu trazer à tona suas feridas não para "afundar" a monarquia, e sim porque considerava que cabia a ele tentar mudá-la para proteger os filhos de William.
"Sei que, dessas três crianças, pelo menos uma acabará como eu, o substituto, e isso me preocupa", declarou em entrevista ao jornal The Telegraph, feita antes do lançamento do livro na Califórnia, onde vive.
"Não se trata de tentar afundar a monarquia, e sim de salvá-la de si mesma", ressaltou Harry. “Sei que serei crucificado por muitos ao dizer isto”, reconheceu, acrescentando que, apesar de tudo, deseja se reconciliar com a família.
O príncipe Harry também se dirigiu diretamente à família real e lhe pediu que se desculpasse com sua esposa, ex-atriz americana Meghan Markle, "porque eles sabem o que fizeram. Então reconheçam, e poderemos passar para outra coisa".
O LIVRO DO PRÍNCIPE HARRY
Harry conta que seu pai não o abraçou quando lhe contou sobre a morte de sua mãe, Diana - quando ele tinha 12 anos -, deixando-o sozinho no quarto.
William - herdeiro ao trono - a quem descreveu como seu "irmão amado e inimigo declarado", concentra suas críticas em um relato que o descreve como um homem temperamental e que nunca gostou de Meghan.
Segundo Harry, William a considerava "grosseira" e "ríspida" e em uma discussão entre eles em 2019 o sacudiu e o fez cair na tigela do cachorro.
O príncipe descreve uma grande rivalidade com William, o herdeiro, e ele, o "sobressalente".
"Eu era a sombra, o substituto, o plano B", contou.
Ele também acusou sua madrasta, Camilla, que durante anos foi demonizada pelos jornais britânicos, mas que agora é popular, de ter sustentado uma "campanha pela condição de esposa e, finalmente, pela coroa" por anos.
No livro, ele revela alguns segredos menores, mas outros de grosso calibre.
Ele conta que em seu primeiro encontro com Meghan, a rainha Elizabeth II perguntou a ela sua opinião sobre Donald Trump, então candidato à Casa Branca. Aparentemente, Meghan deu de ombros.
Ele também revela que soube da morte de Elizabeth II pela página da BBC, quando viajava sozinho para a Escócia, já que não foi informado por seu entorno, que viajou em aviões particulares para estar no leito de morte da monarca.
- Uma "lacuna" familiar -
Ante a coroação do rei Charles III, em 6 de maio, "sinceramente não acredito" que uma reconciliação seja possível, disse à AFP Pauline Maclaran, professora da Royal Holloway University e autora de um livro sobre a monarquia.
"Eu realmente não vejo como isso pode acontecer, com tantas coisas claramente ofensivas a seus familiares, com detalhes pessoais", acrescentou.
"Se havia empatia e compaixão, uma ideia que supostamente estaria por trás da Archewell (fundação criada por Harry e Meghan), se perderam no meio do caminho", acrescentou a especialista.
Harry reconheceu que não fala com seu irmão ou seu pai "há algum tempo" e descartou que voltará a trabalhar para a família real. Ele também não confirmou se comparecerá à coroação de seu pai.
"A lacuna não poderia ser maior antes deste livro", escreveu ele.
A lista de agradecimentos ocupa duas páginas inteiras e não deixa espaço para os membros da família real, destacando o trabalho dos "profissionais, médicos especialistas e instrutores" que permitiram que ele permanecesse forte "mental e fisicamente".
Isso fez com que "fontes próximas à família real" dissessem ao jornal The Independent que, para o rei, Camilla e William, a situação não pode melhorar, já que Harry foi "sequestrado pela seita da psicoterapia e por Meghan".
O Palácio de Buckingham respondeu com um frio silêncio à publicação dessas memórias, assim como à transmissão de um documentário altamente crítico sobre a instituição no mês passado na Netflix.
PRÍNCIPE HARRY acusa PRÍNCIPE WILLIAM de agressão em 2019
Príncipe Harry editou livro por medo de que Charles e William não o 'perdoassem'
Harry cortou trechos de suas memórias, por medo de que seu pai e seu irmão nunca o "perdoassem" por certas revelações.
"O primeiro rascunho era muito diferente. Tinha 800 páginas, agora só tem 400. Poderiam ter sido dois livros. O mais difícil foi tirar coisas", disse Harry, em entrevista ao jornal The Telegraph.
"Coisas aconteceram, principalmente entre meu irmão e eu e, até certo ponto, entre meu pai e eu, que não quero que o mundo saiba. Porque acho que nunca me perdoariam", confessou o príncipe.