Democratizando o acesso à arte e incentivando a formação de novas plateias em espaços públicos, o espetáculo de dança contemporânea Lumiar terá sua estreia no Parque Treze de Maio, no bairro da Boa Vista, coração do Recife, nesta sexta-feira (14), às 19h30.
A apresentação tem direção e performance da artista Marina Mahmood, acompanhada da trilha sonora desenhada ao vivo pelos músicos iezu kaeru, Diego Drão e Daniel Fino, e assistência de direção de Lau Veríssimo.
Lumiar é um espetáculo que busca resgatar a essência humana estimulando o acesso a memórias ancestrais através do movimento do corpo, da interação com o elemento fogo e de estímulos sonoros que dançam junto.
O ambiente criado vai, aos poucos, convidando o público a imergir em suas realidades internas, instintos e intuições, materializando e transmitindo sensações a partir da alquimia desenvolvida pela intérprete.
A dançarina Marina Mahmood utiliza materiais como bambolê, ferros e pó de serra para criar a relação com o fogo, em uma performance que inspira a potência que há dentro de todos nós, o amor, o autoamor, a magia de viver.
"Durante os processos de criação buscamos trazer à tona a ritualística do fogo, elemento de transmutação que nos reconecta com o inconsciente e com a força ancestral. Permanecer ou dançar ao redor do fogo nos conecta com a natureza e nos lembra que, apesar de humanos, somos divinos. O ritual nos remete ao universo dos sonhos, ao que palpita verdadeiramente dentro de nós e à mágica dos encontros verdadeiros", detalha Marina Mahmood, quem assina a idealização, direção e performance de Lumiar.
"É o que chamamos de ‘entrelugar’ imaterial, onde acessamos esse ‘eu’ que é humano-animal e divino. Essa ‘fresta’ é um campo de permissão, nela podemos ser quem quisermos sem as limitações sociais, culturais, julgamentos e ‘nós’ psicológicos que impedem que sejamos verdadeiros conosco e com os outros. Para desatar essas amarras é necessário reconhecer e exercitar diariamente essa natureza instintiva e intuitiva que nos torna vulneráveis e, portanto, abertos".
Um dos recursos para acessar esse "campo de permissão" é a utilização da música no processo de montagem e apresentações: a partir de texturas sonoras e tons de cena em ápices, quebras e continuidades, a trilha - realizada ao vivo - é pensada enquanto proposta rítmica para ativar o movimento e emoções da performer e do público. Os músicos iezu kaeru, Diego Drão e Daniel Fino têm um papel ativo tanto no processo de montagem como também estando presentes em cena, propondo a interação entre essas linguagens.
Após a apresentação da performance Lumiar, a programação segue, às 20h30, com um debate que irá promover uma interação entre o público e a equipe criativa do espetáculo, contando com intérprete em libras para pessoas com deficiência auditiva. Às 21h haverá, ainda, a exibição da videodança Corpo Onírico.
Projeto Lumiar segue para a Ilha de Deus
Procurando criar novas formas de (r)existir nas grandes cidades e ainda lançando o olhar sob a natureza que insiste em desabrochar mesmo cerceada pelo concreto e hábitos culturais e sociais não salutares, o projeto Lumiar propõe ações educativas e de intervenção urbana, tendo enquanto território a ser trabalhado (posterior a estreia no Parque Treze de Maio) a comunidade da Ilha de Deus – ainda sem data definida. A ilha é uma Zona Especial de Interesse Social" (ZEIS) e representa uma das maiores áreas de mangue em zona urbana do Brasil.
O projeto Lumiar tem patrocínio do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE) e apoio do Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA), Centro Cultural Mercado Eufrásio Barbos e da Casona Estúdio. O evento é aberto ao público e será uma oportunidade para apreciar a arte e refletir sobre as possibilidades de inclusão na cultura.
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