Celebrando 80 anos, sendo 60 deles dedicado à arte, o artista plástico Raul Córdula inaugura, nesta terça-feira (25), a exposição "Espaço-Tempo" na Amparo 60, Zona Sul do Recife. Trata-se de uma mostra retrospectiva do seu trabalho, marcado por signos e símbolos abstracionismo geométrico. A visitação começa a partir desta quarta-feira (26), seguindo até 26 de maio.
"Espaço-Tempo" reúne mais de 20 obras de várias fases do pintor, do início, na década de 1960, quando tinha um viés mais figurativo, até trabalhos mais recentes, feitos em 2023.
Algumas telas trazem a interferência das figuras, depois a geometria vai se tornando cada vez mais presente, culminando com a geometria triangular, tão característica de seus trabalhos a partir dos anos 1980 - fase denominada pela crítica como "nova geometria".
A seleção foi feita pelo próprio artista. "São pinturas, gravuras, aquarelas sobre papel, guaches sobre papel. Meu trabalho começou na geração dos anos 1960, passou pelo abstracionismo e depois ela tornou-se mais geométrica, o que sigo fazendo até hoje", diz o artista.
"O triângulo da ponta da seta da Rosa dos Ventos se desenrolando, levou-me a pintar triângulos equiláteros girando na tela, uma procura de caminhos que me interessam até agora, neste momento de minha vida, e esta procura me deu inúmeras composições formais e colorísticas que são o arcabouço de minha pintura", escreve o artista.
A seleção traz obras como "Cuidado com este chão" (1965), datada do período da ditadura militar, tendo a terra e as ligas camponesas como motes; "Sem título" (1991), uma aquarela realizada durante temporada parisiense e "Composição" (2023), que expressa a força cromática e geométrica que marcam o trabalho de Córdula.
Um catálogo virtual foi montado com o recorte selecionado pelo artista e reúne, também, textos sobre sua poética assinados por diversos críticos de arte.
Mais sobre o artista
Raul Córdula começou a pintar em 1958, chegando a ilustrar as poesias da conhecida Geração 59, grupo de poetas da Paraíba. No início da década de 1960, viaja para o Rio de Janeiro e estuda história da arte no Instituto de Belas Artes e técnica em pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ.
Em 1967, tornou-se diretor do Museu de Arte Assis Chateaubriand de Campina Grande - Maac. Idealiza, em 1977, o Núcleo de Arte Popular e Artesanato - NAP, da Casa de Cultura de Pernambuco, no Recife. Entre 1978 e 1985, foi coordenador do Núcleo de Arte Contemporânea da UFPB.
Foi contratado pelo Museu de Arte da Moderna da Bahia - MAM/BA para coordenar a implantação do Salão MAM-Bahia de Artes Plásticas, em 1994. Tornou-se diretor de desenvolvimento artístico e cultural da Fundação Espaço Cultural da Paraíba - Funesc entre 1997 e 1998.
25 anos da Amparo 60
A exposição também marca o começo das celebrações dos 25 anos da Amparo 60. "O ano de 2023 é super importante para a galeria. Estamos completando 25 anos de história e vamos comemorar isso ao longo dos próximos meses. Nesse clima festivo, achei mais do que justo e pertinente convidar Raul Córdula, esse grande artista paraibano, radicado no Recife há tanto tempo, para abrir nosso calendário, nessa mostra que é celebrativa de sua trajetória", explica a galerista Lúcia Costa Santos.
Projeto Anexo, na Arte Plural
Mais obras de Raul Córdula outros oito artistas estão disponíveis na exposição nova edição do Projeto Anexo, na Arte Plural Galeria (APG), no Bairro do Recife. Os artistas são: Antônio Mendes, Gabriel Petribu, Luciano Pinheiro, Roberto Lúcio, Sebastião Pedrosa, Suzana Azevedo e coletivo Vacilante.
A mostra conta com desenhos, pinturas e esculturas, com acesso gratuito do público, de segunda a sexta-feira (das 9h às 18h), e aos sábados (das 14h às 18h).
São mostras mais compactas, que acontecem em espaço do primeiro andar da Arte Plural, em paralelo com exposições principais que ficam nos salões do térreo da APG. A visitação pode ser feita até o dia 19 de maio.
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