Vinte anos após lançar o seu primeiro álbum, Vanessa da Mata volta ao Recife para realizar a estreia nacional da turnê "Vem Doce", com espetáculo criado para divulgar o novo álbum homônimo - sem deixar de lado os grandes sucessos da carreira. O show ocorre no Teatro Guararapes, em Olinda, nesta sexta-feira (5), a partir das 21h30.
"Foi natural, mas não foi", brinca a cantora ao explicar, em entrevista ao JC, sobre a escolha da capital pernambucana para iniciar o giro nacional. Para a artista, o Recife é "irreverente" e "sabe da extensão da sua própria autoestima".
"Recife e Pernambuco são uma referência de riqueza e sustentação de uma cultura que me anima muito. De quem usa as leis de incentivo direito para manter o diálogo, ancestralidade e literatura musical totalmente vivas. Então, a coincidência só foi a confirmação. Amo estar por aqui e deu certo".
Dividido em três atos, o concerto de "Vem Doce" tem direção assinada por Jorge Farjalla e apresenta a artista revisitando sua trajetória pessoal e musical. Cada um dos atos do espetáculo conta com um cenário diferente, inspirado por grandes nomes do modernismo brasileiro, como Oswald de Andrade, Lina Bo Bardi, Hélio Eichbauer.
DISCO DE 'LIBERTAÇÃO'
Em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Vanessa lançou (dessa vez, não por coincidência) o seu sétimo álbum de estúdio, “Vem Doce”, que promove um encontro de vários gêneros da música brasileira, indo dos mais tradicionais aos mais modernos: forró e MPB estão juntos com R&B, pop e trap (representado pela parceria do cantor L7nnon). O álbum ainda tem parcerias de Ana Carolina, Marcelo Camelo, Ilan Adar, Dom Lucas e o pernambucano João Gomes.
O caldeirão de ritmos é delineado pela identidade artística de Vanessa, seja pela personalidade das composições ou timbre vocal singular. O disco representa, na verdade, um momento de maior protagonismo da intérprete na produção. “O disco em mais libertação, mais interferência, mais interação e mais completude como artista. Eu componho mais canções, tenho mais ritmos e mais instrumentos, mais interferências minhas e independência como produtora dele, mais poesia e menos pressão. O que, para mim, deixa a música em um lugar que consigo me expressar melhor”, diz.
“Esse disco teve 21 canções prontas e eu escolhi depois as finais. Ainda lanço uma última faixa na sexta, dia do show, que explica o tropical e deixa a manga sendo uma fruta mais nossa do que a maçã da Eva, aquela ideia que coça a cabeça para quem quer imaginar e se deliciar”, continua.
Sobre o ecletismo do projeto, ela justifica: “Bom, eu venho do Mato Grosso, onde ouvia todos os outros ritmos em convergência entre norte e sul. Minhas amigas gaúchas e nordestinas, dentre Vanerão, Chula, Folia de Reis, Gonzaga e Gonzaguinha, Tom Jobim. Não tem como não ser plural. Apenas uso minhas ferramentas e diálogos e isso para mim é riqueza.”
Na visão da cantora, no entanto, a variedade de ritmos sempre esteve presente em sua carreira. "É engraçado, porque meu amigo Wagner Moura disse exatamente o que você está dizendo sobre estar encantado com tantos ritmos. Mas eu percebo isso no disco 'Sim', no 'Quando Deixamos Nossos Beijos', entre outros. Talvez ele esteja mais plural com os instrumentos evidenciando ou mesmo na interpretação solta e sem desperdiçar nuances."
JOÃO GOMES
Com João Gomes, pernambucano de Serrita, Vanessa canta uma regravação de Belchior, um cearense. Em agosto de 2022, a cantora esteve no Recife para cantar na gravação do DVD do jovem cantor, no Marco Zero. "João já cantava músicas minhas. Ele uma vez mandou um direct inusitado para mim, da maneira doce e verdadeira dele. Aí, já me apaixonei por ele de imediato. Essa doçura e velhice na voz e maneira de ser me fizeram dar meu telefone, conversar com a mãe dele e daí por diante foi só amizade linda e admiração."
Em uma material produzido pela comunicação da cantora para divulgar do novo disco, Vanessa fala ainda mais sobre Gomes: "Eu de cara percebi uma toada de aboio na voz dele. A tradição é muito forte em seu cantar. Quando ouvimos João Gomes, sem o ritmo do piseiro, ouvimos todas as influências tradicionais dos vaqueiros. Isso me agrada muito! Ele tem o timbre e a entonação de um senhor da tradição nordestina cantando, transparecendo suas influências nos aboios."
Também foi na gravação do DVD de João que Vanessa conheceu L7nnon, dono do hit "Ai Preto". "Ele tem uma postura muito forte, uma voz personalizada, característica, identificável rapidamente. E eu tive a ideia de chamá-lo para acrescentar essa parte à música. Eu venho trabalhando com vários rappers há um tempo e acho que eles têm esse discurso muito próprio, rápido, não utilizando tanto melodia, que muitas vezes equilibra e contempla o meu jeito de cantar, minha maneira de fazer melodia. É outra faixa R&B, só que mais como canção brasileira”, diz, sobre a faixa "Fique Aqui".
SERVIÇO
Vanessa da Mata no show "Vem Doce"
Onde: Teatro Guararapes: Centro de Convenções de Pernambuco
Quando: nesta sexta-feira (5), às 21h30
Quanto: R$ 240 (plateia especial), R$ 200 (plateia), R$ 160 (balcão), com meia-entrada em todas as opções, à venda no site Sympla e bilheteria do teatro.
Informações: (81) 3182.8020
