A vida e a obra do compositor frevista Jota Michiles, de 80 anos, é contada no longa-metragem pernambucano "Frevo Michiles", que estreia na mostra competitiva nacional do Festival Internacional de Documentário Musical (In-Edit), no Cinesesc de São Paulo, nesta sexta-feira (16).
Com participações de Alceu Valença, Spok, Getúlio Cavalcanti e Edson Rodrigues, o filme presta uma reverência à contribuição de Michiles para a cultura nacional através de suas canções e histórias.
Dirigido por Helder Lopes, com produção de Kika Latache (Vilarejo Filmes), "Frevo Michiles" aposta num intimista que busca desvincular a vasta obra de Michiles e seus frevos do universo estritamente carnavalesco, destacando a inventividade poética de suas letras, o vigor de suas melodias e realçando sutis aspectos de sua marcante personalidade.
"Estive os últimos anos muito próximo a Michiles e pude acompanhar de perto toda a imprevisibilidade do seu pensamento e modo de ser. A família, os filhos, os netos, os amigos, todos parecem ter muito a oferecer e isso atribuo em parte à originalidade das coisas em que ele repara e nos faz enxergar", relata o diretor. "Nosso filme é também um convite a essa experiência, olhar com os olhos de Jota Michiles e enxergar com poesia carnavalizada a cidade, as manhãs de sol, os diabos louros e vampiras."
Helder Lopes é documentarista do Recife cujo trabalho tem se concentrado na pesquisa sobre grandes nomes da cultura brasileira, em especial os compositores da música popular. "Onildo Almeida: groove man" (2017) e "Pipoca Moderna" (2019), ambientados entre o agreste e o sertão pernambucanos, tornaram-se referências na filmografia recente sobre ritmos nordestinos como baião e as matizes do forró.
Para o diretor, o filme tem como grande mérito repassar e consagrar o legado do compositor para o frevo e o Carnaval brasileiro. "Ao mergulhar na obra de Jota Michiles percebemos a originalidade de suas composições a ponto de, em certo sentido, quase a denominarmos um subgênero dentro do frevo. O que ele faz, da forma que ele faz, não tem precedentes. Daí o título ‘Frevo Michiles’, porque, como diz Spok, o frevo até existia antes dele, mas dele pra frente o frevo tornou-se outro", explica Helder Lopes.
As sessões de estreia contarão com as presenças de Jota Michiles e de Helder Lopes, que também estarão presentes na Cinemateca Brasileira quando, na sequência do festival, no domingo (18), Michiles será homenageado com uma apresentação, após a exibição do filme, da Orquestra de Frevo Capibaribe, liderada pelo pernambucano Junior Kaboclo. O In-Edit Brasil acontece entre os dias 14 e 25 de junho na cidade de São Paulo.