MÚSICA

Livro resgata legado Euclides Fonseca, esquecido maestro e compositor pernambucano

Obra, que só chegou até a atualidade pelo trabalho de parentes, agora está registrada em "As Lyras de Euclides: Íntegra das obras do compositor pernambucano Euclides de Aquino Fonseca para voz(es), piano e outros instrumentos"

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 16/06/2023 às 18:29
CEPE/DIVULGAÇÃO
Maestro, pianista e compositor, o pernambucano Euclides Fonseca (1835–1929) - FOTO: CEPE/DIVULGAÇÃO

O maestro, pianista e compositor, o pernambucano Euclides Fonseca (1835–1929) é mais um daqueles grandes nomes de sua área a cair no esquecimento após a morte. O artista teve papel importante para a música universal: compôs óperas, peças de concerto, canções de câmara e lyras (coleção de músicas ligadas ao canto).

A obra de Fonseca só chegou viva até a atualidade pelo trabalho de parentes: a bisneta Eleonora Fonseca e a esposa de um neto de Euclides, Zilda Fonseca. As duas conseguiram preservar 88 obras das 250 destruídas pelo tempo. O rico acervo manuscrito está guardado na Biblioteca José Antônio Gonsalves de Mello, no Instituto Ricardo Brennand (IRB), na Várzea.

Foi no IRB que o musicólogo, maestro e professor da UFPE, o capixaba Sérgio Dias, também consultor do acervo, começou a pesquisar a obra de Euclides, a partir de 2010, até conceber o livro "As Lyras de Euclides: Íntegra das obras do compositor pernambucano Euclides de Aquino Fonseca para voz(es), piano e outros instrumentos", editado pela Cepe.

O evento de lançamento ocorrerá neste sábado (17), das 15h às 18h, no IRB, com direito a sessão de autógrafos e a um concerto com seis músicos amigos do maestro e duração prevista de 40 minutos.

Em meio à coleção de composições, constam mais de 20 obras para voz e piano, que o próprio Euclides dividiu em duas partes: a lyra Pernambucana, inspirada na produção pernambucanos, e a lyra Exótica, em poesias escritas por nomes nacionais.

Caso de Antônio Gonçalves Dias (1823–1864). Sérgio incluiu mais uma lyra, a qual batizou de Orfeônica, por se tratar das canções criadas por Euclides para o orfeão (coro) de mulheres da Escola Normal do Recife, onde trabalhou em 1901. "É a maior coleção para voz e piano que se tem notícia, e me chamou muita atenção", enaltece Dias. São hinos e obras com tema cívico ou folclórico.

OBRA

Ex-membro da Academia Brasileira de Letras, Euclides Fonseca ajudou a manter viva a música de concerto do Recife entre o final do século 19 e início do século 20, garantindo uma identidade local. Suas liras, além de poéticas, são também material histórico, pois nos ajudam a entender nosso passado musical.

Para autor e obra ficarem conhecidos também era preciso sair de Pernambuco, o que Euclides não quis. Carlos Gomes (1836-1896) chegou a convidá-lo para trabalhar em Belém do Pará, e Alberto Nepomuceno (1864-1920) tentou levá-lo para o Rio de Janeiro, mas nenhum dos dois teve êxito.

Admirado até mesmo por Heitor Villa-Lobos (1887-1959) - considerado o mais criativo compositor de música clássica do século XX -, o estilo esteticamente conservador de Euclides também contribuiu para que o nome do maestro caísse no esquecimento. "Quando ele morreu, o Modernismo já estava em seu auge, deixando a música dele um tanto 'demodê'", explica Sérgio.

O AUTOR

Sérgio Dias é graduado em Flauta, Composição e Regência, pós-graduado em Educação Musical, em Arte e Cultura Barroca, mestre em Música (com área de concentração em Musicologia Histórica) e doutor pelo Departamento de Ciências Musicais da Universidade Nova de Lisboa.

Ex-professor do Conservatório Brasileiro de Música, ex-titular de Harmonia, Contraponto, Fuga e Estruturação Musical da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) e ex-professor de História do Teatro da Escola de Artes Fafi (Prefeitura Municipal de Vitória-ES). Ex-professor substituto de História da Música do Conservatório de Coimbra e da Escola Superior de Educação de Lisboa.

Desde 2009 é professor efetivo (Cátedra de Musicologia Histórica), regente e pesquisador do Departamento de Música da Universidade Federal de Pernambuco. Em 1989 criou, junto ao Centro Cultural Pró-Música de Juiz de Fora, os Festivais Internacionais de Música Colonial Brasileira e Música Antiga, dos quais foi conselheiro artístico e regente da Orquestra Histórica.

SERVIÇO
Lançamento do livro As Lyras de Euclides: Íntegra das obras do compositor pernambucano Euclides de Aquino Fonseca para voz(es), piano e outros instrumentos (Cepe), de Sérgio Dias
Quando: neste sábado (17), das 15h ás 18h
Onde: Instituto Ricardo Brennand - Sala do Conselho - 3º andar
Preço: R$ 120 (livro impresso) e R$ 48 (e-book)
Promoção dia de lançamento: R$ 99

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