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EXPOSIÇÃO

Famosa dupla de grafiteiros OSGEMEOS realiza no Recife a sua primeira exposição no Nordeste; saiba como visitar

"OSGEMEOS: Nossos Segredos" está montada no Instituto Ricardo Brennand, Zona Oeste da capital, até 27 de agosto

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 27/06/2023 às 15:59 | Atualizado em 29/06/2023 às 11:47
FILIPE BERNDT
Dupla de artistas visuais OSGEMEOS - FOTO: FILIPE BERNDT

"Essa é uma arte da rua. Ninguém te fala como fazer. É a voz da rua. Usamos a rua como ateliê, como experimento. A gente pintava, a prefeitura pintava por em cima e nós pintávamos ainda mais vezes depois".

A fala é de Gustavo Pandolfo, que forma a dupla OSGEMEOS ao lado do irmão Otavio. Reconhecidos internacionalmente, os paulistas possuem obras espalhadas por cidades de todo o mundo, seja com telas, instalações ou murais.

O universo imagético da dupla, com forte influência do grafitti (e da cultura hip hop como um todo), agora entra em contraste com o aspecto medieval dos prédios do Instituto Ricardo Brennand, localizado na Zona Oeste do Recife. 

É lá que está montada a exposição "OSGEMEOS: Nossos Segredos", a primeira realizada por eles no Nordeste do Brasil. A mostra fica em cartaz a partir desta quarta-feira (28) até o dia 27 de agosto. Veja dias, horários de visitação e preços no final da matéria.

O título "Nossos Segredos" não foi escolhido à toa: o projeto é montado para contar toda a trajetória artística dos irmãos gêmeos, que tiveram contato com a cultura hip hop em sua gênese no Brasil, ainda nos anos 1980.

Obra

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Obra da exposição 'OSGEMEOS: Nossos Segredos', no Instituto Ricardo Brennand - DIVULGAÇÃO

O público poderá ver 800 obras, entre desenhos, imagens e telas produzidas a técnica do grafite, além de grandes bonecos - alguns deles integram instalações mecânicas que se movem com música. É como um mergulho em um universo bastante particular e lúdico, apelidado de "Tritrez" pelos artistas.

OSGEMEOS também ficaram bastante conhecidos por conta um traço fino, uma técnica que aproxima o spray de uma caneta - mas sem nada interferindo no bico da lata. 

"Nos anos 1980, quando conhecíamos grafiteiros dos Estados Unidos ou da Europa, nos perguntávamos como eles chegavam naqueles estilos. A exposição traz coisas que geralmente a gente não expõe, com um processo que começa no desenho", diz Otavio Pandolfo.

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Obra da exposição 'OSGEMEOS: Nossos Segredos', no Instituto Ricardo Brennand - DIVULGAÇÃO

"Começamos a dançar break nos anos 1980. A gente aqui no Brasil vivia do improviso, pela falta de informação. Estávamos atrasados em relação ao exterior, mas, com a imaginação, fomos criando uma linguagem própria. Isso é uma coisa muito rica do Brasil. Com pouco, é capaz de você fazer muito. O graffiti tem muito disso", diz Gustavo.

Seguindo a ordem proposta pela visitação, a exposição começa com uma linha do tempo, imagens, primeiros desenhos e logo traz obras que já não envolviam apenas o graffiti. OSGEMEOS aproveitavam objetos encontrados na rua, como caixas, já nos anos 1990.

Em seguida, o visitante poderá contemplar telas que impressionam pela criatividade e técnica. Um marco na trajetória da dupla foi conhecer o norte-americano Barry McGee, da Califórnia, que realizou exposição em São Paulo. Eles começaram a entender que poderiam viver de arte, criando tirinhas para jornais e ilustrações para revistas.

"O mercado da arte contemporânea é fechado, então não foi fácil. Nós não temos formação acadêmica de artes plásticas. Para nós, você é artista e acabou. Conseguir fazer o que fizemos até hoje foi difícil. Os convites para trabalhos no Brasil só surgiram depois que tínhamos feito muita coisa fora", diz Otávio.

Pernambuco

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Obra da exposição 'OSGEMEOS: Nossos Segredos', no Instituto Ricardo Brennand - DIVULGAÇÃO

Gustavo e Otavio Pandolfo gostam de agregar alguns elementos das cidades por onde passam. Na exposição do Instituto Ricardo Brennand, por exemplo, é possível ver uma imagem de Chico Science dançando break na boate Misty, nos anos 1980. Também está exposta a capa que a dupla fez para um disco de Siba Veloso, "Toda Vez Que eu Dou Um Passo o Mundo Sai do Lugar" (2007).

"Por conta do Siba fomos visitar Nazaré da Mata e ficamos abismados com a maracatu, sobretudo com o Mestre Barachinha, que faz as roupas", diz Gustavo. Algumas das telas, inclusive, contam com lantejoulas que lembram as vestimentas do maracatu.

"São Paulo não é berço do hip hop. Estava tudo acontecendo ao mesmo tempo no Brasil. Influência todo mundo tem, faz parte."

Uma das salas também mostra trabalhos de um projeto realizados junto à mãe dos artistas, uma incentivadora desde os primórdios. Ela produziu bordados com desenhos que eles fizeram.

Quem visitar a exposição terá acesso a todos os outros prédios do Instituto, que salvaguarda um valioso acervo artístico e histórico originário da coleção particular do industrial pernambucano Ricardo Coimbra de Almeida Brennand.

SERVIÇO
Exposição "OSGEMEOS: Nossos Segredos"
Onde: Instituto Ricardo Brennand, na Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea
Visitação: da 28 de junho a 27 de agosto, de domingo a domingo, das 9h às 21h
Quanto:

De segunda a sexta
Das 9h às 17h: R$ 50 e R$ 25
Das 17h às 21h: R$ 80 e R$ 40

Sábados e domingos
Das 9h às 17h: R$ 80 e R$ 40
Das 17h às 21h: R$ 100 e R$ 50

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