O trio paranaense Tuyo, formado pelas irmãs Lio e Lay Soares, juntas ao instrumentista Jean Machado, é mais uma atração confirmada da 20ª edição No Ar Coquetel Molotov, marcado para 21 de outubro, no Campus da UFPE.
O grupo musical, que traz em suas músicas uma mistura de afrofolk com percussão, beats, sintetizadores e bastante experimentação, se junta a atrações como Luedji Luna, N.I.N.A, Irmãs de Pau e Deekapz.
O No Ar está no processo de construção da edição de aniversário de 20 anos de história. "A linha curatorial é sempre uma mistura muito grande da novidade com artistas já esperados", diz Ana Garcia, diretora do festival, ao JC.
A edição de 2022, que utilizou várias áreas da UFPE, como a Concha Acústica, teve bons feedbacks. "Foi uma espécie de nostalgia, pois passamos muito tempo com o festival no teatro da universidade. Também uma sensação de descoberta, pois é um lugar muito acessível, com áreas verdes, aberto. Existem muitas possibilidades ali dentro, o que deixou todo mundo feliz e animado."
Desafios
O período do pós-pandemia, com uma "explosão" de festivais em todo o país, tem criado um contexto desafiador para os festivais independentes, como é o caso do No Ar.
"Os desafios estão sendo triplicados. Os nossos desafios são sempre financeiros, mas estou esperançosa que agora iremos conseguir ter bons retornos de patrocinadores. Ainda estamos fechando os patrocínios", diz Garcia.
A produtora cultural ressalta sobre a importância de uma Lei de Mecenato - modelo em que as atividades culturais são fomentadas por meio da conjugação de recursos do poder público estadual com os de instituições privadas, no qual ocorra renúncia fiscal nas modalidades doação, patrocínio e investimento.
"Deixamos de receber milhões em patrocínio por causa disso. Quando você olha para a Bahia ou para o Rio Grande do Norte, os festivais independentes conseguem começar o seu ano trabalhando", diz.
Ana Garcia reconhece que a mudança do governo federal é um bom indicativo para os eventos. "Mas ainda precisamos de empresas que enxerguem como se usa a lei. Muitas empresas daqui (Pernambuco) não usam a lei."
20ª edição
A marca No Ar Coquetel Molotov surgiu como um programa de rádio, da Rádio Universitária, com um grupo de cinco estudantes de jornalismo da UFPE.
"O programa focava em música diversa, tanto pop quanto música 'obscura'. Depois de um tempo começamos a entender que existia uma cena independente no Brasil e que seria incrível conhecer mais esses artistas", relembra Ana.
Os pais de Ana foram os fundadores do festival Virtuosi, de música erudita. "Vê-los trazendo artistas do mundo inteiro para o Recife nos inspirou a tocar o festival. Íamos contra a maré, pois existia um apelo pop muito grande e buscamos artistas underground que dialogassem mais com essa cena independe".
A primeira edição ocorreu em 2004, no Teatro da UFPE, tendo como grande destaque a Teenage Fanclub, banda inglesa idolatrada por Kurt Cobain. O evento permaneceu na UFPE por nove anos - a edição de 2009 foi realizada no Teatro do Centro de Convenções.
"Após 10 anos, entendemos que as pessoas estavam mudando muito a forma de consumir a música. Queríamos experimentar, levando o festival para uma área aberta. Os festivais aqui eram sempre em lugares fechados, então queríamos pegar o dia, ter palco mas também praça de alimentação, feira. O ano de 2013 foi o primeiro ao ar livre, na Coudelaria Souza Leão".
Após três edições na Coudelaria, o evento mudou-se para o Caxangá Golf Club, onde passou mais três anos. "Foi incrível experienciar esses lugares diferentes, dando novos significados para eles. Eram espaços que a maior parte do nosso público nunca ocupou, ambientes geralmente vistos como elitizados e que a gente não tem tanto acesso."
Além do evento musical, o No Ar realizará, de 18 a 20 de outubro, o Coquetel Molotov Negócios, realizado em espaços do Bairro do Recife.
