Greta Gerwig fez o que quis com Barbie. E deve entregar um dos melhores filmes da temporada no próximo 20 de julho. Ao menos é o que indicam os 26 minutos inéditos do longa que alguns veículo de imprensa assistiram a convite da Warner.
A exibição exclusiva para imprensa e influencers ocorreu na Cidade do México, no último 7 de julho. E evento semelhante só se repetiu em outras sete cidades pelo mundo: Los Angeles, Nova York, Londres, Berlim, Sydney, Toronto e Seul.
O estúdio também viabilizou entrevistas com a protagonista Margot Robbie, o ator Ryan Gosling e a atriz America Ferrera, que serão publicadas em breve. Assim como a crítica do filme completo, assim que disponível. Mas já é possível responder a algumas perguntas.
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Sobre o que é Barbie?
Se a princípio era difícil entender o que afinal é o filme da Barbie - um live action? uma comédia escrachada? uma biografia da boneca ou da Mattel? -, o trecho exibido pela Warner sinaliza. Parece ser uma sátira à hegemonia masculina no mundo.
A Barbie de Margot leva uma vida leve e, por que não, fútil. Até que um acontecimento do mundo real provoca uma ruptura na rotina perfeita da boneca. Ela então é forçada a deixar o conforto da Barbieland para tentar corrigir o problema no lado humano da história.
E embora o caráter cômico seja super competente, talvez seja só a superfície. Ao fim do segmento direto que mostra a primeira parte do filme, o estúdio juntou um compacto de cenas do restante da trama.
E dali brota uma carga dramática digna da diretora que carrega a produção. É fundamental lembrar que Greta Gerwig é a cineasta indicada ao Oscar por "Adoráveis Mulheres" e "Lady Bird".
Não soa como um panfleto feminista
Logo de cara o filme surpreende alfinetando que o mundo das bonecas é da mais pura fantasia. E que a igualdade de gênero, ou uma suposta primazia feminina, só existem na Barbieland.
Isso explica por que Margot Robbie, que faz a personagem-título, pensou: "Pena que [este filme] nunca verá a luz do dia, porque nunca vão nos deixar fazer". O roteiro cita nominalmente a - e tira sarro da - Mattel, criadora da boneca, tocando na ferida por mais de uma vez. Lembrando: isso só na primeira meia-hora de filme.
Mas não soa como um panfleto feminista. O longa exalta o poder das mulheres, sim, e não se limita a nenhuma discussão. Mas usa o deboche e o humor para atacar a temática, de forma esperta. Tudo contribui para o riso fácil.
Elenco afinado
As atuações têm ótimos momentos. Especialmente da estrela Margot Robbie. Se ela não era a primeira opção - a própria Robbie como produtora do filme queria Gal Gadot (Mulher Maravilha) no papel -, a escolha não poderia ter sido melhor.
A atriz tem um alcance performático absurdo. Não por acaso, consegue dar vida a personagens como Arlequina (O Esquadrão Suicida) e Tonya Harding (Eu, Tonya). Como a Barbie Estereotípica, ela dosa muito corretamente o charme, a esquisitice, a extroversão e a alienação que só uma boneca de padrões irrealistas é capaz de ter.
E não está sozinha. O time de atrizes escalado para encarnar as diferentes facetas da boneca mostra resultados excelentes - ao menos no trecho assistido. Cada uma na própria característica, com uma diversidade pouco comum no cinema hollywoodiano.
Os atores também estão fortes, com destaque para os Ken de Ryan Gosling e Simu Liu. Além do Alan, Michael Cera. Sinergia e entrosamento que transbordam da tela. Mas são o que foram feitos para ser: coadjuvantes.
Cada detalhe conta
O rigor na cenografia também colabora com a fantasia. Alimenta o exagero, quando necesário, e ajuda a provocar reflexão, quando vital. A estética é toda pensada na minúcio e no detalhe. Uma produção concebida em cada singularidade.
Ao que tudo indica, Barbie é um filme para todo mundo assistir rindo, enquanto pensa sobre como seria um mundo menos injusto. E chorar desejando que este mundo vire realidade.
Ao menos é o que o trecho assistido permite concluir. Resta ver se a impressão se sustenta na exibição do filme inteiro. Afinal, quem nunca viu um filme que começa bem e depois patina? A conferir...