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Série resgata histórias importantes mulheres negras do Brasil

Com um formato de 'pílulas' audiovisuais, os episódios de 'Pretas na História' exploram a importância de nomes como Dandara, Aqualtune, Xica Manicongo e mais

Emannuel Bento
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Emannuel Bento
Publicado em 19/07/2023 às 15:29
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Filmagens de "Pretas da História", exibida nos intervalos da TV Pernambuco - FOTO: DIVULGAÇÃO

Quais as mulheres negras do passado que nomeiam ruas, bairros e cidades no Brasil? Ou que são constantemente lembradas em salas de aula? Ao mergulhar na história, fica evidente o apagamento dos feitos dessa parcela da população no passado.

Elas existiram, contudo. Fosse como princesa escravizada que se tornou grande líder em um quilombo, uma alforriada que mudou a vida de outras mulheres e escandalizou a sociedade por conta de sua inteligência e riqueza.

A série "Pretas na História", dirigida e roteirizada por Danielle Valentim, com produção de Pollyana Melo, quer contribuir com a ampliação de conhecimento sobre esse tema.

O projeto lança luz em vivências de nomes simbólicos da luta antirracista e feminista do país, sendo exibida nos intervalos da programação da TV Pernambuco, a partir da próxima quinta-feira (20).

Cada episódio possui 3 minutos de duração e realiza um mergulho nessas histórias, utilizando imagens de arquivos e entrevistas, enfatizando sempre a grandeza de seus atos e as marcas que deixaram para posteridade, ainda que longe de possuírem o reconhecimento devido pelo meio acadêmico e popular.

Personagens

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Filmagens de "Pretas da História", exibida nos intervalos da TV Pernambuco - DIVULGAÇÃO

As dez personagens históricas são: Dandara, figura mitológica reconhecida como heroína negra e esposa do líder quilombola Zumbi dos Palmares; Aqualtune, uma das grandes líderes de Palmares; Xica Manicongo, referência histórica para os movimentos LGBTQIAPN+ por desafiar padrões de gênero em sua época; Nzinga, rainha com papel decisivo na luta anticolonial em Angola; Páscoa Vieira, escrava que enfrentou o Tribunal da Inquisição com inteligência e perspicácia.

Ainda complementam a lista de personagens: Esperança Garcia, escravizada reconhecida como primeira advogada negra do Brasil; Tereza de Benguela, líder quilombola símbolo da luta contra a escravidão; Rosa Egipcíaca, autora do mais antigo livro escrito por uma mulher negra no país; Rita Cebola, comerciante que escandalizou a sociedade baiana por sua inteligência, luxo e riqueza; e Luzia Pinta, escrava alforriada que realizava atendimentos espirituais de cura e adivinhação.

Concepção

"O Pretas da História surgiu antes mesmo de ser concebido como um projeto audiovisual, quando eu ainda estava nas pesquisas da graduação. Estudava fotografia do século XIX e me deparei com os inquietantes retratos de mulheres escravizadas", explica a diretora Danielle Valentim.

"As imagens me hipnotizaram e ao mesmo tempo causaram desconforto. Incômodos com a lascívia de corpos negros que permanecem imutáveis, até o tempo atual. Então me questionei como eu poderia contribuir para mudá-los. Fui estimulada por um grupo de amigas a transformar isso tudo em algo que pudesse ser compartilhado com o mundo e a partir daí iniciamos a realização do projeto. Encarei como missão fazer ecoar a força das minhas ancestrais", continua.

Memória

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Filmagens de "Pretas da História", exibida nos intervalos da TV Pernambuco - DIVULGAÇÃO

"Ainda somos um país muito carente de informações sobre a nossa própria história. Essa falta de acesso faz com que a gente não se reconheça e acabe por perpetuar preconceitos. Nesse sentido, ao ser exibida numa TV pública e aberta, para todas as faixas sociais e etárias, a série contribui para uma reparação histórica que é urgente", diz a produtora executiva Pollyanna Melo.

"Com um formato de 'pílulas' audiovisuais, os episódios poderão ser vistos em diferentes horários durante a programação, o que amplia seu alcance e ajuda a reverberar a vida e a importância dessas mulheres."

Os episódios são conduzidos por Mohana Uchôa, com depoimentos da professora Maria Emília Vasconcelos. A equipe envolvida no projeto é composta em sua maioria por mulheres. A série foi realizada com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), por meio da Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco, com apoio da TVPE.

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