Aracy Balabanian foi atriz polivalente e figura fundamental da TV brasileira
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, artista se destacou também no teatro e transitou com segurança entre o drama e a comédia
Uma das figuras mais conhecidas da teledramaturgia brasileira atriz, a Aracy Balabanian morreu aos 83 anos, no Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (7). Ela estava internada na Clínica São Vicente, no bairro da Gávea. A causa da morte ainda não foi confirmada. Contudo, a atriz tinha sido diagnosticada com um câncer de pulmão recentemente.
Ao longo de mais de seis décadas de carreira, ela se destacou também no teatro e criou personagens marcantes com um talento polivalente, e sempre transitou com segurança entre o drama e a comédia.
Entre seus papéis mais memoráveis nas novelas e programas da Globo estão Dona Armênia, de "Rainha da Sucata" (1990) e "Deus Nos Acuda" (1992), e a matriarca italiana Filomena, de "A Próxima Vítima" (1995), além de Cassandra, em diversas temporadas do programa humorístico "Sai de Baixo".
Vida e obra
Aracy Balabanian nasceu no dia 22 de fevereiro de 1940, em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Filha de imigrantes armênios, ela descobriu o teatro na infância, quando já vivia em São Paulo e foi levada pelas irmãs para assistir a uma peça de Carlo Goldoni com a companhia de Maria Della Costa. Ela tinha 12 anos.
Na cidade, na adolescência, cursou a Escola de Artes Dramáticas (EAD), da Universidade de São Paulo, e fez sua estreia no teatro no final dos anos 1950.
Chegou à TV em 1964, quando participou da novela "Marcados Pelo Amor", de Walther Negrão - autor com quem faria diversos outros trabalhos - e Roberto Freire, exibida pela TV Record. No elenco, ainda estavam nomes como Francisco Cuoco e Cláudio Marzo.
Logo migrou para a TV Tupi, a principal produtora de novela nos anos 1960. Na emissora participou de produções como "Meus Filhos, Minha Vida" (1967), "Antônio Maria" (1968) e "Nino, O Italianinho" (1970), sempre como protagonista.
Destaque na Globo
Aracy estreou na TV Globo em 1972, emissora com a qual sua imagem ficou associada e na qual emendou uma novela atrás da outra. A primeira delas foi "O Primeiro Amor", escrita por Walther Negrão.
Logo em seguida, a atriz entrou para o elenco do programa infantil Vila Sésamo, uma coprodução brasileira entre a TV Globo e a TV Cultura do popular programa de televisão infantil norte-americano Sesame Street. Aracy deu vida à Gabriela, uma moça que gostava de dançar e cozinhar.
Logo em seguida, em 1974, foi convocada para mais uma protagonista, dessa vez na novela "Corrida do Ouro", a primeira na carreira do autor Gilberto Braga. Na trama, a atriz interpretou a mocinha sofredora Teresa Rodrigues. Ao seu lado no elenco estavam atores como Walmor Chagas, Sandra Bréa e José Wilker, nomes com quem contracenaria outras vezes ao longo da carreira.
Repercussão
Parceiro de Balabanian no Sai de Baixo, o ator Miguel Falabella publicou uma homenagem à atriz nas redes sociais. "Minha amada Aracy, minha rainha, atriz de primeira grandeza, companheira irretocável, amor de muitas vidas. Obrigado pela honra de ter estado ao seu lado exercendo nosso ofício, obrigado pelo afeto, pelos conselhos, pelas gargalhadas e pela vida que você tão delicadamente me ofereceu".
"Uma atriz referência para todos nós, um ícone de várias gerações, seus personagens ganharam as ruas com seus bordões maravilhosos, com sua integridade, sua dignidade, sua inteligência e humor", publicou a atriz Beth Goulart.
A atriz Patrícia Pillar também se despediu de Balabanian. "Atriz adorável, com seu jeito tão próprio, tão original... Lembro a alegria enorme que senti quando soube que trabalharia a seu lado em Rainha da Sucata! E sempre me senti assim a cada vez que trabalhamos juntas. Fico aqui com o coração partido, desejando paz e conforto a seus familiares, aos inúmeros amigos e fãs".
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, lamentou a morte na rede social X (antigo Twitter). "Notícia triste que recebo agora da partida da querida Aracy Balabanian. Uma grande mulher, filha de refugiados, pioneira na televisão brasileira, atriz brilhante. Impossível pensar em Aracy e não lembrar de suas risadas em cena como Cassandra. Fez história e vai fazer falta. Meus sentimentos à família e aos amigos", escreveu. A matéria usou informações da Agência Estado e da Agência Brasil.