A escritora Flávia Suassuna foi eleita a nova imortal da Academia Pernambucana de Letras, nesta segunda-feira (14), após conquistar 30 votos em eleição. Ela ocupará a cadeira de número 32, vaga após o falecimento do acadêmico Abdias Moura, em junho de 2023. O patrono é Francisco Augusto Pereira da Costa.
A nova acadêmica é a 18ª mulher a ser eleita como membro na APL. A eleição ocorreu na sede da instituição, na Zona Norte do Recife, ela concorreu com o advogado e escritor Paulino Fernandes de Lima, natural de Sobral, no Ceará, e radicado no Recife desde 2010.
Nascida no Recife, em 27 de agosto de 1957, Flávia Suassuna despertou o interesse pela literatura desde muito jovem, por influência de seu tio, o escritor Ariano Suassuna, que ocupou a cadeira de nº 18 da Academia Pernambucana de Letras. Foi ele quem orientou suas primeiras leituras e leu os primeiros originais de seus textos.
"A ancestralidade de Ariano me fortalece e me abre portas. Ainda assim, tenho um caminho próprio e deverei segui-lo nesta nova jornada na Academia. Pretendo continuar o que sempre fiz na minha vida que é trabalhar para a formação de leitores jovens", comenta a nova integrante da APL.
Trajetória
Flávia é graduada em Letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e possui mestrado em Teoria da Literatura também pela UFPE. Atuou durante muitos anos em escolas e preparatórios para vestibular na rede privada de ensino pernambucana, tendo dedicado-se neste período a formar leitores literários e não literários e a fundar clubes de livros e filmes.
Flávia também é membro da Academia de Letras e Artes do Nordeste (ALANE) e conselheira editorial da Editora Cubsac. Mantém um blog no qual escreve uma vês por mês sobre literatura, desde 2006 (fsuassuna.blogspot.com). Também publica textos de diversos gêneros em suas redes sociais e comenta virtualmente obras clássicas da literatura universal no Canal Arte Agora, do YouTube, organizado pelo escritor Alexandre Santos.
O presidente da APL, Lourival Holanda, ressaltou a importância da pluralidade na composição da Casa. "Esta eleição demonstra o cuidado da APL com o contemporâneo, trazendo uma pessoa comprometida com a formacao de novos leitores, além da acolhida à voz feminina, com a presenca feminina literária em nosso meio. Uma repaginação da Casa", reforça.
Obras
Flávia possui nove livros publicados entre romances, poemas e crônicas, além das participações em coletâneas de prosa e verso. O seu primeiro livro, "Jogo de trevas" (1980), foi o primeiro romance a ser publicado por uma mulher em Pernambuco.
Também é autora de "Remissão ao silêncio" (romance premiado e publicado pela Fundação de Cultura da cidade do Recife); "Poesia em cena" (história da literatura através de poemas comentados de escritores brasileiros); "Poemas em voz alta" (poesia) e "Desenho do tempo (poemas).
Atualmente, tem trabalhado na escrita de cinco outros títulos inéditos, sendo um deles um romance ainda sem nome.
A Academia Pernambucana de Letras é a terceira casa literária do Brasil, fundada depois da cearense e da brasileira, no dia 26 de janeiro de 1901. O objetivo do grupo fundador, encabeçado pelo escritor Carneiro Vilela, era discutir e cultivar a língua portuguesa e a literatura produzida em Pernambuco.
Hoje, 122 anos depois, a instituição conta com programação cultural gratuita e aberta ao público, com exposições, palestras de escritores, poetas, artistas e músicos, além de lançamentos de livros e concursos literários.