TEATRO

Monólogo no Recife homenageia os cem anos de morte de Lima Barreto; saiba como assistir

"Quaresma" é encenado e escrito pelo pernambucano Alexsandro Souto Maior, que integra o coletivo OPTE (Operários de Teatro)

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Emannuel Bento

Publicado em 30/08/2023 às 16:30 | Atualizado em 31/08/2023 às 11:59
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Em homenagem aos cem anos de morte de Lima Barreto, um dos mais importantes escritores do pré-modernismo brasileiro, o coletivo OPTE (Operários de Teatro) leva ao palco do Teatro Apolo, no Bairro do Recife, o monólogo "Quaresma", inspirado no romance "Triste Fim de Policarpo Quaresma". A apresentação ocorre nesta quinta-feira (31), a partir das 20h.

Quem revive um dos personagens mais quixotescos e visionários da literatura brasileira é o ator pernambucano Alexsandro Souto Maior, que também assina a adaptação. A direção é de Quiercles Santana.

A dramaturgia de "Quaresma" traz à tona as inquietações do personagem, um subsecretário, funcionário público e entusiasta da identidade nacional, que chega a propor o tupi-guarani como língua oficial do Brasil.

Entre suas aspirações, está a de tornar a economia forte a partir da agricultura e a de defender os valores da pátria. Contudo, os seus desejos se deparam com forças antagônicas e hegemônicas que acabam gerando conflitos cheios de reflexão, drama e comicidade.

Saúde mental

ROGÉRIO ALVES
Monólogo Quaresma, de Alexsandro Souto Maior, é inspirado no livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto - ROGÉRIO ALVES
ROGÉRIO ALVES
Monólogo Quaresma, de Alexsandro Souto Maior, é inspirado no livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto - ROGÉRIO ALVES

Outro tema que percorre o espetáculo - e também a vida do próprio autor - é o da saúde mental. Para isso, crônicas e outros romances de Lima Barreto foram consultados para a criação da escrita que acaba narrando um dos dramas pessoais do romancista.

Dentre as obras dele, destaca-se o "Diário do Hospício" que foi leitura recorrente nos ensaios. A montagem da peça não só presta homenagem a Lima Barreto como contribui para revelar quão semelhante são os dramas do Brasil do fim do século XIX com o Brasil atual.

O texto "Quaresma" também dialoga com alguns autores contemporâneos que Alexsandro percebeu correspondência direta como Aílton Krenak, Márcia Tiburi e Darcy Ribeiro para citar alguns.

Direção, cenário e trilha

A direção de Quiercles Santana (Cara do Pai, 2022) permite um espaço desnudo, um metateatro em consonância com a dramaturgia e a cenografia. A encenação passeia por referências ricas e diversas como a pintura "O quarto de Arles", de Van Gogh, cantigas populares e o manifesto Pau-Brasil, por exemplo.

Luciana Raposo cria uma luz com ambiências semelhantes ao universo de Van Gogh, como também do Brasil sonhado, idealizado por Quaresma, além do clima íntimo da vida solitária do protagonista.

ROGÉRIO ALVES
Monólogo Quaresma, de Alexsandro Souto Maior, é inspirado no livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto - ROGÉRIO ALVES
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Monólogo Quaresma, de Alexsandro Souto Maior, é inspirado no livro Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto - ROGÉRIO ALVES

A trilha sonora, de Kleber Santana, nos leva à questão da brasilidade tão defendida pelo major Policarpo Quaresma com canções eruditas, populares e uma musicalidade pulsante nas palavras e no corpo do ator que retorna ao palco depois de uma lacuna de dez anos.

Em um pouco mais de uma hora, em cenas que perpassam linguagens da dança, da música, a plateia é convidada a pensar a esperança diante do caos e, oportunamente, refletir sobre o Brasil que queremos, parafraseando Darcy Ribeiro.

A oportunidade de conferir a peça Quaresma, em única apresentação, será no dia 31 de agosto, às 20h, no teatro Apolo. O ingresso promocional está por R$ 40 (inteira) e por R$ 20 (meia-entrada). Os ingressos também poderão ser adquiridos, antecipadamente, pelo site da Sympla.

Sobre o ator/autor

Alexsandro Souto Maior foi fundador do Grupo Engenho de Teatro, 1999, onde se projetou como diretor e dramaturgo. Em 2002, dividiu a cena com Rita Marise no espetáculo O terceiro dia (inspirado em A terceira margem do rio, de Guimarães Rosa). A peça lhe proporcionou cinco anos circulando pelo país, rendendo Prêmio de melhor texto de teatro no Janeiro de Grandes Espetáculos, 2004, além do Prêmio de melhor trilha sonora no Festival nordestino de teatro de Guaramiranga-CE (2003). No ano de 2004, dirigiu Nero e foi indicado a melhor direção.

No ano seguinte, montou "Luzia no Caminho das águas" (3° lugar no Prêmio Funarte de Dramaturgia- 2005) e dividiu a direção com Eron Villar. Em 2012, Alexsandro Souto Maior volta a atuar agora ao lado de Tatto Medinni em Mariano, irmão meu, texto de sua autoria e vencedor do Prêmio Literário da Cidade de Manaus, teatro adulto.

Alexsandro dirigiu "Pindorama, Caravela e Malungo, Jr.", texto de Marcelino Freire, e que proporcionou a fundação do OPTE (Operários de Teatro) com Tatto Medinni e Eron Villar. Ele acumula ainda dois Prêmios Ariano Suassuna na categoria para infância e juventude.

SERVIÇO
Monólogo Quaresma, inspirado em "Triste Fim de Policarpo Quaresma", de Lima Barreto
Onde: Teatro Apolo (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife)
Quando: nesta quinta-feira (31), às 20h
Quanto: R$ 40 e R$ 20, à venda no Sympla
Maiores informações: 81 99834-8796

R. do Apolo, 121 - Recife

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