VIOLÊNCIA

Museu de Arte Moderna, no Recife, é alvo de furtos; grupo teatral cancela apresentações

Grupo pernambucano Magiluth teve de remarcar apresentações do espetáculo "Apenas o Fim do Mundo" depois que parte do equipamento utilizado foi furtado

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Emannuel Bento

Publicado em 03/09/2023 às 14:07 | Atualizado em 03/09/2023 às 17:15
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O grupo teatral pernambucano Magiluth, prestigiado nacionalmente nas artes cênicas, teve de cancelar apresentações do espetáculo "Apenas o Fim do Mundo" no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (MAMAM), no Centro do Recife. De acordo com o grupo, parte do equipamento utilizado foi furtado neste final de semana.

O espaço é gerenciado pela Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura/Fundação de Cultura.

A peça está em cartaz desde 3 de agosto, com sessões das quintas aos domingos. Esse seria o último final de semana de apresentações. O Magiluth se apresentou na quinta (31) e sexta-feira (1º). No sábado (2), no entanto, os artistas perceberam que foram furtados instrumentos musicais, figurinos, cabeamento de luz e som, dentre outros materiais do espetáculo. Outros elementos usados em cena também foram quebrados, segundo o grupo.

"Um equipamento público, um prédio histórico, foi invadido e nós como artistas ocupantes do espaço neste dia fatídico, sofremos este furto, que está sendo um verdadeiro baque financeiro e emocional", diz uma nota do Magiluth, em nota nas redes sociais.

"Foi um prejuízo grande. Ainda não fizemos o cálculo, mas acreditamos que tenha sido algo em torno de R$ 30 mil”, disse ator Giordano Castro ao JC. Ele integra o grupo junto a Lucas Torres, Bruno Parmera, Pedro Wagner, Mário Sergio Cabral e Erivaldo Oliveira.

"Tivemos de cancelar as sessões. Conseguimos remanejá-las com o público para um outro dia. Estamos nessa correria para ver quando é que a gente começa a repor o nosso material. Se formos parar por conta disso, vamos parar de ter dinheiro em caixa. O que pedimos agora é ajuda para que todo mundo divulgue a agenda", continua. O grupo acredita que a temporada extra será realizada de 12 a 17 de setembro.

Equipamentos culturais

Instalado em um antigo casarão do século 19, o Mamam possui sete salas de exposição, biblioteca especializada em arte moderna e contemporânea, reserva técnica, sala de atividades educativas, sala de administração e auditório. Todo esse conteúdo também poderia acabar sendo de possíveis invasores.

"Toda a equipe do MAMAM tem nos dado todo o apoio, como foi em todo o tempo, desde quando a gente estreou esse trabalho aqui, até para abrir as portas para essas temporadas. Não temos o que dizer da equipe, nem gostaríamos que algum deles fosse punido. O problema é a insegurança e esse 'estado' da Prefeitura, pois o Magiluth foi furtado, mas o MAMAM foi invadido", disse Giordano.

O artista aproveitou para comentar sobre o estado de outros equipamentos públicos gerenciados pelo poder público. Ele cita que o monólogo "Quaresma", do coletivo OPTE (Operários de Teatro), dirigido por Alexsandro Souto Maior, teve de ter a temporada cancelada no último final de semana por problemas estruturais do Teatro Apolo, no Bairro do Recife.

"No Barreto Júnior, no começo do ano, teve espetáculo cancelado porque a parte técnica entrou em curto circuito. O Arraial, na Aurora, está fechado há anos. O Hermilo está fechado para obra. Até mesmo o Santa Isabel, que é uma casa modelo, tem sido terrível para shows. A gente fica festejando a reabertura do Teatro do Parque, que demorou 10 anos em reforma, mas o resto está à míngua."

Sobre o espetáculo

ZÉ REBELATTO
Grupo Magiluth encenando peça Apenas o Fim do Mundo - ZÉ REBELATTO
ZÉ REBELATTO
Grupo Magiluth encenando peça Apenas o Fim do Mundo - ZÉ REBELATTO
ZÉ REBELATTO
Grupo Magiluth encenando peça Apenas o Fim do Mundo - ZÉ REBELATTO

"Apenas o Fim do Mundo" é um texto do francês Jean-Luc Lagarce, acompanhando um personagem chamado Louis que retorna à sua família para anunciar uma doença terminal (a AIDS). O autor escreveu a peça em 1990, quando considerava a sua própria morte.

A montagem do Magiluth tem uma estrutura de tempo não linear, com direção de Giovana Soar, que também é a tradutora do texto, e Luiz Fernando Marques (Lubi), do Grupo XIX de Teatro. O grupo montou essa peça quando estava completando 15 anos, em um momento de rever a própria trajetória.

A peça estreou em 2019, no Sesc Avenida Paulista, em São Paulo, conquistando público e crítica, com indicações a prêmios como Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCA), Shell e Aplauso Brasil.

No Recife, o projeto estreou com temporada de sucesso no MAMAM e, quando chegou o momento de ampliar a circulação nacional, veio a pandemia. "Retomar esse espetáculo era quase como uma dívida em prol do nosso trabalho. É como devolver o fôlego que deveria ter. Sempre tivemos muita vontade de retomá-lo, por ser um trabalho que não necessita de uma espacialidade específica", disse Giordano Castro, ao JC, em agosto deste ano.

Prefeitura do Recife

Com relação ao roubo registrado no sábado (2), no MAMAM, a Secretaria de Cultura e a Fundação de Cultura Cidade do Recife informaram em nota que "lamentam profundamente o ocorrido, estão adotando todas as providências cabíveis, junto às autoridades policiais, para apurar responsabilidades".

"Além de recorrer às imagens de câmeras de segurança instaladas nas redondezas, já solicitamos inventário à Guarda Municipal e ao Grupo, no tocante aos bens, permitindo a reparação dos prejuízos", finaliza.

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