Manguebeat: Recife Antigo terá evento de 30 anos do movimento com Nação Zumbi e mais. Confira a programação
Programação no Cais da Alfândega ainda terá Mundo Livre S/A, Devotos e Eddie, além de participações de Lirinha, Lia de Itamaracá e Jéssica Caitano no show da Nação
Movimento cultural que revolucionou a cena musical brasileira, o manguebeat completou 30 anos de existência em 2022, com o aniversário do manifesto "Caranguejos com Cérebro". Neste ano, em 11 de outubro (véspera de feriado), o Recife irá celebrar a efeméride com um evento realizado no Cais da Alfândega, no Recife Antigo, a partir das 20h.
A programação irá reunir diversos grupos e artistas que fizeram parte dessa história. A abertura ficará por conta da Eddie com a Orquestra de Frevo do Babá, além de um shows completos da Devotos, da Mundo Livre S/A e do DJ Damata.
Em seguida, a Nação Zumbi entra convidando Lirinha, do Cordel do Fogo Encantando, Lia de Itamaracá, que se tornou símbolo do movimento após show no Abril Pro Rock de 1998, e Jessica Caitano, artista da nova geração pernambucana que reinventa a tradição do repente.
Realização
A realização do evento é uma parceria das produtoras Onzex e Feel Good, com patrocínio da Devassa e co-realização da Prefeitura do Recife, através da Secretaria de Cultura e do Recentro. Por conta da participação da marca de cerveja, o evento foi batizado de "Manguezassa".
Em 2022, a falta de um evento desse porte para celebrar o mangue foi motivo de críticas no meio cultural. Homenagens foram prestadas em eventos como Fenearte e Festival de Inverno de Garanhuns, com o projeto Manguefonia, mas faltava algo neste formato.
"O manguebeat remonta também ao título que o Recife ostenta hoje: o de Cidade Criativa da Música pela Unesco, por sua diversidade e riqueza. O mangue faz parte desse inventário, dessa escuta e levantamento que fizemos. Também criamos o Recife Movimento de Cultura Popular, que vem realizando fusões, encontros e reencontros", disse o secretário de cultura Ricardo Mello.
Legado
O manguebeat nasceu no Recife nos anos 1990, trazendo uma fusão única de ritmos regionais nordestinos com influências do rock, hip-hop e da música eletrônica. A curadoria do evento foi feita pela Nação Zumbi.
"É um evento muito importante, pois fortalece a identidade da cidade. O movimento mostrou a nossa cultura para o Brasil e para nós mesmos há 30 anos. Essa cena se mantém viva, é importante que continuemos investindo nela, expandindo-a para todos os lados. Essa é a longevidade da nossa cultura", disse Dengue, integrante da Nação, durante coletiva realizada no Recife nesta segunda-feira (25).
No ano passado, vinha sendo realizado o projeto "Manguefonia", uma homenagem aos 30 anos do movimento que passou pelo Festival de Inverno de Garanhuns. Há um ano, a Nação havia anunciado uma "pausa por tempo indeterminado". A banda voltou sem Lúcio Maia (guitarra), após baixas de Gilmar Bolla 8 (2015) e Pupillo (2019).
"Ainda temos muita coisa para homenagear do mangue. Através da música, conseguimos olhar para muita coisa: não só no Centro, mas também nas periferias. O mangue ajudou a tirar as periferias das páginas policiais e colocar nas culturais, pois sempre teve cultura nas periferias", disse Cannibal, vocalista da Devotos.
Mural
Além do evento no Cais da Alfândega, a iniciativa contará com uma "contrapartida" para o Centro, através do patrocinador do evento junto ao Recentro. Um mural será pintado em um prédio na Praça do Sebo, em Santo Antônio, que será revitalizada.
"O centro tem tudo a ver com o movimento mangue. A cultura transforma e a nossa função é essa: desenvolver o centro, reformar e movimentar essas áreas. Quando surge um evento como esse, nada mais justo do que a gente estar de perto acompanhando que está sendo desenvolvido aqui na área", disse Larissa Maynara, representando a chefe do gabinete do Recentro, Ana Paula Vilaça.
"Teremos esse megamural, que criará um novo cartão postal para a cidade. A revitalização da Praça do Sebo será uma contrapartida que estamos dialogando junto ao representantes da Devassa."
Estrutura
O evento será realizado nos moldes já conhecidos dos shows no Cais da Alfândega. O palco será montado ao lado da Livraria Jaqueira, com acesso será único pelo início do caís, com fiscalização para evitar a entrada de armas de fogo e objetos cortantes.
A entrada será fechada assim que o espaço estiver com lotação máxima. O evento está previsto para acabar às 0h30, com dispersão acompanhada pela Polícia Militar.
O mapa do evento conta com espaços reservados para 20 bares, diversos banheiros químicos e dois postos médicos. Ainda existirá uma área especial para acessibilidade.