Fechado há 15 anos, Museu da Imagem e do Som de Pernambuco recebe recursos via Lei Paulo Gustavo
Com acervo de mais de 25 mil peças, Mispe está fechado desde 2008 por problemas de estrutura; convênio da Secult-PE e Fundarpe prevê projeto expográfico, digitalização e aquisição de aparelhos
Já faz 15 anos que o antigo prédio do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco (Mispe), localizado no número 379 da Rua da Aurora, no Centro do Recife, fechou as portas por problemas de estrutura e manutenção, sobretudo no telhado.
Nesta quinta-feira (28), a Secretaria de Cultura de Pernambuco oficializou convênios com a Fundação do Patrimônio Artístico e Histórico de Pernambuco (Fundarpe) para repasse de recursos que serão investidos em reformas e melhorias do Mispe, do Cinema São Luiz e do Theatro Cinema Guarany de Triunfo, via Lei Paulo Gustavo.
Fundado nos anos 1970, o Mispe possui um acervo de mais de 25 mil peças, incluindo fotos, cartazes, partituras musicais, películas de filmes e equipamentos de gravação e filmagem. Entre os materiais pertencentes à instituição, está uma coleção doada pela TV Universitária, que contém mais de 1.500 reportagens em vídeos de 16mm.
Desde então, esse acervo do equipamento está guardado numa reserva técnica localizada na Casa da Cultura, também na região central, e disponível apenas para pesquisadores com autorização prévia.
Neste período, toda uma geração cresceu e se formou sem acesso a esse material - pior, sem saber sequer da existência desse equipamento da cidade.
Uma luz no fim do túnel agora surge por conta da Lei Paulo Gustavo, o maior investimento direto no setor cultural da história do Brasil. Os recursos financeiros da Lei são oriundos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), o que fez com que esse setor tivesse maior prioridade na criação de editais e demais ações.
A Lei diz, por exemplo, que parte das verbas devem ser reformas, restauração, manutenção e demais ações para o funcionamento de salas de cinema.
Quais serão as melhorias no Mispe?
Ao todo, serão mais de R$ 4 milhões destinados no convênio. O São Luiz e o Mispe receberão R$ 3,3 milhões juntos. De acordo com o extrato de convênio firmado entre os dois órgãos, a verba será utilizada para os seguintes serviços no museu:
"Execução do projeto expográfico para abrigar e expor o acervo da Imagem e do Som de Pernambuco" e "digitalização do acervo da Imagem e do Som de Pernambuco e aquisição de aparelhos para o sistema de áudio visual e mobiliário para o acondicionamento do acervo".
O convênio tem prazo de 12 meses, contados a partir da data de assinatura, 27 de setembro de 2023, e foi assinado pela secretária de Cultura do estado, Cacau de Paula.
"Com a oficialização dos convênios, poderemos dar início aos processos licitatórios que devolverão o Cinema São Luiz ao público e garantir as melhorias necessárias no Theatro Cinema Guarany, em especial as obras voltadas para acessibilidade, que tornará esse equipamento que é anfitrião do Festival de Cinema de Triunfo, ainda mais preparado para receber o público. São recursos que também serão investidos na memória de nossa cultura, com sua destinação para digitalização do acervo do Mispe", diz Cacau de Paula, em nota.
Restauração
Em 2016, um plano de requalificação do museu foi divulgado pela imprensa, com orçamento total de R$ 3,2 milhões. Nesse projeto, os três pavimentos do museu serão ocupados por três salas de exposição, pátio interno, café, áreas administrativas, biblioteca, dois auditórios, salas de pesquisa, laboratório fotográfico, sala de conservação e área de guarda de acervo.
Procurada pelo JC para informar se essa requalificação maior está prevista, a comunicação da Secult-PE/Fundarpe informou que "as demais etapas serão anunciadas ao seu tempo".
Em maio passado, o governo Raquel Lyra já havia feito uma contratação emergencial, via dispensa de licitação, para resolver problemas no sistema de esgotamento de águas pluviais do São Luiz.
Digitalização
Em maio deste ano, o "Projeto Memória Gráfica de Pernambuco: 30 anos de design digitalizados na coleção MISPE", do produtor Felipe Ferreira com a museóloga Mônica Ferreira, digitalizou aproximadamente 2 mil cartazes do Mispe para disponibilização.
Os cartazes são disponibilizados no Instagram @memoriagrafica_mispe, agregando cartazes digitalizados de um período que vai desde a fundação do Mispe, em 1970, ao início do século 21, em 2000.
Também existe um e-book o resultado final do processo, composto por texto crítico introdutório e apresentação do acervo digitalizado.
Parte do acervo pode ser conferido no Portal Estadual do Patrimônio Documental de Pernambuco, após projeto assinado pela museóloga e historiadora Chaylane Marques e pela produtora cultural Keyse Menezes.