Diablo Angel exalta o prazer feminino na linguagem do indie pop
"O Que Te Dá Prazer" é o terceiro disco do grupo independente, que flerta com sintetizadores e elementos eletrônicos
A banda pernambucana Diablo Angel, formada por Kira Aderne (guitarra e voz), Nívea Maria (vocal e teclados), Tárcio Luna (guitarra) e Bruno Kiss (bateria), mergulha em um indie pop recheado de sintetizadores, elementos eletrônicos e guitarras em seu terceiro disco de estúdio, "O Que Te Dá Prazer".
É a primeira vez que o grupo independente investe nesse tipo de sonoridade, após trabalhar com um rock mais distorcido em "Fuzzled Mind" (2016), que teve mixagem analógica, imprimindo um som mais "sujo".
A banda também já produziu uma espécie de "desert rock" em "Futuro" (2019), que ressaltou as suas raízes do Agreste, já que o projeto faz uma interessante conexão Caruaru-Recife pelas origens e trajetórias de seus integrantes.
"O Que Te Dá Prazer" começou a ser pensado em 2019, sendo gestado durante a pandemia, e chegou às plataformas em agosto com colaborações de Ju Orange (em "Placere") e Vini Space (em "The Sun is Shining On Me").
A Diablo Angel contou com a produção musical de P3dr0 Diniz, da Mundo Livre S/A, mixagem de Mathias Severien e masterização de Léo D.
"Queríamos trazer uma pegada mais pop, um indie pop. Surgiu o convite do Pedro Diniz, que vem desse berço do manguebeat e trouxe uma pegada de música pernambucana para esse pop, sem descaracterizar. Acho que tem esse sotaque da capital. É com se tivéssemos finalmente chegado à capital com esse disco, que traz vários elementos interessantes da música eletrônica", comenta Kira Aderne.
"Trouxemos novos elementos que precisávamos para dar um update na sonoridade da banda, dando uma linguagem mais ampla. Uma linguagem de rádio, que se traduza para um público mais amplo. Foi um trabalho de quase três anos de produção intensa Foi um disco que nos exigiu incontáveis horas, dias e meses de muita dedicação", conta.
Como sugere o título, álbum tem um gancho na discussão do prazer sexual feminino: feminilidade, amor e paixão são temáticas recorrentes nas letras. Faixas como "Placere", inclusive, podem fazer o ouvinte a lembrar de bandas como Carne Doce, de Goiânia - um indie pop brasileiro com vocal feminino.
A última faixa, "A Vida Chega Mais Tarde", tem um poema declamado pelo avô de Aderne, Leandro Gomes de Barros. "Isso amarra bastante essa coisa da música pernambucana contemporânea e pop, algo feminino. Uma mulher colocando os seus sentimentos. Nesse pós-pandemia, o que nos dá prazer? Qualquer coisa. Tivemos de buscar coisas que nos dessem prazer e ver a alegria nas coisas simples", encerra.
"O Que Te Dá Prazer" também vai ganhar prensagem em vinil pela Polysom.