"O Nordeste sempre teve relação forte com a criação de novas possibilidades", diz Lirinha ao levar sua "rádio cósmica" ao Night Lab, do Sesi
Nesta edição do Night Lab, o tema escolhido foi "Cosmologias - tentativas de entender o Universo"
Brasília (DF) - As conexões entre ciência, música, poesia, arte, e as possibilidades de outros mundos, foi o que movimentou a 7ª edição do Night Lab, promovido pelo museu interativo Sesi Lab, em Brasília, nessa quinta-feira (6). O convite para essa viagem cósmica ocorreu ao som do compositor, poeta e escritor pernambucano Lirinha, que está divulgando o seu terceiro álbum solo MÊIE RÁS FÃN.
Assinando o trabalho como José Paes de Lira, o artista retrata em sua obra, uma fictícia rádio cósmica que tem como ponto central mostrar a estética da invenção e do sonho. “A rádio tem esse poder de trazer imagens e emoções através das ondas sônicas, e isso se relaciona ao estudo que fiz sobre o corpo da voz e essa paisagem sonora. Então eu resumiria esse trabalho que faço em dois lugares: poesia e paisagem sonora. E nesse sentido eles se relacionam com a rádio”, afirmou Lirinha, em conversa com os jornalistas momentos antes da apresentação.
Nesta edição do Night Lab, o tema escolhido para dar o pontapé nas apresentações artísticas, oficinas interativas e conversas com especialistas em astronomia, foi “Cosmologias - tentativas de entender o Universo”. Ao abordar essa tentativa de compreensão e a busca por um equilíbrio, Lirinha destacou que “o equilíbrio não está necessariamente ligado ao estático,mas ao movimento das coisas”, e que isso também dialoga diretamente com as oito faixas do seu novo álbum, lançado nas plataformas digitais em maio deste ano.
“O Nordeste sempre teve uma relação muito forte com a invenção, com a criação de novas possibilidades. É um lugar inquieto nesse sentido de criar novas metáforas. Também tento trazer isso ao meu trabalho agora, uma atenção para a possibilidade de novas palavras. Tem uma música que falo chamada ‘Oyê’, que é uma palavra das mensagens de celular que recebia dos amigos e que trata desse assunto dos novos mundos através das palavras que podemos criar”, declarou o compositor pernambucano.
Questionado sobre o que lhe inspirou a destrinchar o universo cósmico por meio de uma experiência multilinguística proporcionada pelo MÊIKE RÁS FÃN, Lirinha disse que se torna necessário nesse momento histórico, a ocupação de ações artísticas que partam dessa visão cósmica. “Todas as nossas ações refletem de uma forma conectada. A música, a poesia e a arte, têm o poder de criar novos mundos e a partir deles podemos experimentar possibilidades de convivência, de novas formas de viver. Desde de criança, convivi com os poetas que tinham em seus trabalhos uma espécie de rasgo no espaço tempo, a partir dessa criação de uma nova coisa”, declarou.
PROJETO NOTURNO
O projeto noturno do Sesi Lab foi inspirado no programa After Dark, do Exploratorium, de São Francisco (EUA), com resultados expressivos na aproximação do adulto com a ciência.
"Mais um marco para o SESI Lab como pioneiro no estímulo à apresentação de conteúdos relacionados à abordagem STEAM, promovendo também o debate sobre temas de interesse do público, sempre escolhidos de forma contextualizada e com olhares múltiplos”, ressalta a gerente-executiva de Cultura do Serviço Social da Indústria (SESI), Claudia Ramalho.
A programação também contou com a Conversa Poética. O encontro reuniu o astrofísico finalista do Prêmio Jabuti 2020 Alan Alves Brito e a artista visual, especialista maker e pesquisadora Denise Rodrigues.
Guiado pelo desejo de humanizar a ciência a partir de conexões com questões sociais, o professor baiano é um dos autores do livro “Astrofísica para a Educação Básica: A Origem dos Elementos Químicos no Universo”. Ao lado da especialista em instalações interativas do SESI Lab e artista visual, Denise Alves, Brito discutiu o acesso à ciência e a sub-representação de pessoas negras no ambiente científico brasileiro.
*A titular da coluna Enem e Educação viajou a convite do Sesi Lab