LUTO

Morre o pintor pernambucano Montez Magno, pioneiro da arte contemporânea, aos 89 anos

Com 50 anos de carreira recém-celebrados em exposição na Pinacoteca de São Paulo, Montez Magno teve carreira marcada por experimentalismos e liberdade nas formas de expressão

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Emannuel Bento

Publicado em 27/10/2023 às 22:12 | Atualizado em 27/10/2023 às 22:12
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Um dos artistas plásticos mais notáveis de Pernambuco, o pintor, escultor e ilustrador Montez Magno faleceu nesta sexta-feira (27), no Recife, aos 89 anos. Ele lutava contra um câncer e estava internado com um quadro de infecção urinária desde o início da semana. O sepultamento ocorreu ainda na tarde desta sexta, às 14h, no cemitério Parque das Flores, Zona Oeste da capital.

Natural do município de Timbaúba, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, Montez Magno foi um dos pioneiros da arte contemporânea brasileira. Ainda jovem, já usava cacos, molambos, tinta de piso e retalhava suas telas com gilete.

O seu acervo é diversificado, indo de pinturas, gravuras, esculturas, ready mades e assemblages, passando por incursões à performance e música aleatória, além de uma produção poética que registra uma dezena de livros publicados.

Trajetória

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EXPOSIÇÃO Obra do artista plástico Montez Magno em cartaz na Galeria Marco Zero - DIVULGAÇÃO
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EXPOSIÇÃO Obra do artista plástico Montez Magno em cartaz na Galeria Marco Zero - DIVULGAÇÃO
FRED JORDÃO/DIVULGAÇÃO
EXPOSIÇÃO Obra do artista plástico Montez Magno em cartaz na Galeria Marco Zero - FRED JORDÃO/DIVULGAÇÃO
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EXPOSIÇÃO Obra do artista plástico Montez Magno em cartaz na Galeria Marco Zero - DIVULGAÇÃO

A sua trajetória começa ainda na década de 1950, quando passou a estudar desenho e pintura. Já naquela época, pintou as paisagens sociais do Recife. Autodidata, em 1959, o seu viés disruptivo abriu caminho para participações nas primeiras Bienais Internacionais de São Paulo.

A partir de 1960, publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros. Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 1963 e 1964, o que lhe permite viajar por vários países da Europa. Com o Prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa e Argélia a estudos em 1975.

De volta ao Brasil, leciona escultura na Universidade Federal da Paraíba. Ilustra o livro O Diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de sua própria autoria. No Rio de Janeiro, se aproximou de um grupo de artistas que se tornariam expoentes do movimento neoconcreto brasileiro.

Experimentalismo

ACERVO JC
Entre os modernos, Montez Magno era contemporâneo antes de a arte ser contemporânea - ACERVO JC

Em 2018, Montez Magno ganhou uma biografia assinada por Olívia Mindelo, "Montez Magno - Poeta, Artista, Camaleão" (Cepe, 256 páginas), integrando a série "Memória".

"Ele, claro, é conhecidíssimo e legitimado pelo campo artístico, mas não nos círculos comuns, em que ele ainda não tem a mesma popularidade de Brennand ou Tereza Costa Rêgo", disse a autora, na época do lançamento.

"É um artista importantíssimo, que já experimentava na década de 1950, quando as pessoas estavam ainda preocupadas com cavaletes. É um nome importante não apenas da arte, mas da literatura, com onze livros. Um experimentalista".

Exposição

Em abril deste ano, A obra do artista plástico pernambucano esteve em exposição comemorativa na Galeria Marco Zero. A exposição "Canto à Liberdade" foi composta por mais de 100 obras, com curadoria de Itamar Morgado e Bete Gouveia, ficando em cartaz até o dia 22 de junho.

Outra exposição sobre os 50 anos de carreira do artista também foi inaugurada recentemente em São Paulo: "Montez Magno: Algúria", na Pinacoteca, reúne um conjunto de mais de 80 trabalhos que destacam a ficção visionária do artista, cujos exercício de imaginação remetem a campos diversos, como o urbanismo, a paisagem e a música.

Jan Ribeiro/Secult-PE
Montez Magno no lançamento de sua biografia, em 2018 - Jan Ribeiro/Secult-PE

Em sintonia com práticas de “anti-arte”, vigentes das vanguardas modernas aos experimentalismos das décadas de 1960 e 70, o artista criou a série Cidades Imaginárias (1972-). No projeto, Montez prospectou arquiteturas de cidades e museus usando materiais como partir de canos, dobradiças e tubos de papelão. Foram incontáveis as maquetes seguidamente criadas e desmontadas pelo artista.

Mango publicou mais de quinze livros com seus poemas e escritos, bem como ilustrou trabalhos de autores diversos, como Osman Lins. Suas obras encontram-se em acervos públicos e privados de todo o Brasil e do exterior.

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