SHOW

No Recife, Evanescence encerrou turnê brasileira em grande estilo: 'Não existiria lugar melhor para fazer isso', disse Amy Lee

Banda que marcou geração com metal alternativo trouxe ao Recife o único show do Norte-Nordeste da turnê "The Bitter Truth", impressionando o público com os vocais potentes da cantora

Imagem do autor
Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 29/10/2023 às 17:41 | Atualizado em 30/10/2023 às 15:17
Notícia
X

Quando a banda norte-americana de metal alternativo Evanescence lançou o "The Bitter Truth" (2021), mostrou para fãs e crítica que as suas "raízes pesadas" permaneciam vivas. Quase 20 anos após a estreia arrebatadora com "Fallen" (2003), o grupo provou que consegue sustentar a sua identidade com um ótimo disco.

No palco, esse feito se materializou com a "The Bitter Truth Tour", que cumpriu uma extensa turnê no Brasil, com encerramento no Classic Hall, no Recife, no último sábado (29), sendo o único show no Norte-Nordeste.

A banda também passou por Curitiba (19), São Paulo (21), Rio de Janeiro (23) e Belo Horizonte (25), todos com ingressos esgotados. E mesmo realizando shows praticamente "dia sim e dia não", o Evanescence fez uma excelente entrega para o público nordestino, com um show energético e emocionante.

Muitos comentam que foi ainda melhor do que aquele de 2012, quando o grupo estreou na cidade com a turnê do álbum "Evanescence". O que contribuiu para essa opinião foi o desempenho de Amy Lee, que está com vocais poderosos, muitas vezes superando as versões do estúdio. Em determinados momentos, sobretudo no início das canções mais lentas, a limpidez do seu vocal impressionava.

O grupo passou por mais uma mudança de formação recentemente, mas resistiu também a esse desafio nessa "prova de fogo" da etapa brasileira. Dessa vez, Lee se apresentou ao lado de Tim McCord (baixista), Will Hunt (baterista), Troy McLawhorn (guitarrista) e Emma Anzai (baixista).

Show

BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
Classic Hall, no Recife, lotado para show da turnê The Bitter Truth Tour, do Evanescence - BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL

O Evanescence subiu ao palco pontualmente, abrindo com "Broken Pieces Shine", faixa que abre o álbum "The Bitter Truth". Apesar da nostalgia do público com as músicas antigas, foi o novo disco que reinou no show, totalizando sete faixas.

Amy Lee seguiu com "Made of Stone" (do álbum de 2011) e chegou no clássico "Going Under", um dos sucessos que apresentou a banda para o mundo em 2003.

"Eu não posso acreditar que vocês cantam tão alto", disse a vocalista, em sua primeira interação com o público. "Amamos tanto vocês. Muito, muito obrigada por nos receber novamente. Esse é o último show da turnê que fizemos. Após dois anos, esse é o final. Vocês são o final e não existiria lugar melhor para fazer isso", contou, mostrando o carinho que a banda tem pelo Brasil.

A banda seguiu com algumas faixas mais "mornas" em relação ao furor da plateia, como "Take Cover" e um medley com "Lose Control / Part of Me / Never Go Back". A multidão voltou a cantar junto com o sucesso "Call Me When You’re Sober" do "The Open Door" (2006).

20 anos de música

BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
Evanescence durante show da The Bitter Truth Tour no Classic Hall, no Recife - BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
Evanescence durante show da The Bitter Truth Tour no Classic Hall, no Recife - BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL

Além dos vocais, Amy Lee também se revezou entre um teclado e um piano - esse segundo instrumento foi colocado bem no meio do palco duas vezes. Na primeira vez em que tocou o piano, ela fez um discurso que sintetizou o poder da música e a relação que Evanescence tem com os fãs, mesmo após 20 anos do seu ápice com o "Fallen".

"Nos últimos 20 anos temos estado juntos. E é uma coisa incrível, que eu jamais poderia imaginar, ter vocês aqui, agora, em 2023. Todos nós, juntos, neste local", disse, com um semblante que transparecia a sua gratidão.

"Quando tudo estiver difícil, quando tivermos um dia muito ruim, quando tudo parecer terrível e horripilante, nós vamos voltar para esse momento, que estará sempre em nosso coração. Para sempre em nosso coração", completou, antes de começar "Lithium", em um momento bastante emocionante do show.

Após um intervalo com vídeo, a banda retornou com "Imaginary", "Better Without You", "Play Video" e "End of the Dream". Um medley reuniu seis faixas, sendo a maioria do icônico "Fallen": "Haunted / My Last Breath / Cloud Nine / Everybody's Fool / Weight of the World / Whisper". Vale ressaltar que o sucesso "Everybody's Fool" talvez merecesse um espaço próprio.

Reta final

BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
Evanescence durante show da The Bitter Truth Tour no Classic Hall, no Recife - BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL
Evanescence durante show da The Bitter Truth Tour no Classic Hall, no Recife - BELLA CARNEIRO/CLASSIC HALL

Antes de cantar "Use My Voice", uma das faixas mais representativas do atual disco, Amy Lee fez um discurso empoderador: "Não deixe ninguém falar por vocês. Se você acredita que as coisas podem melhorar, que as coisas podem mudar e que o amor vencerá, então segure firme. Lute por isso. Se você está lutando por si, está lutando pelo amor. É poderoso. Olhe para esse salão. Quando todos estamos aqui agora, nós estamos nessa juntos. Juntos. Use a sua voz".

Chegando na reta final, ela voltou a agradecer a fidelidade dos seus fãs. "Nos últimos 20 anos, vocês significam tanto para mim. Vocês sabem que sim. Queria deixar esse momento, do último show da turnê, para agradecer a minha incrível equipe que está por trás de todo esse show", disse, apontando para os funcionários do Classic Hall.

"E também para a minha banda. Nós crescemos bem aos olhos de vocês. Nós somos uma família. Obrigada. Pelo ontem, pelo agora e pelo futuro, cantem comigo", disse, antes de iniciar a emocionante "My Immortal", um dos ápices da apresentação.

O Evanescence encerrou com “Bring Me to Life”, deixando o público extasiado com todo seu peso e melancolia. Vinte anos depois, a banda mostrou vitalidade com um ótimo disco e um excelente show, contrariando as críticas misóginas dos anos 2000. Em termos de entrega, talvez Amy Lee esteja em seu melhor momento.

Repertório do Evanescence no Recife:

Broken Pieces Shine
Made of Stone
Going Under
Take Cover
Lose Control / Part of Me / Never Go Back
Call Me When You're Sober
Wasted on You
Lithium
Far From Heaven
Video Interlude
Imaginary
Better Without You
End of the Dream
Haunted / My Last Breath / Cloud Nine / Everybody's Fool / Weight of the World / Whisper
Use My Voice
Blind Belief
My Immortal
Bring Me to Life

Tags

Autor