Novo álbum será como 'um set no final da tarde', diz Duda Beat

Uma Duda Beat mais dançante chegou ao público com "Saudade de Você", primeiro single de sua nova etapa musical. Com dois álbuns lançados de forma independente, a recifense radicada no Rio de Janeiro vem dando frescor ao pop nacional e adquirindo um reconhecido prestígio no meio artístico nos últimos seis anos.

Composta por Duda ao lado de Tomás Tróia (que também assina a produção), o lançamento é uma mistura do miami bass, vertente solar do hip hop nos anos 1980 e 1990, com o garage house, estilo da dance music que tem sido bastante revisitado.

"Sempre tive muita vontade de fazer o miami bass. Ele passou muito pela minha vida, pois consumo muita música dos anos 1980 e isso está muito enraizado no meu coração", diz Duda Beat, em entrevista ao JC. Também com pegada retrô, o clipe é dirigido por Marcelo Jarosz.

"Quando começamos a fazer a pesquisa, eu já sabia como queria dançar essa música. Isso é importante na comunicação com os meninos que produzem. Ela tem uma coisa gostosa, pois quero curtir a pista. Além de trazer o miami bass e o garage, queria também que soasse como algo brasileiro. Acho que tem algo do Latino (cantor). Eu passei minha infância ouvindo isso: Latino, Perla. Era algo que estava muito na minha cabeça. Acho que é uma fusão."

Álbum

"Saudade de Você" antecipa o caminho estético do próximo álbum de Duda, ainda sem título e data de lançamento divulgados. O terceiro disco será mais dançante, antecipa a cantora. "Quando eu era mais jovem, com uns 17 anos, tinham umas raves ali na região da praia de Porto de Galinhas. Eles faziam uma espécie de tenda. Eu ia muito para esses rolês que tocavam drum and bass, miami bass. Tinha tudo isso", antecipa.

"Esse próximo álbum reflete muito esse momento musical dos anos 1990. DJ Marlboro, essas coisas que estão nesse universo. É uma Duda que dança. Sei que as pessoas vão amar. A sofrência também está lá, pois sei que as pessoas amam. Porém, ele tá mais puxado para um set no final da tarde."

A artista ressaltou a importância de trabalhar cada álbum em seu tempo, com novas sonoridades, visuais e conceitos."Para mim, é muito importante o disco. Eu sou de uma geração que consumia muito o álbum. Fui aquela criança que ficava esperando, muito ansiosa, por eles. Sou muito fã da Thalía, então vivi muito isso. Esperava pelo CD dos Backstreet Boys. A gente consegue ter tempo para mergulhar mais fundo na obra do artista. Acho que o single também funciona, irei lançar outros antes do disco. Mas, sou do time disco."

Ao contrário do "Te Amo Lá Fora" (2021) que trouxe, por exemplo, Cila do Coco em uma das faixas, o novo projeto não será voltado para uma sonoridade mais regional. "Mas, tem muita regionalidade. Tem um sample de uma música super importante de Pernambuco. Isso sempre vai estar no meu trabalho. Mas, estou explorando outros ritmos assim como fiz nos dois primeiros. Estou abrindo a minha gama de ritmos."

Diante dessa diversidade de ritmos, Duda reforçou a vontade que tem de trabalhar com o maracatu no futuro. "Acho que Pernambuco é um berço cultural gigante. As pessoas de fora merecem ouvir o maracatu. Acho que quando falei (em entrevista ao jornal O Globo, em 2022) que queria fazer um maracatu em inglês, era sobre isso. Quero fazer maracatu com house, maracatu com trap, convidar artistas lá de fora. Isso vai acontecer. É sobre isso. Acho muito importante eu ser essa artista.”

Gravadora

Após seis anos como artista independente, Duda também está realizando o seu primeiro lançamento com uma gravadora. Ela assinou com a Universal Music, que também divulgará o próximo disco. “Foi uma decisão muito natural e esperada. Eu sempre falo para todos os artistas que estão começando, que eles comecem independente. É fundamental. Eu aprendi muito sendo uma cantora independente, eu aprendi quanto vale o meu trabalho, aprendi a lidar com as coisas. A gente fazia as coisas na raça”, diz.

“Mas, chegou um momento, para mim, que eu estava precisando desse plus a mais, essa ajuda maior. Eu não tenho vergonha de dizer isso. Sinto que a Universal chegou na hora certa e será uma parceria muito frutífera para os dois lados. Uma coisa que o Paulo Lima (presidente da gravadora) falou foi sobre a responsabilidade para eles, pois eu sou a cara do independente. Eu sou uma pessoa que chegou longe sendo independente, o que era muito difícil nos anos 1980 e 1990"”

A artista revela que uma "carta branca para a criatividade" foi algo importante para firmar o acordo. "Acho que se teve alguma coisa que influenciou os artistas que surgiram depois de mim foi essa coisa deles não abrirem mão do que são", opina, quando questionada sobre sua influência entre cantores estreantes.

"Acho que, às vezes, queremos entrar nesse meio de todo jeito. A gente acaba abrindo mão de sonhos, fazendo concessões das nossas canções para atingir uma outra coisa. Isso não é uma coisa certa a se fazer. A pessoa tem que realmente fazer o que ela sente. Nessa esfera, eu influencio as pessoas a serem quem elas são. Talvez, uma voz. 'A Duda conseguiu, eu também consigo'. Isso para mim é muito bonito. É um legado que quero deixar para as próximas gerações."

Na entrevista, Duda Beat não comentou sobre a controvérsia envolvendo a campanha da Bauducco "Magia Amarela", em parceria com Juliette, por questões judiciais. O terceiro disco da artista deve ser lançado no começo de 2024.