'Vou investir na minha educação', diz pernambucana vencedora do Quem Quer Ser o Milionário; confira entrevista
Natural de Limoeiro, Jullie Dutra conta como usará R$ 1 milhão do prêmio de quadro do Domingão com Huck: 'Uma casa se acaba, um carro se acaba, mas o seu conhecimento não'
A pernambucana Jullie Dutra, 38, primeira pessoa a vencer o quadro "Quem Quer Ser um Milionário", do Domingão com Huck, da TV Globo, viu a sua vida virar ao avesso após a exibição do programa no último domingo (10). "Além do R$ 1 milhão, vem mais um milhão de coisas", diz, em entrevista ao JC.
"A governadora Raquel Lyra entrou em contato comigo. Todo mundo está querendo conversar. Tem artistas me seguindo, além de gravações no Rio. Está uma loucura. Não parei para analisar tudo ainda porque é muita coisa. São centenas de seguidores por minuto. É até assustador", admite.
Natural de Limoeiro e criada em João Alfredo, Jullie conta que usará o dinheiro para dar continuidade ao curso para prestar o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata, concluindo o seu objetivo de entrar no Itamaraty.
"Eu vou investir na minha educação, porque é muito caro o curso preparatório. Eu não estava conseguindo abraçar com toda a disciplina, como se deve. Mas, a partir do ano que vem, quero colocar as velinhas e soprá-las em direção ao Itamaraty."
Confiança
"Desde o início, eu sempre soube que ia ganhar R$ 1 milhão. Não é 'pedantismo' meu, mas sim uma confiança de que eu ia levar. Eu sentava, assistia a TV e sabia. Pensava: 'Minha mãe vai interceder por mim. Ela vai dar um jeito e vou conseguir ser a primeira'. Fiquei confiante, mas com o pé no chão."
Ela confessou que ficou muito nervosa na última pergunta, sobre a camisa de Pelé na final da Copa 1958. "Todo mundo ficaria. Tem toda a pressão do cálculo, do jogo de luzes, do Luciano Huck. Não é tão comum estar naquele palco."
"A pergunta mais desafiadora, na verdade, foi a que eu usei o recursos para não responder: a da Calçada da Fama de Hollywood. Eu não sabia, então para mim foi a mais desafiadora."
Preparação
Jullie Dutra explica que realizou a inscrição em 2021, após assistir às primeiras edições na atração no Domingão. "Eu assista de casa e sabia as respostas. No começo, nem coloquei muita fé. A produção me ligou e disse que gostou da minha história. O processo é bem extenso. Eu fui passando por etapas, até chegar na última e começar a gravar", diz.
A jornalista chegou a participar dos dois últimos programas de 2022, mas não conseguiu avançar nas etapas. "Porém, eles chamaram todo mundo que não conseguiu para tentar este ano. Foi quando eu comecei a me inclinar mais para entender o formato do programa e usar estratégias de forma efetiva", diz, revelando como se preparou para o jogo.
"Você tem que ter o conhecimento e tem que saber usar as estratégias. Me favoreceu muito ter sido a última pessoa a jogar nesta temporada, pois fui aprendendo com os erros dos participantes. Muita gente não soube usar bem as ajudas. Eu fui tentando mapear o jogo para conseguir dar o meu melhor."
Para a comunicadora, um fator que influenciou bastante foi o seu estudo para ingressar no Itamaraty como embaixadora. "Tinham muitas perguntas que envolviam os assuntos que estudo no curso preparativo. A pergunta da Bienal, por exemplo, foi tema de um artigo que desenvolvi para o curso. Quando caiu para mim, foi bem tranquilo."
Educação
A educação, aliás, foi primordial para que a jornalista alcance novos voos durante a sua trajetória. Ela cita a mãe, falecida em 2013, como grande inspiração. O seu pai foi assassinado quando tinha 5 anos.
"A minha mãe é fundamental nisso tudo. Ela sempre me estimulou a ir atrás da educação e sempre teve esse discurso de empoderamento feminino através da educação. A minha mãe não me deixou um cargo, mas me deixou como herança a educação. Através dela, conquistei R$ 1 milhão", diz Jullie.
"Minha mãe dedicou a vida para que pudesse me proporcionar boas escolas, pagar a minha faculdade. Depois, quando a gente já tá ganhando nosso dinheiro, essa é a maior herança que um pai pode deixar ao filho. Uma casa se acaba, um carro se acaba, mas o seu conhecimento não. Você pode ir até o Japão e voltar com ele. Você pode construir através dele", disse.
"Nunca deixei de estudar. Mesmo passando por adversidade, desemprego e rejeição, continuei seguindo firme no propósito de que a educação iria transformar a minha vida. Acho, na verdade, que ela não se transformou como eu desejo. Ela ainda vai me levar para vários lugares ainda, que eu nem posso imaginar."
Representatividade
"Eu acho que levo a força da mulher nordestina", diz Jullie, ao ser questionada sobre a quebra de estereótipos que sua vitória pode representar. "Sou mãe de uma criança autista. Acho que isso tem um peso. A gente vem de uma edição em que dois homens conseguiram chegar na 'fase do milhão'. Somando no total, quatro homens chegaram."
"Com essa vitória, posso desconstruir um pouco essa sociedade machista, em que os homens têm mais facilidade de chegar ao topo em tudo. Eu espero que muitas mais mulheres tenham a mesma oportunidade de chegarem ao topo."