CULTURA NEGRA

Exposição resgata a história do Sitio de Pai Adão, mais antigo terreiro do xangô de Pernambuco

No Museu da Cidade do Recife, mostra traz imagens atuais de Mateus Sá e fotografias pioneiras do fotógrafo francês Pierre Verger, de 1947, além de instalação e vídeo

Imagem do autor
Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 12/12/2023 às 14:11
Notícia
X

A história da mais antiga comunidade-terreiro do xangô pernambucano, o Ilê Obá Ogunté, popularmente conhecido como Sítio de Pai Adão, está sendo recontada em exposição no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, em São José.

A mostra "Recife Nagô – Imagens e histórias do Ilê Oba Ogunté por Manoel Papai, Mateus Sá e Pierre Verger" fica em cartaz até 31 de janeiro, com visitação de quarta a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h.

Esse também foi o primeiro terreiro de matriz africana a receber tombamento como patrimônio estadual e o segundo terreiro tombado no Brasil.

"Recife Nagô traz o Recife afro diaspórico na afirmação das suas identidades religiosas e dos seus lugares sociais", ressalta Raul Lody, que faz a curadoria da exposição com Augusto Lins Soares.

A mostra homenageia e celebra a importância do trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo dos anos no terreiro de candomblé, localizado em Água Fria, representado na pessoa de Manoel Costa, conhecido como Manoel Papai, que este ano completa 45 anos como babalorixá do Sítio.

Conteúdo

KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO
Exposição 'Recife Nagô – Imagens e histórias do Ilê Oba Ogunté por Manoel Papai, Mateus Sá e Pierre Verger', no Museu da Cidade do Recife - KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO

A exposição "Recife Nagô" apresenta ao público 50 imagens, em cores, do fotógrafo e artista visual pernambucano Mateus Sá, com fotos inéditas da Festa de Yemanjá 2022. Ainda conta com 12 fotografias pioneiras, em preto e branco, do fotógrafo francês Pierre Verger, datadas de 1947.

Nesse período, Verger passou vários meses no estado de Pernambuco, fotografando a cultura popular e incluindo fotos de cultos religiosos, dentre as quais, as realizadas no Ilê Obá Ogunté, sendo considerados os primeiros registros fotográficos do Sítio de Pai Adão.

"Esta é uma exposição para ver, ler, ouvir, sentir, refletir. Foi concebida com conteúdos inéditos e iconográficos para celebrar o terreiro de xangô mais antigo de Pernambuco. As imagens em grande formato convidam o visitante a pedir licença e entrar na história centenária do Ilê Obá Ogunté – Sítio de Pai Adão, que tem papel fundamental na formação da cultura afro-brasileira", relata Augusto Lins Soares, curador e designer.

Instalação

Na exposição, haverá a instalação "Águas de Yemanjá", da artista plástica Thiana Santos, em homenagem ao orixá fundador das tradições Nagô no Recife. A riqueza da história do Sítio será contada no minilivro ilustrado "Águas de axé", de Raul Lody, que será distribuído gratuitamente aos visitantes.

KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO
Exposição 'Recife Nagô – Imagens e histórias do Ilê Oba Ogunté por Manoel Papai, Mateus Sá e Pierre Verger', no Museu da Cidade do Recife - KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO
KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO
Exposição 'Recife Nagô – Imagens e histórias do Ilê Oba Ogunté por Manoel Papai, Mateus Sá e Pierre Verger', no Museu da Cidade do Recife - KAYO NA REAL/DIVULGAÇÃO

Além das fotos de Mateus Sá e Pierre Verger, a exposição vai exibir imagens do dia em que o terreiro foi tombado com a presença de Manoel Papai, Tia Mãezinha, Waldemar Valente, Fernando Freyre, Francisco Bandeira de Melo e Raul Lody; livros sobre o Sítio de Pai Adão, como "Pessoas, coisas & animais", de Gilberto Freyre, e "Enciclopédia negra: biografias afro-brasileiras", de Flávio dos Santos Gomes, Jaime Lauriano e Lilia Moritz Schwarcz.

Além das fotos e dos livros, os visitantes poderão assistir a um vídeo com trechos da entrevista de Manoel Papai para a Fundação Joaquim Nabuco, contando a história e a importância do Ilê Obá Ogunté – Sítio de Pai Adão para a cultura brasileira.

Visitação

Nesta quarta-feira (13), de manhã e tarde, quando ocorrerá uma de contação de histórias sobre o Sítio e a cultura Nagô com a professora Adélia Oliveira, com a participação de alunos da Escola Municipal Poeta Solano Trindade, localizada próximo ao Sitio de Pai Adão, em Água Fria.

Para a professora, a presença dos alunos no local é uma oportunidade de sensibilizar quanto à necessidade de respeitar a cultura afro. "O momento no Museu será uma experiência ímpar na vida desses alunos, que poderão conhecer e vivenciar de perto a história do Sitio de Pai Adão de forma didática, contribuindo para preservação da cultura Nagô", enfatiza Adélia.

A exposição é uma realização da Janela Gestão de Projetos – Dida Maia e Fernanda Ferrario e conta com o incentivo cultural do Sistema de Incentivo à Cultura (SIC), da Prefeitura da Cidade do Recife.

SERVIÇO
Exposição "Recife Nagô – Imagens e histórias do Ilê Oba Ogunté por Manoel Papai, Mateus Sá e Pierre Verger"
Visitação: até 31 de janeiro, de quarta a sexta, das 10h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 16h
Onde: Museu da Cidade do Recife (Praça das Cinco Pontas, s/n, São José, Recife - PE)

Tags

Autor