ARTES VISUAIS

Mulheres negras do século 19 viram pinturas digitais em exposição no Engenho Massangana

Artista visual Amanda de Souza, autora do projeto, também lança uma pocket-série para falar do processo criativo da exposição 'A sua casa não tem porta e nem janela'

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Emannuel Bento

Publicado em 18/01/2024 às 17:26 | Atualizado em 19/01/2024 às 12:39
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Retratos de mulheres negras fotografados em meados do século 19 e do começo do século 20, recentemente digitalizados no acervo do Centro de Estudos da História Brasileira (Cehibra), da Fundação Joaquim Nabuco, receberam intervenções de pintura digital pelas mãos da artista Amanda de Souza.

Em sete obras, ela adicionou elementos da Jurema Sagrada - religião afro-brasileira da qual é praticante. O resultado está exposto na Capela do Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho, equipamento cultural da Fundaj. O convite foi feito por Henrique Cruz, da instituição federal.

"As mulheres cujo retratos foram extraídos desse acervo não têm registro dos seus nomes. Além disso, a maioria delas era ama de leite. Nesse meu trabalho eu procurei subverter a imagem e o significado disso. Para mim, isso é usar a tecnologia à serviço da tradição", explica Amanda de Souza.

Série

A repercussão positiva da exposição rendeu uma pocket série em três episódios, que será exibido nas redes sociais. Com lançamento previsto para os próximos dias, os vídeos abordarão o processo de criação das pinturas, desde a escolha dos retratos, passando pelas intervenções digitais até a importância social da peças.

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Ate digital da exposição 'A sua casa não tem porta e nem janela', de Amanda de Souza - DIVULGAÇÃO
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Ate digital da exposição 'A sua casa não tem porta e nem janela', de Amanda de Souza - DIVULGAÇÃO
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Ate digital da exposição 'A sua casa não tem porta e nem janela', de Amanda de Souza - DIVULGAÇÃO
HENRIQUE SILVA/DIVULGAÇÃO
Amanda de Souza, artista visual responsável pela exposição 'A sua casa não tem porta e nem janela' - HENRIQUE SILVA/DIVULGAÇÃO

A pocket série, dirigida por Henrique Silva, será exibida em 3 episódios semanais. Para acompanhar o lançamento basta seguir a artista no Instagram @desouzza.amanda.

O Engenho

O Engenho Massangana, que comporta o Parque Nacional da Abolição, é vinculado ao Museu do Homem do Nordeste.

Com a sua ligação ao passado escravista açucareiro do Estado, o prédio, que foi casa do abolicionista Joaquim Nabuco, tem recebido diversas exposições que celebram a cultura afro-brasileira, em uma espécie de ressignificação do espaço.

Em 2022, o equipamento foi reinaugurado com "Masanganu: Memórias Negras", com curadoria de Victor Carvalho e Henrique de Vasconcelos Cruz, "Jeff Alan: Pra Deixar de Ser 'Pra Inglês Ver'", do badalado artista plástico recifense.

Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho / Divulgação
O Engenho Massangana - Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho / Divulgação
FUNDAJ/DIVULGAÇÃO
Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho - FUNDAJ/DIVULGAÇÃO
FUNDAJ/DIVULGAÇÃO
Engenho Massangana, no Cabo de Santo Agostinho - FUNDAJ/DIVULGAÇÃO

O conjunto arquitetônico, formado pela casa-grande, senzala e templo religioso - a Capela de São Mateus, onde Nabuco foi batizado -, abriga hoje um centro cultural e museológico, que conta com a exposição permanente "Nabuco e Massangana: o tempo revisitado". Além das visitas espontâneas, o Parque Nacional da Abolição recebe estudantes para programas educativos.

Em maio de 2023, o Massangana recebeu técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para avaliar seu tombamento federal.

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