Sinagoga Kahal Zur sedia exposição inédita sobre papel dos judeus na formação de Nova York
"De Recife para Nova York: essa história começou aqui", com curadoria de Daniela Levy, fica em cartaz até 30 de abril
Quem conhece um pouco da história do Recife com certeza já ouviu que "os judeus saíram daqui para fundar Nova York". A curiosa premissa não é mania de grandeza, como bem mostra a exposição inédita "De Recife para Nova York: essa história começou aqui", em cartaz na Sinagoga Kahal Zur Israel, no Bairro do Recife, em cartaz a partir deste domingo (25).
São cerca de 37 imagens e objetos que destacam a chegada dos judeus na colônia holandesa no Brasil, a formação da comunidade judaica no Recife e seu grande desenvolvimento, a saída depois da reconquista portuguesa, além da atribulada viagem para a América do Norte e, por fim, a colonização de Nova York.
A exposição é promovida pela Federação Israelita de Pernambuco (Fipe) e fica em cartaz até o dia 30 de abril na Sinagoga com funcionamento de terça à sexta, das 9h às 17hs, e aos domingos, das 14h às 18hs.
O acesso é mediante o ingresso para visitação do museu, que estará com seu acervo habitual, no valor de R$ 40 inteira e R$ 20 meia entrada para estudantes, idosos, professores, pessoas com deficiência e acompanhante, policiais e doadores de sangue e medula óssea. Mais informações podem ser obtidas no (81) 98279-9802 ou através do e-mail: fipe.sec@israelita.org.br.
Curadoria
A montagem tem curadoria assinada pela historiadora paulista Daniela Levy, e foi concebida especialmente para ocupar o espaço da Sinagoga Kahal Zur Israel, a primeira das Américas. O trabalho é baseado no seu livro De Recife para Manhattan: os judeus na formação de Nova York, lançado em 2018 pela Editora Planeta.
A obra é resultado de mais de 10 anos de pesquisas da historiadora em arquivos do Brasil, dos EUA e de Israel, e narra uma epopéia passada em 1654, onde um grupo com 23 judeus, entre homens, mulheres e crianças, deixaram a cidade do Recife em busca de uma nova terra. Após 24 anos de domínio holandês, Portugal recuperou a colônia da região de Pernambuco, expulsando os holandeses e judeus que lá haviam se estabelecido.
Do Recife à Nova York
Com a Restauração Pernambucana, os judeus do Recife foram obrigados a procurar um novo lar. Lançados ao mar, o destino os guiou para uma nova terra, repleta de perigos e desafios. Foi na luta pela sobrevivência que eles se tornaram pioneiros na colonização de Nova York.
Colaboraram com o desenvolvimento, então incipiente, do comércio, com a organização inicial do mercado financeiro, a construção de modernos hospitais, a luta pela emancipação política, a formação de renomadas universidades e centros culturais. Os judeus do Brasil contribuíram muito para que Nova York fosse hoje a capital do mundo. Tanto é que a cidade ergueu um monumento aos chamados Jewish Pilgrim Fathers.
"É para contar esta história fascinante e pouco conhecida que não foi contada pelos livros tradicionais de História, que a exposição aportou no Recife", revela a curadora Daniela Levy. O conteúdo impresso em tecido foi a forma definida para ocupar o edifício tombado com o mínimo de interferência possível e o máximo de atração para o público que visita o centro e a Sinagoga.
A Sinagoga
A Kahal Zur Israel (Congregação Rochedo de Israel) foi a primeira sinagoga das Américas. Funcionou em Pernambuco durante o período de dominação holandesa (1630 a 1657) quando emigraram para o Recife judeus sefarditas de origem portuguesa, refugiados nos Países Baixos, que vieram para a então colônia holandesa atraídos pela liberdade de culto religioso, reinaugurada em 2002. A exposição contará com a sonorização de músicas da cantora e compositora Fortuna, uma brasileira de origem judaica.