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Maurício Arraes atualiza perspectiva artística em nova exposição na Arte Plural, no Recife

Mostra 'Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida' resgata uma frase de José Cláudio para

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Emannuel Bento

Publicado em 13/03/2024 às 16:19 | Atualizado em 13/03/2024 às 16:20
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"Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida". A frase é de José Cláudio, pintor que também foi grande crítico de arte e escritor, em texto crítico sobre uma mostra de Maurício Arraes. Na ocasião, o artista vivia os seus dos primeiros anos da inserção no campo das artes.

Tratava-se de uma mostra no lobby do icônico Hotel Nacional, no Rio de Janeiro, em 1981. Após o falecimento de Cláudio em dezembro, o trecho foi resgatado para dar nome à nova exposição de Arraes, em cartaz na Arte Plural Galeria (APG), no Bairro do Recife, a partir da quinta-feira (4).

"Não se trata de uma homenagem a José Cláudio, mas de uma atualização, também, da verve da escrita crítica do artista recém falecido", diz a curadora e pesquisadora Joana D'Arc Lima.

"Para Maurício Arraes, a frase que dá nome à exposição faz referência a maneira crua e de perto ou de dentro como a realidade é apreendida e pintada", continua. O funcionamento da galeria é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h; e no sábado das 14h às 18h.

Obras

GUSTAVO BETTINI/DIVULGAÇÃO
Obra de Maurício Arraes da exposição 'Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida', na Arte Plural - GUSTAVO BETTINI/DIVULGAÇÃO

Na mostra, a frase é usada para atualizar um conjunto de trabalhos que transpassam a complexidade, o imponderável e a simplicidade da vida. São 36 trabalhos em telas e pinturas em papel, inclusive um trabalho desenvolvido quando Maurício estava na Argélia - país em que seu pai, Miguel Arraes, foi exilado durante parte do regime militar.

Outras obras foram produzidas quando o artista morou em Paris. As telas transportam o visitante por um passeio por ruas, praças, bares, botecos e outros espaço tanto públicos como privados, onde o artista andou ou imaginou os recriando.

Processo de criação

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Obra de Maurício Arraes da exposição 'Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida', na Arte Plural - GUSTAVO BETTINI/DIVULGAÇÃO

As telas carregam uma certa atmosfera do sensível, inspirando a criação de muitas histórias. "O corpo é colocado o tempo todo dentro da narrativa visual, seja numa escala menor, em último plano, quando na paisagem um objeto encena a cena (bicicleta), ou quando o assume o protagonismo da cena, adentrando de corpo todo o plano principal da narrativa histórica", diz D'Arc.

Outro ponto que ela ressalta é o processo de criação do artista. "É cinematográfico. Ele capta imagens de suas experiências de deambulações por espaços públicos, recorta existências, por meio de cenas/flagrantes de uma condição humana banal, ordinária, às vezes imperceptível aos nossos olhos, sendo, portanto, reconhecíveis por nós quando se tornam imagens pictórica", completa.

Cidades invisíveis

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Obra de Maurício Arraes da exposição 'Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida', na Arte Plural - GUSTAVO BETTINI/DIVULGAÇÃO

"Podemos afirmar que estamos diante de raridades no conjunto da obra deste artista", diz a curadora, ressaltando que cada visitante, a seu modo, pode participar das cenas como um possível voyeur nessas "cidades invisíveis".

"José Cláudio, poeticamente nos dá a ver o que talvez seja uma grande permanência no modo de ver e transver o mundo de Maurício Arraes", finaliza.

Com uma trajetória de mais de 40 anos dedicados à arte, expôs e participou de salões e coletivas regularmente em várias cidades do Brasil. Produziu também vários trabalhos gráficos e cenários para o teatro e cinema.

SERVIÇO
Exposição "Morder a realidade como um cão danado que descobriu que viu a vida", de Maurício Arraes
Quando: visitação ao público a partir do dia 14.03.2024, no horário de funcionamento - segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 14h às 18h
Onde: Arte Plural Galeria (rua da Moeda, 140, Bairro do Recife)
Quanto: Gratuito

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