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Peça faz crítica feminina a texto de Hermilo Borba Filho, no Recife

Três atrizes provocam questões que envolvem o universo feminino e a relação com a terra, a partir do texto "João Sem Terra"; sessões ocorrem da quinta-feira (9) ao domingo (12)

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Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 07/05/2024 às 11:41 | Atualizado em 07/05/2024 às 20:56
Notícia

A partir de uma visão crítica e feminina sobre o texto "João Sem Terra", de Hermilo Borba Filho, o espetáculo "O Estopim Dourado" fará sua estreia no palco do Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife, na quinta (9) e sexta-feira (10), às 20h, e no sábado (11) e domingo (12), às 19h. A entrada é gratuita.

O espetáculo faz uma releitura de um texto escrito por um homem sobre um outro homem e suas terras, a partir do ponto de vista de três mulheres.

No enredo, um acontecimento levanta questionamentos entre as mulheres de uma região que conviviam com um homem apegado à sua terra intocada, mas que mantinha uma conduta questionável com as mulheres de seu convívio.

As três atrizes em cena conectam territórios individuais ao inconsciente coletivo de mulheres, provocando questões sociais e subjetivas que envolvem o universo feminino.

Crítica ao texto original

DÉBORA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO
Atrizes Gardênia Fontes, Taína Veríssimo e Anny Rafaella Ferli encenam a peça "O Estopim Dourado" - DÉBORA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO

O texto original é ambientado em um espaço rural, revelando conflitos familiares, trazendo à tona temas como o uso da terra, preservação ambiental, valorização da natureza, industrialização, assédio, entre outros.

Nesse contexto, Hermilo traz o personagem de João, que deixa explícito, em diversos momentos, o valor que ele dá a seu pedaço de terra, impedindo que ela seja mexida, cultivada, cavada, etc., preocupando-se com as dores que ela sentiria.

Por outro lado, o texto também deixa nítido que toda esta preocupação e cuidado não é destinado às mulheres que permeiam sua vida. É perceptível no texto a objetificação da mulher, sendo esta igualada à terra, mas enquanto posse.

Assim, a pesquisa Terra Corpo Feminino, que culminou no espetáculo "O Estopim Dourado", propõe um contraponto sobre a perspectiva do personagem João acerca das mulheres e da terra.

Pesquisa

DÉBORA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO
Atrizes Gardênia Fontes, Taína Veríssimo e Anny Rafaella Ferli encenam a peça "O Estopim Dourado" - DÉBORA OLIVEIRA/DIVULGAÇÃO

A crítica ao texto de Borba Filho é fundamentada no estudo dos cadernos SELVAGEM de Sandra Benites (Guarani Nhandeva) sobre o conceito de Corpo-território.

"A nossa pesquisa para construção do espetáculo traz o conceito de ‘corpo-território’, base da cultura indígena Guarani, onde o corpo da mulher é compreendido como parte do corpo da terra, a fim de ressignificar as relações que se estabelecem tanto com a terra, quanto com as mulheres", dizem Anny Rafaella Ferli, Gardênia Fontes e Taína Veríssimo.

"A partir dos ensinamentos de Sandra Benites (Guarani Nhandewa), e a narrativa indígena sobre Nhandesy, figura feminina associada à própria terra, é possível trazer para cena um outro entendimento sobre como as mulheres e a terra podem ser vistas", continuam.

"Tendo em vista que Hermilo Borba Filho foi um dramaturgo e diretor que realizou um importante trabalho de inserção e valorização do mamulengo em suas iniciativas teatrais, nós exploramos também em cena a linguagem do mamulengo, realizando uma interlocução entre bonecos e atrizes."

SERVIÇO
"O Estopim Dourado"
Onde: Teatro Hermilo Borba Filho (Cais do Apolo, 142)
Quando: 9 e 10 de maio (20h); 11 e 12 de maio (19h)
Quanto: Entrada gratuita

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