ROMANCE GRÁFICO

Revolucionário negro da Confederação do Equador protagoniza HQ

"Mundurucu na Confederação do Equador", de Paulo Santos, Eloísio Libório Melo e Luciano Félix, mistura história e ficção em romance gráfico

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Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 12/06/2024 às 15:09 | Atualizado em 12/06/2024 às 15:37
Notícia

O jornalista Paulo Santos tem mergulhado na história de Pernambuco e encontrado histórias e personagens bastante intrigantes. Uma dessas descobertas foi Emiliano Felipe Benício, conhecido como Mundurucu, que participou da Confederação do Equador e autor do processo judicial mais antigo em defesa dos direitos dos negros nos EUA, com registro em jornais da época.

Um negro, ativista e revolucionário que circulou entre Pernambuco e EUA, em pleno o século 19, foi uma boa inspiração para um romance gráfico criado por Paulo Santos com Libório Melo e Luciano Félix.

"Mundurucu na Confederação do Equador" será lançado nesta quinta-feira (13), a partir das 19h, na Livraria do Jardim, Boa Vista, no Centro do Recife, com bate-papo aberto ao público.

O layout é do ilustrador, caricaturista e quadrinista Eloísio Libório Melo, falecido em janeiro de 2020, e a arte-final é de Luciano Félix. O título tem patrocínio do Funcultura.

História e ficção

Paulo Santos descobriu Emiliano Mundurucu (sobrenome adotado pelo ativista) e escreveu o roteiro da HQ há cerca de 20 anos. "Por falta de tempo e de verba, o projeto ficou na gaveta e só pôde ser finalizado agora", comenta o autor, também responsável pelo sucesso "A Noiva da Revolução" (Boitempo, 2007) e pela "HQ 1817: Amor e Revolução" (Cepe HQ, 2017), ambientados na Revolução Pernambucana.

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Capa do romance gráfico "Mundurucu na Confederação do Equador", de Paulo Santos, Libório Melo e Luciano Félix - CEPE/DIVULGAÇÃO

Mundurucu foi comandante do Regimento Montabrechas, formado por homens pardos (na época, as tropas eram constituídas de acordo com a cor da pele: brancos, negros ou pardos). Como as informações sobre ele são escassas, Santos idealizou uma biografia, cruzando a sua vida com a do frei Joaquim do Amor Divino Rabelo, o popular frei Caneca.

No enredo, o major Mundurucu é incumbido por frei Caneca de cumprir uma missão secreta, enquanto é ferozmente perseguido pelas tropas imperiais que ocupavam Pernambuco. Ao criar "peripécias fictícias" do livro, Santos estabelece diálogo entre a história e a contemporaneidade. "Apesar disso, a tentativa de expulsar os brancos de Pernambuco e as atividades nos EUA são reais", reforça.

Ativismo

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Arte do romance gráfico "Mundurucu na Confederação do Equador, de Paulo Santos, Libório Melo e Luciano Félix - CEPE/DIVULGAÇÃO
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Arte do romance gráfico "Mundurucu na Confederação do Equador, de Paulo Santos, Libório Melo e Luciano Félix - CEPE/DIVULGAÇÃO

Mundurucu é autor do processo judicial mais antigo em defesa dos direitos dos negros nos EUA, com registro em jornais da época. A ação foi movida em 1833 contra o capitão de um navio no qual ele viajava com a esposa e a filha pequena, após serem vítimas de preconceito racial.

"Abolicionista radical, liderou um movimento para replicar, aqui, o que aconteceu no Haiti, em fins do século 18, quando os brancos foram todos expulsos pelos negros. Só não conseguiu seu intento porque ocorreu algo absolutamente extraordinário, que é narrado no livro. E, mais adiante, exilado na América do Norte, tornou-se um ícone da luta contra o supremacismo branco, por lá", informa Paulo Santos.

"É um título feito para que os leitores se divirtam enquanto aprendem um bocado de coisas sobre Pernambuco e o Brasil no início do século 19, quando o País, recém-liberto de Portugal, estava em formação. E vai despertar o interesse pela História, Política, Justiça e pelo fim de todos os preconceitos raciais e sociais."

Acessibilidade

O livro, com ferramenta de audiodescrição, é acessível para pessoas cegas. O trabalho foi desenvolvido pela empresa Com Acessibilidade, por Sílvia Albuquerque, Liliana Tavares, Michele Alheiros e Edson Amorim.

SERVIÇO
Lançamento de Mundurucu na Confederação do Equador, com bate-papo entre Paulo Santos, Luciano Félix, o jornalista e escritor Homero Fonseca, o historiador George Cabral e Liliane Tavares
Quando: quinta-feira (13/09), das 19 às 21h
Onde: Livraria do Jardim (Avenida Manoel Borba, 292, Boa Vista)
Quanto: Entrada gratuita
Preço do livro: R$ 70 (impresso) e R$ 35 (e-book)

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