IMORTAL

Lilia Schwarcz toma posse como imortal da Academia Brasileira de Letras

A antropóloga foi eleita em março deste ano para ocupar a 9º cadeira da ABL, que pertenceu ao historiador Alberto da Costa e Silva

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JC

Publicado em 16/06/2024 às 19:14 | Atualizado em 16/06/2024 às 19:14
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Na última sexta-feira, dia 14, a antropóloga e historiadora Lilia Moritz Schwarcz tomou posse na Academia Brasileira de Letras (ABL), onde ocupará a cadeira número 9, que pertenceu ao historiador especializado em cultura africana Alberto da Costa e Silva até seu falecimento, no ano passado.

Lilia Schwarcz é a 11ª mulher a integrar a ABL desde sua fundação, em 1897, escolhida por 24 dos 38 intelectuais aptos a participar da votação. Na composição atual, a academia conta com 40 "imortais" - 35 homens e cinco mulheres.

No discurso de posse, Lilia homenageou seu antecessor, Alberto da Costa e Silva. "Ele que era, para mim, uma espécie de pai ancestral. Seu legado é a boa diplomacia feita do diálogo, e da luta intransigente ao lado de populações que ficaram séculos sem direito a terem direitos básicos: como educação, saúde, segurança e memória", disse.

A historiadora também destacou a discrepância entre o número de mulheres e homens na academia. "Nós somos maioria nesse país, mas somos uma maioria minorizada na representação e representação não é só poder, representação é verdade, é conhecimento, então acho que o papel das mulheres é fundamental pra destacar que nós queremos mesmo é igualdade. Igualdade com diferença", afirmou Lilia.

Na ABL, há uma tradição de preencher cadeiras vagas com acadêmicos cujo perfil se assemelha ao de seus antecessores. Assim como Alberto, Lilia estuda o movimento negro, a igualdade racial e a herança africana na cultura brasileira.

No dia de sua eleição, Lilia declarou: “Começamos a conversar faz quase 30 anos e nunca mais paramos. Alberto virou meu conselheiro, meu braço direito e esquerdo, meu incentivador mais bondoso e também um crítico severo. Compartilhamos artigos, livros, coleções, entrevistas e uma vida de trocas intelectuais e afetivas”.

Lilia Schwarcz é graduada em História e doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo, onde leciona atualmente no Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

A antropóloga também atua como professora convidada na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, e é cofundadora – com seu marido, o editor Luís Schwarcz – da Companhia das Letras. Seu trabalho e pesquisas têm como foco as estruturas raciais e formação da identidade nacional brasileira, abordando temas como o racismo, a escravidão e o período imperial do Brasil de forma crítica.

Ela também é membro do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan e do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da República.

Além de seus trabalhos como professora e pesquisadora, Schwarcz publicou mais de 30 livros em sua carreira. Dentre eles, destacam-se: As Barbas do Imperador: D. Pedro II, um Monarca nos Trópicos, publicado em 1998 e vencedor do Prêmio Jabuti de Livro do Ano de Não Ficção em 1999; O Sol do Brasil, biografia do pintor francês Nicolas-Antoine Taunay, que venceu o Prêmio Jabuti na categoria Biografia em 2009; e Batalha do Avaí, vencedor do Prêmio ABL de História e Ciências Sociais em 2014.

Lilia Schwarcz se juntará a Rosiska Darcy de Oliveira, Ana Maria Machado, Fernanda Montenegro e Heloisa Teixeira para compor a presença feminina na Academia.

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