Exposição de Gustavo Magalhães, com obras que ressignificam materiais 'precários', chega ao Recife
Mostra "Fusão" reúne 40 obras expostas suspensas, permitindo que o público tenha experiência completa por todos os ângulos - e não apenas uma imagem
O artista visual paranaense Gustavo Magalhães tem se destacado por uma produção que se afasta da pintura tradicional. Ele propõe uma "fusão" entre imagens e suportes de diferentes materialidades, como madeiras, papéis e tecidos, dando origem a um tipo de obra que pode ser apreciada de qualquer ângulo.
"Fusão" também é o título da sua exposição, que chega ao Recife a partir desta quarta-feira (25), na Caixa Cultural. A mostra fica em cartaz até 1º de setembro, com curadoria de Ayala Prazeres.
Ao propor uma nova perspectiva para a arte, a iniciativa também coloca a sustentabilidade em foco, visto que os materiais utilizados são de descarte ou fruto de doações.
Início pela 'necessidade'
"Tudo começou, em um primeiro momento, pela necessidade. Eu não tinha muito espaço na minha casa, nem verba para conseguir material artístico e percebi que muita coisa na rua poderia ser usada para suporte na pintura", diz Gustavo Magalhães, ao JC.
"Percebi como essa materialidade interessava à cultura e me aprofundei nisso. Tenho usado esses materiais mais 'precários' para suporte em minhas pinturas. Para curadoria das imagens que compõem as obras, levo em consideração questões do campo da pintura, como cor e composição, elementos semióticos e a possibilidade de reconfigurar e atribuir outros sentidos e significados.”
Paisagem suspensa
Na Caixa Cultural Recife, serão reunidas 40 obras expostas suspensas, permitindo que o público tenha acesso à frente e ao verso. Outra proposta que quebra com padrões de muitas exposições é a ausência de um "começo, meio e fim".
A curadoria propõe uma paisagem suspensa para que as pessoas tenham uma experiência completa por todos os ângulos das obras e não apenas da imagem.
"Com isso, criamos um outro movimento no espaço, uma nova fruição não estabelecida, uma nova coreografia dos corpos em uma paisagem suspensa", diz a curadora Ayala Prazeres.
"Adaptamos a exposição para o espaço da Caixa Cultural Recife. No Rio de Janeiro, tínhamos mais trabalhos suspensos. Dessa vez, tivemos de diminuir a suspensão e adicionar paredes. A questão tratada pela mostra continua sendo a mesma", diz Magalhães.
Processo criativo
Natural de Goioerê, o artista produz no campo da Pintura desde 2013. É formado em Licenciatura em Artes Visuais pela FAP/UNESPAR e atualmente é mestrando do PPGAV/UNESPAR.
As suas obras dialogam com a historiografia da arte e questões próprias da linguagem da pintura, inspirando leituras sobre raça, identidade e materialidade, por exemplo. Apesar disso, o artista destaca que o conjunto de obras escolhido para a exposição não tem um "tema" específico a ser seguido. "Esse é o meu processo criativo, entre imagens e coletas de suportes", explica.
"A escolha dos temas das obras se dá de forma orgânica. Tudo o que eu faço tem um pouco de mim, de coisas que me interessam, das coisas que consumo. Não me prendo a temáticas específicas, como questões sociais, por exemplo. De certa forma essas coisas aparecem no meu trabalho, mas não são protagonistas", enfatiza.
Oficina
A abertura da exposição "Fusão" é gratuita e ocorre no dia 25 de junho, a partir das 19h, com visita guiada pela curadora e pelo artista, e lançamento do catálogo impresso. No dia 26 de junho, das 14h às 18h, Gustavo Magalhães também ministra uma oficina gratuita de pintura. As vagas são limitadas e os interessados devem se inscrever através do site caixacultural.gov.br
SERVIÇO
Exposição "Fusão", de Gustavo Magalhães
Onde: CAIXA Cultural Recife (Avenida Alfredo Lisboa, 505)
Quando: A partir de 25 de junho até 01 de setembro de 2024
Horário: de terça a sábado, das 10h às 20h, e domingos das 10h às 17h
Informações: (81) 3425-1915