17ª Semana Estadual do Patrimônio Cultural de Pernambuco titula Patrimônios Vivos
Além das ações realizadas por entes governamentais, evento reúne iniciativas promovidas por indivíduos, instituições e coletivos da sociedade civil
Foi dado início à 17ª Semana Estadual do Patrimônio Cultural de Pernambuco, realizada pelo Governo de Pernambuco, por meio da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE). Neste ano, a programação conta com mais de 200 ações, realizadas em 38 municípios de todas as Regiões de Desenvolvimento do Estado.
A cerimônia de abertura, que aconteceu na tarde desta segunda-feira (12), no Museu Cais do Sertão, no Bairro do Recife, contou com a recepção do Caboclinhos Canindé do Recife. Na ocasião, também foi realizada a entrega do 9º Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco e a titulação dos dez novos Patrimônios Vivos de Pernambuco.
“Nosso compromisso sempre foi voltado para o fortalecimento, manutenção e preservação da nossa cultura material e imaterial. Que quem produz cultura em Pernambuco pudesse ter acesso aos recursos públicos, e neste tema evoluímos muito. Cada cantinho de Pernambuco sabe disso. Temos tratado com muito respeito vocês que fazem a alma e o coração de Pernambuco. É gratificante ver aqui pessoas de 80 anos, que dedicaram sua vida inteira ao grupo e seu movimento cultural, e que conseguem repassar para as novas gerações a riqueza cultural que a gente tem", celebrou a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, durante a solenidade de abertura.
PATRIMÔNIOS VIVOS
Os novos Patrimônios Vivos de Pernambuco são: Benedito Belo da Silva - Benedito da Macuca (forró, Olinda); Caboclos Cahetes de Goiana (caboclinho, Goiana); Clube Carnavalesco e Cultural Caiporas de Pesqueira - Caiporas de Pesqueira (clube carnavalesco, Pesqueira); Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas de Olinda - Clube Vassourinhas de Olinda (clube carnavalesco, Olinda); Francisco Vicente Nogueira - Chico Santeiro (artesanato, Triunfo); Índios Tabajaras (tribo de índio, Goiana); João Antônio da Silva - João Limoeiro (ciranda, Carpina); João Luiz de Santana - João de Cordeira (mestre em caboclinho, João Alfredo); Quadrilha Raio de Sol (quadrilha junina, Olinda); e Sociedade Musical Pedra Preta (banda filarmônica, Itambé).
SEMANA DO PATRIMÔNIO
A indissociável relação entre patrimônio cultural e território reforça a importância de se (re)interpretar os instrumentos normativos de reconhecimento e gestão do patrimônio cultural a partir do pertencimento e autogestão daquilo que, sendo parte do patrimônio local, é construído e mantido comunitariamente. Além disso, deve-se fazer compreender (diante da diversidade cultural do Estado de Pernambuco) como a preservação dos patrimônios culturais está intimamente ligada a processos educacionais que exercem um papel orientador sobre princípios e valores existentes no universo dos saberes tradicionais, religiosos, dos ofícios, das práticas cotidianas, da zeladoria dos lugares, da fruição dos espaços públicos e das paisagens culturais, entre outros.
Com o tema Educação, Território e Participação Social: Interfaces da Preservação do Patrimônio Cultural, a programação principal, que acontece até este sábado (17), tem por objetivo destacar a relevância dos diferentes processos educativos, da participação social e gestão compartilhada na proteção e salvaguarda dos patrimônios culturais em diversos territórios pernambucanos.
"Uma das ações desta 17ª Semana do Patrimônio é a realização do Seminário de Educação Patrimonial que, pela primeira vez, é realizado de forma descentralizada, em Caruaru. E conta com a participação de professores e professoras de todas Regionais de Educação do Estado", destaca Flávio Barbosa, assessor de Gestão e coordenador do evento.
"Ações como essa têm o papel de reverberação do tema da Semana, que é Educação, Território e Participação Social", acrescenta a presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Renata Borba. "Ou seja, permite chegar a mais territórios, envolvendo mais entes relacionados com a educação, e incentivando cada vez mais as pessoas a participarem da preservação do patrimônio cultural."
Em seu escopo o evento traz para a discussão a emergência da valorização (no campo do patrimônio) dos saberes das comunidades tradicionais, das tradições orais, dos saberes de artífices, de mestres e mestras, da relação das religiosidades e ofícios com o meio ambiente e natureza; bem como elucidar experiências acadêmicas, de entes representativos, e de arranjos coletivos de participação social no mapeamento, gestão, zeladoria e continuidade dos bens culturais.
As comunidades ganham centralidade diante de seu papel estruturante por se vincular aos territórios e promover temas e conteúdos que evidenciam o direito à memória e à valorização das diferenças para a visibilidade desses conhecimentos e patrimônios culturais. Em paralelo, os coletivos organizados se dedicam a promover a gestão e manutenção, em âmbito local, territorial e regional, de lugares, formas de expressões, saberes, liturgias, elementos construídos, biomas, ambientes naturais, obras de artes, documentos, etc., exercendo um papel de aliado, por compartilhar com o Estado a tarefa de preservar o patrimônio cultural em suas múltiplas dimensões.